Obama reafirma promessa de fechar Guantánamo e ressalta mudanças na política externa americana

WASHINGTON – O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou nesta quinta-feira que o país “perdeu o rumo” ao combater o terrorismo nos últimos oito anos e reafirmou a promessa de fechar a prisão de Guantánamo até janeiro de 2010, apesar da oposição no Congresso.

Segundo Obama, a criação e a manutenção da prisão de Guantánamo foi um duro golpe à reputação dos Estados Unidos. O presidente disse que, no lugar de servir como um instrumento contra terroristas, Guantánamo se tornou “um símbolo” que ajudou a Al-Qaeda a recrutar terroristas para sua causa. “A existência de Guantánamo provavelmente criou mais terroristas pelo mundo”, disse o presidente dos EUA.

Obama, que sucedeu o presidente George W. Bush no dia 20 de janeiro, prometeu em seus primeiros dias na presidência fechar Guantánamo até janeiro de 2010. No país, há receios de que com o fechamento do campo de detenção na base naval dos EUA em Guantánamo, Cuba, alguns suspeitos de terrorismo presos no local possam ser libertados nos EUA.

Em seu discurso, Obama mostrou as linhas gerais de seu plano para desmantelar Guantánamo, onde permanecem 240 homens. O presidente americano disse que transferirá alguns deles para prisões de máxima segurança nos Estados Unidos e os julgará nos tribunais federais ou nos tribunais antiterroristas especiais criados em Guantánamo pelo governo de George W. Bush, com uma mudança nas normas que dê mais direitos aos acusados.

Obama afirmou que as decisões tomadas durante o governo de seu antecessor, George W. Bush, estabeleceram uma pauta de abordagem ao terrorismo que “não foi efetiva nem sustentável”, e que não confiou nas instituições nem nos valores americanos. “Por isso perdemos nosso rumo”, afirmou.

Em uma dura crítica ao governo Bush, Obama disse que é “inaceitável” o uso de táticas agressivas de interrogação de presos de guerra. “Táticas de tortura em interrogatórios não produzem informações melhores e são inaceitáveis do ponto de vista moral”, disse. “Temos que deixar esses métodos no passado”, afirmou Obama, que foi aplaudido por jornalistas, advogados e políticos presentes.

Ao mesmo tempo, Obama disse que não aceita os pedidos para uma investigação independente dos métodos anti-terroristas implementados durante o governo Bush. “Acredito que nossas instituições são fortes o bastante para julgar os abusos”, disse Obama.

Obama ressaltou que a guerra contra o terror irá requerer um aparato militar moderno, um regime de não-proliferação de armas de destruição em massa, fronteiras mais protegidas e uma nova abordagem na diplomacia dos Estados Unidos.

Com a presença da secretária de Estado, Hillary Clinton, do secretário da Defesa, Robert Gates, e do diretor da CIA, Leon Panetta, Obama fez seu discurso na manhã desta quinta-feira diante de uma platéia de advogados militares, em um palco colocado em frente à Constituição dos Estados Unidos e à Declaração de Independência do país.

Sem verbas para fechar a prisão

Na última quarta-feira, o Senado dos Estados Unidos votou contra o projeto de destinar US$ 80 milhões para fechar a prisão de Guantánamo, o presídio de segurança máxima americano mantido em uma base militar situada em território cubano. O veto, que uniu os democratas do presidente Barack Obama aos membros da oposição rebublicana, representou uma derrota para o líder dos Estados Unidos.

Obama havia pedido o fechamento do presídio até janeiro de 2010 e soliticara que os US$ 80 milhões fossem incluídos na verba destinada ao financiamento das guerras do Iraque e do Afeganistão.

O veto se deu por 90 votos contra 6 e impede o uso de dinheiro federal para ”transferir, soltar ou encarcerar” os detidos em Guantánamo para outros presídios em território americano.

A prisão de Guantánamo foi criada depois dos atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA, para manter suspeitos de terrorismo capturados principalmente no Afeganistão. Suspeitas de maus tratos a presos no local contribuíram para prejudicar a imagem dos EUA no exterior, e Obama determinou nos primeiros dias de seu mandato, em janeiro, que a prisão fosse desativada.

A prisão de Guantánamo abriga atualmente 240 prisioneiros de 30 países suspeitos de ter praticado supostos atos terroristas contra alvos americanos.

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