Missa junta multidão em volta do Papa no maior evento juvenil do mundo católico
Cerca de 400 mil pessoas juntaram-se este Domingo a Bento XVI para o ponto alto da Jornada Mundial da Juventude 2008, em Sidney. No hipódromo de Randwick, o Papa preside à Missa dominical, o seu último encontro com os peregrinos de todo o mundo.A celebração iniciou-se ao som do Gregoriano, após a chegada do papamóvel, por entre a multidão. O Cardeal George Pell, Arcebispo da Austrália, saudou Bento XVI e falou da Igreja “jovem” e “viva”, apesar de aparecer tantas vezes desfigurada. A seca que atinge várias partes do país foi ainda motivo para um pedido especial de oração, para que a chuva chegue a “esta terra Austral do Espírito Santo”.
Após as leituras em espanhol, francês, italiano e inglês, a aclamação ao Evangelho voltou a dar atenção às comunidades da Oceânia, desta vez das Ilhas Fiji, com cantos e danças tradicionais.
Na sua homilia, o Papa pediu uma “nova geração” de Apóstolos, prontos a levar “Cristo ao mundo” e a dar vida a uma “nova era”.
“Não tenham medo de dizer sim a Jesus”, apelou, numa passagem que foi sublinhada com uma salva de palmas.
“Uma nova geração de cristãos, revigorada pelo Espírito e inspirando-se a uma rica visão de fé, é chamada a contribuir para a edificação dum mundo onde a vida seja acolhida, respeitada e cuidada amorosamente, e não rejeitada nem temida como uma ameaça e, consequentemente, destruída”, disse.
“Uma nova era em que o amor não seja ambicioso nem egoísta, mas puro, fiel e sinceramente livre, aberto aos outros, respeitador da sua dignidade, um amor que promova o bem de todos e irradie alegria e beleza. Uma nova era na qual a esperança nos liberte da superficialidade, apatia e egoísmo que mortificam as nossas almas e envenenam as relações humanas”, prosseguiu.
Por isso, Bento XVI deixou aos presentes um convite: “Prezados jovens amigos, o Senhor está a pedir-vos que sejais profetas desta nova era, mensageiros do seu amor, capazes de atrair as pessoas para o Pai e construir um futuro de esperança para toda a humanidade”.
O Papa afirmou que “na Austrália, nesta grande «Terra Austral do Espírito Santo», tivemos todos uma inesquecível experiência da presença e da força do Espírito na beleza da natureza”.
“Também aqui, nesta grande assembleia de jovens cristãos vindos de todo o mundo, tivemos uma experiência concreta da presença e da força do Espírito na vida da Igreja. Vimos a Igreja na profunda verdade do seu ser: Corpo de Cristo, comunidade viva de amor, que engloba pessoas de toda a raça, nação e língua, de todos os tempos e lugares, na unidade que brota da nossa fé no Senhor ressuscitado”, acrescentou.
Segundo Bento XVI, “o amor de Deus pode propagar a sua força, somente quando lhe permitimos que nos mude a partir de dentro”. “Temos de O deixar penetrar na crosta dura da nossa indiferença, do nosso cansaço espiritual, do nosso cego conformismo com o espírito deste nosso tempo. Só então nos será possível consentir-Lhe que acenda a nossa imaginação e plasme os nossos desejos mais profundos”, apontou.
“Estais a viver a vossa existência de modo a dar espaço ao Espírito no meio dum mundo que quer esquecer Deus ou mesmo rejeitá-Lo em nome de uma falsa noção de liberdade?”, questionou.
Nesta celebração, o Papa ministra o Sacramento da Confirmação a um grupo de jovens, como forma de reforçar a importância do Espírito Santo na vida da Igreja.
Bento XVI explicou na sua homilia que “ser «selados com o Espírito» significa (…) não ter medo de defender Cristo, deixando que a verdade do Evangelho permeie a nossa maneira de ver, pensar e agir, enquanto trabalhamos para o triunfo da civilização do amor”.
“Em cada idade e nas mais diversas línguas, a Igreja continua a proclamar pelo mundo inteiro as maravilhas de Deus, convidando todas as nações e povos a abraçar a fé, a esperança e a nova vida em Cristo”, frisou.
Na oração dos fiéis, em sudanês, reza-se por todos os cristãos “que não podem servir abertamente o Senhor por causa de pressões políticas, instabilidade ou medo”.