Gnosticismo

Os perigos do Gnosticismo

“Uma ideologia que autoalimenta-se e torna-se ainda mais cega”.

Os perigos do gnosticismo

Não é de hoje que o Gnosticismo se mostra como uma grande ameaça à nossa alma! Surgido desde séculos remotos, sua “função” é espalhar de modo sedutor o erro.
Pode-se resumir que quando falamos de Gnosticismo, estamos falando de uma ideologia que tem como centralidade a “busca da salvação por meio do conhecimento”. Já no início do cristianismo, o gnosticismo floresceu em meio à alguns cristãos, porém, o modo como eles queriam chegar a Verdade de Cristo, por meio do gnosticismo, se mostrava completamente equivocada.
Praticamente em toda a história da Igreja a ideologia gnóstica se fez presente com seus erros, e nos tempos atuais não é diferente! O Papa Francisco em sua Exortação Apostólica Gaudete Et Exsultate destaca o que ele chama de “Gnosticismo Atual“, e lança luzes sobre a realidade ao nosso redor.

Num primeiro momento, olhado de modo geral, o gnosticismo aparenta ser algo bom e útil, afinal, o que ele “demonstra querer” é fazer com que chequemos ao conhecimento da verdade. E para que conheçamos esta verdade ele quer inserir em nós uma “série de raciocínios e conhecimentos que supostamente confortam e iluminam, mas, em ultima instância, a pessoa fica enclausurada na imanência da sua própria razão ou dos seus sentimentos“.
Estas séries de raciocínios lógicos, teóricos, muitas vezes fechado no subjetivismo, se utilizando de um certo sofismo, é utilizado para que se messa o grau de perfeição das pessoas. O gnosticismo é sedutor, pois no fundo ele é um tipo de tentação do Éden, tem suas raízes na queda do homem, onde ludibriados e seduzidos, Adão e Eva adentram na escuridão pelo proposta do “sereis como Deus, conhecedores do bem e do mal“. A tentação do conhecimento, do orgulho, e da soberba!
A sensação da obtenção do conhecimento é realmente sedutora! Parece que quanto mais se conhece, mais se quer conhecer! É um tipo de “fonte insaciável, e como o Papa Francisco mesmo diz, é uma “ideologia que autoalimenta-se“! O conhecimento em si não é algo ruim, afinal é o próprio Cristo que diz: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8, 32). Mas o perigo do gnosticismo é a falsa sensação que ele gera nas pessoas de que, aquele aglomerado de conhecimento está o colocando no caminho da santidade, no caminho do Transcendente, no caminho da purificação verdadeira!
O gnosticismo nos leva á um tipo de vaidade intelectual! Há muito conhecimento à superfície da mente, porém, não se move para o interior, para o coração, gerando um movimento de mudança no comportamento, de resposta à vida do Alto! Sabe-se de datas, dados históricos, se conhece doutrinas, há uma habilidade e domínio da língua e da comunicação; porém estagnado às realidades da razão.
Diz o Papa Francisco que o gnosticismo “consegue subjugar alguns com o seu fascínio enganador, porque o equilíbrio gnóstico é formal e supostamente asséptico, podendo assumir o aspecto de uma certa harmonia ou de uma ordem que tudo abrange.
No fundo o que o Papa está dizendo é que o gnosticismo gera em quem” vê de fora”, uma sensação de aquela pessoa está em completa harmonia e ordem com a sua própria vida, um tipo de domínio sobre seu próprio existir, uma certeza de aquela pessoa “sabe o que esta realmente fazendo”. O Papa Francisco ainda é enfático quando afirma que o perigo do gnosticismo pode acontecer em todos os ambientes e pessoas, inclusive dentro da própria Igreja, o que historicamente é provado.
Continua o Papa Francisco: “Com efeito, também é típico dos gnósticos crer que eles, com suas explicações, podem tornar perfeitamente compreensível toda a fé e todo o Evangelho. Absolutizam as suas teorias e obrigam os outros a submeter-se aos raciocínios que eles usam. Uma coisa é o uso saudável e humilde da razão para refletir sobre o ensinamento teológico e moral do Evangelho, outra coisa é pretender reduzir o ensinamento de Jesus a uma lógica fria e dura que procura dominar tudo.

São Boaventura nos ensina que por vezes “é necessário que se deixem todas as operações intelectivas e que o ápice mais sublime do amor seja transferido e transformado totalmente em Deus“, e que para que isto aconteça, “nada pode a natureza e pouco a ciência, e é preciso dar pouca importância à indagação, e muita importância à unção espiritual; pouca à língua e muita a alegria interior; pouca à palavra e aos livros e toda ao dom de Deus, isto é, ao Espírito Santo.
O gnosticismo rejeita o mistério! Quer tudo explicar racionalmente! Engessa o mover livre do Espírito Santo nas almas, e isso é um perigo!
Continuemos com o que nos fala o Papa Francisco: “O gnosticismo é uma das piores ideologias, pois, ao mesmo tempo que exalta indevidamente o conhecimento ou uma determinada experiência, considera que a sua própria visão da realidade seja a perfeição. Assim, talvez sem se aperceber, esta ideologia autoalimenta-se e torna-se ainda mais cega. Por vezes, torna-se particularmente enganadora, quando se disfarça de espiritualidade desencarnada. Com efeito, o gnosticismo, “por sua natureza, quer domesticar o mistério”, tanto o mistério de Deus e de sua graça, como o mistério da vida dos outros.
Quando alguém tem resposta para todas as perguntas, demonstra que não está no bom caminho e é possível que seja um falso profeta, que usa da religião para seu beneficio, ao serviço das próprias lucubrações psicológicas e mentais. […] Quem quer tudo claro e seguro, pretende dominar a transcendência de Deus.

Percebam que a coisa acontece de modo muito sútil, não é tão simples identificar! Os gnósticos são racionalistas, são deterministas, acreditam que têm a capacidade de olhar para uma vida humana que talvez aos nossos olhos seja um desastre, e subjuga-las ao inferno; pois a sua racionalidade e conhecimentos teóricos não é capaz de enxergar uma ação Divina na vida daquelas pessoas! O rigorismo é maior que a misericórdia e que o mistério! E porque estas realidades não podem ser entendidas por estas mentes, eles a rejeitam, porque não conseguem controlar o mistério! Ninguém controla o mistério de Deus! O rigorismo dos gnósticos com seus “argumentos teológicos” tendem a exercer um tipo de “controle” sobre a vida dos outros!
Mas entendam bem aqueles que estão me lendo neste momento! O conhecimento não é algo ruim, não é algo mal; e deve sim ser incentivado e praticado por nós! Não quero que pensem que seja necessário ou incentivada a cultura da burrice; certamente não! Mas o conhecimento adquirido precisa ter uma finalidade em nosso interior e em nossas vidas! O conhecimento precisa nos transformar cada vez mais na imagem do Cristo! O conhecimento precisa nos lançar cada vez mais ao trabalho e ao amor ao próximo, e jamais numa posição de superioridade!
Veja a vida dos grandes santos que foram altamente inteligentes e estudiosos! Vejam a vida de Santo Tomás de Aquino, Santo Agostinho, Santa Catarina de Sena, São Boaventura e mais atualmente não podemos esquecer um dos maiores teólogos ainda vivos, o Papa Emérito Bento XVI! Que inteligência deste homem, que conhecimento!
É o próprio Papa Francisco que afirma: “Teologia e Santidade são um binômio inseparável.“. Inseparáveis sim, porém unidas, unificadas!

Uma das realidades que percebi e que é necessário uma certa atenção, decorre no perigo do muito conhecimento nos afastar de uma verdadeira vida espiritual. Racionalizar, intelectualizar, pode engessar o dinamismo da nossa vida no Espírito!
Destaco o que São Francisco de Assis escreveu a Santo Antônio de Lisboa, ao ver que seus discípulos estavam ensinando a doutrina à outros. Assim escreveu São Francisco:
Apraz-me que interpreteis aos demais frades a sagrada teologia, contanto que este estudo não apague neles o espírito da santa oração e devoção“.
Este é o cuidado que todos nós devemos ter, não “transformar a experiência cristã em um conjunto de especulações mentais, que acabam por nos afastar do frescor do Evangelho“.
Notem que nos tempos atuais há surgido um “movimento” de intelectuais em nosso meio, e isso é bom e necessário; mas ao mesmo tempo é necessário o discernimento dos espíritos, para que não sejamos confundidos e nos afastemos do essencial. Um psiquiatra, amigo meu, afirmou este dias uma realidade: “A vida intelectual desconectada da caridade, ela se torna, ao final das contas, uma alegoria diabólica.
Nem todos são chamados à uma vida intelectual; porém, todos nós somos chamados a sermos santos! Então, não desvie-se do seu caminho primordial.
Deixo como sugestão de leitura, a Encíclica do nosso querido São João Paulo II, “Fides et Ratio“, que trata exatamente da Fé e da Razão.

Deus abençoe você!

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Danilo Gesualdo é membro da Comunidade Canção Nova e atua junto ao Ministério de Cura e Libertação.
Para contato, envie-me um e-mail para:
livresdetodomal@cancaonova.com

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