Palavra do Arcebispo


“Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos”. Assim começa a leitura do Evangelho do próximo domingo, o sexto deste tempo pascal, que se encerra no dia 12 de junho, na Solenidade de Pentecostes, com o envio do Espírito Santo de Deus.

Jesus tem insistido bastante, nas leituras desses dias, sobre a obediência aos seus mandamentos. Ele diz que quem acolhe os seus mandamentos e os observa, esse O ama e que se guardarmos os seus mandamentos, permaneceremos no seu amor.

E esclarece que o Seu mandamento é este: “amem-se uns aos outros, assim como eu amei vocês” e completando de forma a não deixar dúvidas: “Não existe amor maior do que dar a vida pelos amigos”. O mesmo encontramos nos escritos de Mateus e Marcos, quando Jesus foi questionado por um fariseu sobre o maior dos mandamentos da Lei, ao que Ele respondeu: “Ame ao Senhor seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma e com todo o seu entendimento. Esse é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: Ame ao seu próximo como a si mesmo. Toda a Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos”.

Nós cristãos e cristãs, que professamos a nossa fé em Jesus Cristo, somos chamados a orientar a nossa vida pelos ensinamentos e testemunho de vida que Ele nos deixou. E isso cabe a qualquer religião, crença ou seita que se diz cristã porque, do contrário, não podemos nos qualificar como seguidores de Jesus Cristo. Às pessoas de boa vontade, que não acreditam em Jesus, cabe, também, orientar as suas vidas pelos princípios básicos do amor gratuito, orientada na ética, na convivência fraterna, na paz e na criação de oportunidade de vida digna para todas as pessoas.

O que tem acontecido nesse nosso planeta, chegando até nossa cidade, é o desrespeito à pessoa humana, que é colocada em segundo plano pela ganância financeira de uns poucos, que insistem em galgar degraus elevados pisando na maioria da população que vive em situação de miséria.

Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida, que orienta a nossa caminhada na busca do bem-comum, na construção de uma sociedade justa, onde todos vivam com a dignidade de Filhos de Deus. Infelizmente, muitos estão se perdendo por outros caminhos que, no início, podem parecer floridos, mas que se tornam espinhosos no seu final.

A sexta-feira passada, dia 20 de maio, ficará marcada na história de Campinas como mais um dia de perplexidade. Não estou aqui pré-julgando quem quer que seja, pois não tenho conhecimento e nem informações necessárias para isso. Todas as pessoas são inocentes até que se prove em contrário, e não culpadas por proveito próprio ou político.

Confesso a vocês que não entendo, partindo da lógica cristã, como pode uma pessoa viver em paz com sua consciência ao desviar recursos públicos para o próprio bolso, enquanto milhões vivem na mais absoluta miséria, sem direito a uma alimentação adequada, sem atendimento médico, sem moradia digna, sem educação básica, enfim, sem ser gente.

É imprescindível que o Ministério Público investigue a fundo todos esses enriquecimentos ilícitos, todos esses esquemas de corrupção, de formação de quadrilha e peculato e que os culpados sejam condenados de acordo com a lei vigente.

Definitivamente, muitos estão insistindo em não obedecer aos mandamentos de Deus.

Dom Bruno Gamberini

Arcebispo Metropolitano de Campinas


Missão da Canção Nova em Paulínia

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