Bondade, beleza e verdade


Bondade, beleza e verdade são três conceitos fundamentais para a compreensão da realidade e da arte. Eles estão intimamente relacionados entre si e refletem a perfeição de Deus, que é a fonte de todo o ser. Neste texto, desejo explorar como dois grandes pensadores católicos, São Tomás de Aquino e o professor Carlos Nougué, abordaram esses temas em suas obras.

São Tomás de Aquino foi um dos maiores filósofos e teólogos da história, que sintetizou a sabedoria da tradição cristã com a filosofia de Aristóteles. Em sua obra Suma Teológica, ele trata da bondade, da beleza e da verdade como transcendentais, ou seja, propriedades que se aplicam a todo o ser na medida em que é ser.

Para São Tomás, a bondade é a perfeição do ser segundo sua natureza ou essência. Tudo o que existe é bom na medida em que realiza o fim para o qual foi criado por Deus.

Paisagem do pôr do Sol – Foto: @olhardodal

A bondade também implica uma ordem e uma harmonia entre as coisas, que refletem a sabedoria divina.

Além disso, a bondade é desejável e atrativa para a vontade, que busca naturalmente o bem.

A beleza, por sua vez, é a perfeição do ser segundo sua forma ou aparência. Tudo o que existe é belo na medida em que manifesta sua essência de modo visível ou inteligível. A beleza também implica uma proporção e uma clareza entre as partes de um todo, que refletem a bondade divina. Além disso, a beleza é aprazível e cativante para o intelecto, que busca naturalmente o belo.

A verdade, por fim, é a perfeição do ser segundo sua relação com o intelecto. Tudo o que existe é verdadeiro na medida em que corresponde à realidade tal como é em si mesma. A verdade também implica uma adequação e uma evidência entre o intelecto e o objeto conhecido, que refletem a veracidade divina. Além disso, a verdade é certa e convincente para o juízo, que busca naturalmente o verdadeiro.

Assim, São Tomás mostra que bondade, beleza e verdade são aspectos diferentes do mesmo ser, que se revelam de modos distintos ao homem. Ele também mostra que esses conceitos estão fundados em Deus, que é o sumo bem, o sumo belo e o sumo verdadeiro.

O professor Carlos Nougué é um dos maiores estudiosos do tomismo no Brasil, que traduziu e comentou diversas obras de São Tomás e de outros autores clássicos. Em seu livro Da Arte do Belo, ele trata da ciência poética, ou seja, da arte como imitação do belo natural. Ele retoma e aprofunda a doutrina de Aristóteles e de São Tomás sobre a arte, sem deixar de levar em conta as contribuições de Platão, Agostinho e Boécio.

Para Nougué, a arte do belo é uma atividade humana racional e livre, que visa produzir obras belas por meio da imitação da natureza. A arte do belo tem como fim último glorificar a Deus, que é o autor da natureza e da graça. A arte do belo também tem como fins próximos deleitar os sentidos e elevar o espírito dos homens.

Ouça a entrevista com o professor Nougué no Spotify

A beleza da arte depende de três propriedades: integridade (a obra deve estar completa em suas partes essenciais), proporção (a obra deve ter harmonia entre suas partes acidentais) e claridade (a obra deve ter luminosidade ou esplendor em sua forma). Essas propriedades refletem as perfeições divinas e naturais.

A bondade da arte depende de três causas: material (a obra deve usar os meios adequados para sua realização), formal (a obra deve ter uma forma determinada pela razão) e final (a obra deve ter um fim conforme à lei natural). Essas causas refletem a ordem divina e natural.

A verdade da arte depende de três modos: verossimilhança (a obra deve representar fielmente os objetos imitados), conveniência (a obra deve respeitar as convenções próprias de cada gênero artístico) e originalidade (a obra deve expressar a personalidade do artista). Esses modos refletem a adequação divina e natural.

Assim, Nougué mostra que bondade, beleza e verdade são critérios fundamentais para avaliar a arte do belo em seus aspectos objetivos e subjetivos. Ele também mostra que esses critérios estão baseados em Deus, que é o modelo supremo da arte do belo.

Portanto, podemos dizer que São Tomás de Aquino e Carlos Nougué nos oferecem uma visão profunda e coerente sobre bondade, beleza e verdade como atributos do ser e da arte. Eles nos convidam a contemplar esses conceitos como reflexos da perfeição divina e como caminhos para nos aproximarmos de Deus.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.