Entenda o que a Igreja ensina sobre o diácono permanente
A nossa Igreja católica possui a graça de ter recebido de Cristo a Palavra e a missão de continuidade da Sua obra salvífica, e isso acontece pela sucessão apostólica. Os apóstolos receberam de Jesus o mandato e a autoridade para santificar, reger e ensinar, isto é, cuidar das “Suas ovelhas”.
Os diáconos apareceram no contexto das Sagradas Escrituras como os primeiros colaboradores dos apóstolos, sendo eleitos sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria para servir a mesa (a Eucaristia na época). Os diáconos foram os primeiros ministros ordinários da Eucaristia, conforme Atos 6,5. Dentre esses diáconos, destacou-se Estevão, que foi o primeiro mártir da Igreja por anunciar a Palavra com destemor, e por isso foi apedrejado. Mas com a perseguição dos cristãos, ocorrendo a diáspora, também o diácono Felipe foi responsável por relevante evangelização dos primeiros cristãos no Oriente, assim como os demais.
Nos séculos posteriores, a Igreja viu a necessidade de ter auxiliares com os quais os Bispos (novos apóstolos) poderiam compartilhar o poder sagrado de “agir em nome de Cristo”, donde foram eleitos e consagrados, e receberam o Sacramento da Ordem os presbíteros, os padres, com a imposição das mãos dos Bispos. Como a ordenação de padres, multiplicou-se nos séculos, o serviço do diácono foi deixado de lado.
O que diz o Concílio Vaticano II sobre o diácono permanente
O Concílio Vaticano II, com a Constituição Dogmática Lumen Gentium, estabelece de forma clara os três graus do Sacramento da Ordem: em primeiro o Bispo; depois o sacerdote, que age pelo poder transmitido pelo Bispo; e, em último, foi restaurado o diácono, que recebe a imposição das mãos para o serviço ministerial, com a tríplice função de serviço à Igreja: Palavra, Liturgia e Caridade.
“Em grau inferior da hierarquia estão os diáconos, aos quais foram impostas as mãos «não em ordem ao sacerdócio, mas ao ministério», pois que, fortalecidos com a graça sacramental, servem o Povo de Deus em união com o Bispo e o seu presbitério, no ministério da Liturgia, da Palavra e da caridade. É próprio do diácono, segundo for cometido pela competente autoridade, administrar solenemente o Batismo, guardar e distribuir a Eucaristia, assistir ao Matrimônio e abençoá-lo em nome da Igreja, levar o viático aos moribundos, ler aos fiéis a Sagrada Escritura, instruir e exortar o povo, presidir ao culto e à oração dos fiéis, administrar os sacramentais, dirigir os ritos do funeral e da sepultura. (Lumen Gentium, 29).
A partir desse marco histórico, muitas dioceses ordenam diáconos para o serviço ministerial, e a Igreja torna-se completa com a presença do Sacramento da Ordem em plenitude: Bispo, Padre e Diácono.
O diaconato tem duas formas de vivência:
1) O diaconato provisório dado a um jovem que deseja ser sacerdote, onde, por este sinal sacramental, ele faz o voto de celibato definitivo, pois para ascender ao presbiterato, o segundo grau da ordem, há a necessidade de ser ordenado pelo primeiro grau: o diaconato. Portanto, todo padre e todo Bispo são, antes de tudo, diáconos da Igreja. Esse sacramento é indelével na vida da pessoa que o recebe.
2) O diaconato permanente é dado a homens casados, de boa reputação e cheios do Espírito Santo, mediante formação teológica e indicação de um sacerdote, aprovação e escrutínio do Bispo e do seu colégio presbiteral, para ser encaminhado e aprovado pelo Vaticano. Após esse processo, é ordenado um diácono permanente, em favor do povo de Deus. “Às diversas Conferências episcopais territoriais competentes cabe decidir, com a aprovação do Sumo Pontífice, se e onde é oportuno instituir tais diáconos para a cura das almas. Com o consentimento do Romano Pontífice, poderá este diaconado ser conferido a homens de idade madura, mesmo casados.” (Lumen Gentium, 29). Com a ordenação diaconal, a pessoa casada não poderá casar-se novamente, sendo-lhe imputada a necessidade de castidade conjugal perfeita. Na espiritualidade pessoal do diácono, destaca-se a leitura e a meditação da Liturgia das Horas em favor do povo de Deus, de acordo com as orientações do Bispo.
Diácono permanente nas Novas Comunidades
Também nas novas comunidades, como é o caso da Comunidade Canção Nova, a presença e missão dos diáconos é importante, principalmente na função de cuidar dos irmãos de comunidade. “A presença e o exercício do ministério do padre e do diácono é indispensável para a realização eficaz da nossa missão de evangelizar: na celebração litúrgica, na administração dos sacramentos, na direção espiritual e na formação espiritual, doutrinária e pastoral, não só para os membros da nossa comunidade, mas também para as muitas pessoas, a quem somos enviados e por quem somos responsáveis no nosso trabalho apostólico.” (Estatuto Semente da Canção Nova,105).
O diácono permanente é, na Igreja e para a Igreja, a expressão de Jesus Cristo servo de todos, aquele que veio para servir e não ser servido. Rezemos pelos diáconos da nossa Igreja.
Deus o abençoe.
Diácono Paulo Lourenço
Comunidade Canção Nova