Representantes de 140 países aprovaram, em Genebra, nesta terça-feira, 21, a declaração final da Conferência da ONU sobre o Racismo, três dias antes do término do encontro. Trata-se do mesmo texto apoiado na última sexta-feira, 17, por quase 190 países. A aprovação foi antecipada para evitar mudanças do texto após o discurso do presidente iraniano na conferência.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, comemorou a aprovação. Sua porta-voz, Marie Okabe, disse, em entrevista coletiva, que o secretário-geral ficou entusiasmado com a aprovação do documento final por todos os países-membros da ONU, com exceção dos nove que decidiram não participar do encontro.
A rápida aprovação da declaração se deu pela ausência de países como os Estados Unidos e cinco países europeus, e para evitar que o acirramento das discussões, provocassem novas desistências e o consequente fracasso do fórum.
Para o Brasil e os países latino-americanos, o acordo é uma primeira tentativa de dar uma resposta à proliferação de medidas contra a imigração nos países ricos e de atenuar divergências com estes países.
A declaração está sendo vista pelas ONG, ONU e por governos como a primeira tentativa de “curar as feridas” na relação entre Ocidente e países islâmicos, desde os atentados terroristas de 2001.
Para o Vaticano, “o documento final da Conferência Internacional sobre o racismo não é perfeito, mas respeita os fundamentos do direito humanitário”.
O observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas, Dom Silvano Maria Tomasi, destacou que entre os delegados reina grande satisfação por ver encerrado o capítulo relativo a este texto, o que “aliviou um pouco o clima da Conferência”:
“O documento abre também o caminho, para negociar no futuro, temas que estão sendo aceitos pela primeira vez, universalmente. Se persistir a boa vontade e não houver preconceitos de um país contra outro, nem discriminações entre grupos religiosos, as condições para combater toda forma e manifestações de racismo podem melhorar”, afirmou Dom Tomasi.
O representante da Santa Sé na Conferência declarou que a maior preocupação de todos era dar um sinal claro, com foco no conteúdo do documento e ignorando interpretações e eventos políticos. “A mensagem que o documento quer passar é que as novas formas de racismo, xenofobia e intolerância são inaceitáveis, e que a estrada a percorrer está na intenção da comunidade internacional de criar novos mecanismos pra combatê-los”.