Bento XVI dá início ao Sínodo dos Bispos

Papa deixa convites à valorização de Deus num tempo que o esquece cada vez mais

Bento XVI deu início este Domingo à XII Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos que reúne 253 delegados dos episcopados católicos de todo o mundo, até 26 de Outubro, em volta do tema “A Bíblia na vida e na missão da Igreja”.Para o Papa é essencial trabalhar “sobre o modo de tornar cada vez mais eficaz o anúncio do Evangelho neste nosso tempo”.

Numa cerimónia celebrada na Basílica de São Paulo fora de muros (Roma), Bento XVI convidou os presentes e todos os fiéis a colocar no centro da sua vida a Palavra de Deus e acolher Cristo como “nosso único Redentor”.

“É necessário colocar no centro da nossa vida a Palavra de Deus, acolher Cristo como nosso único Redentor, como o Reino de Deus em pessoa, para fazer com que a sua luz ilumine todos os âmbitos da humanidade: da família à escola, à cultura, ao trabalho, ao tempo livre e aos outros sectores da sociedade e da nossa vida”, apontou.

A partir dos textos bíblicos lidos na cerimónia, o Papa recordou que, “quando Deus fala, solicita sempre uma resposta”, pois “a sua acção de salvação requer a cooperação humana; o seu amor aguarda correspondência”.

Nesse sentido, deixou um alerta: “Que nunca aconteça, queridos irmãos e irmãs, o que narra o texto bíblico a propósito da vinha – ‘Esperava que viesse a dar uvas, mas deu só uvas azedas”.

“Só a Palavra de Deus pode transformar em profundidade o coração do homem. Assim, é importante que com ela entrem em intimidade sempre crescente cada um dos crentes e as comunidades. A assembleia sinodal dirigirá a sua atenção a esta verdade fundamental para a vida e missão da Igreja. Alimentar-se da Palavra de Deus é para a Igreja a primeira e fundamental tarefa”, indicou.

“De facto – fez notar Bento XVI – se é o anúncio do Evangelho que constitui a sua razão de ser e a sua missão, é indispensável que a Igreja conheça e viva o que anuncia, para que a sua pregação seja credível, não obstante as debilidades e pobrezas dos homens que a compõem”.

Por outro lado, como “o anúncio da Palavra, na escola de Cristo, tem como conteúdo o Reino de Deus”, que é “a própria pessoa de Jesus, que com suas palavras e obras oferece aos homens de todas as épocas a salvação”, então é bem verdade o que escreve São Jerónimo: “Ignorar as Escrituras significa ignorar Cristo”.

Na primeira parte da homilia, Bento XVI, comentando as leituras da Missa, observara que “aquilo que a página evangélica denuncia interpela o nosso modo de pensar e de agir; interpela de modo especial os povos que receberam o anúncio do Evangelho”.

“Se olharmos para a história – observou o Papa -, somos obrigados a constatar muitas vezes a frieza e rebelião dos cristãos. Em consequência, Deus, embora nunca faltando à sua promessa de salvação, teve que recorrer frequentemente ao castigo”.

“É espontâneo pensar, neste contexto, no primeiro anúncio do Evangelho, da qual nasceram comunidades cristãs inicialmente florescentes, que depois desapareceram e hoje em dia são recordadas apenas nos livros de história. Não poderia acontecer o mesmo na nossa época? Nações outrora ricas de fé e de vocações vão agora perdendo a sua identidade, sob a influência deletéria de certa cultura moderna”, alertou.

Neste contexto, o Papa deixou uma séria de perguntas: “Quando o homem elimina Deus do seu próprio horizonte, é verdadeiramente mais feliz, torna-se na verdade mais livre? Quando os homens se proclamam proprietários absolutos de si mesmos e únicos patrões da criação, será que conseguem construir verdadeiramente uma sociedade onde reinem a liberdade, a justiça e a paz? Não acontece antes – como as notícias do dia a dia amplamente demonstram – que se estendem o arbítrio do poder, os interesses egoístas, a injustiça e a exploração, a violência em todas as suas expressões?”.

(Com Rádio Vaticano)

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