“Pela força de Tua Palavra lançarei as redes”

 

 

Eu sou o Padre Xavier, meu nome completo é Antonio Xavier Batista. Quero partilhar com você um pouco da minha história e alegria.

Sou mineiro, filho de mineiros, nasci em Corinto (MG), em 09 de abril de 1978. E, pela providência de Deus, mudei-me para Cubatão (SP) com 3 anos de idade e lá fui criado. Meus pais sempre foram católicos e, por isso, desde cedo, me levaram a participar da Igreja nas Santas Missas dominicais. Iniciei a catequese com 6 anos e fiz minha primeira comunhão com 8. Por isso, nem sei dizer quando aconteceu a experiência do batismo no Espírito Santo comigo.

Nesse tempo, meu grupo de catequese tornou-se um grupo de oração e lá tive minhas primeiras experiências mais fortes com Deus – durante as orações e vigílias realizadas nas casas nas quais nos pediam visitas. Aos meus 12 anos, eu me afastei um pouco de tudo por desatenção, e retornei somente com 17 para iniciar a catequese para a Crisma. Dediquei-me então a estudar o que podia, porque minha família sempre foi humilde e simples. Comecei a trabalhar com 15 anos, sempre fui muito dedicado e me esforcei bastante para aproveitar bem as oportunidades porque meu pai sempre me lembrava que eu poderia não ter muitas delas. Rezava sempre também pedindo que Deus não me deixasse cometer erros que pudessem comprometer toda minha vida. Nesse tempo, entrei para o grupo de jovens da paróquia e dessa vez nunca mais saí. O grupo de jovens era maravilhoso, eu pensava o tempo todo nele.

O que eu experimentava lá alimentava toda minha vida, em minha casa, no trabalho, na faculdade, em minhas amizades. Sempre me recordo dos momentos em que, ao sair da faculdade, me deslocava para a igreja para participar de adorações, ou de quando trocava o lanche – antes da faculdade, já que eu ia para esta direto do trabalho – pela Santa Missa durante a semana. A minha experiência com Deus foi crescendo à medida que fui assumindo meu lugar dentro do grupo de jovens, especialmente a oração pessoal. A primeira vez em que ouvi falar de rezar o terço todos os dias, achei aquilo desnecessário, mas dias depois sentia a necessidade de rezá-lo e o terço acabou tornando-se minha oração cotidiana. E assim fui crescendo.

Meu grupo de jovens tinha sempre um ardor pela evangelização, e por isso, tínhamos missão nas casas todas as semanas, formação semanal. E, assim, a cada dia aqueles jovens, sempre dedicados, iam fazendo com que minha timidez fosse desaparecendo pela convicção que tinham. Não medíamos esforços para evangelizar e aquilo me cativava. Até que, um dia, não me lembro da data, durante o grupo de oração, eu tive uma forte experiência com a presença de Deus, que abalou todas as minhas convicções e o medo que eu ainda tinha. Diante disso, tomei minha Bíblia e ao abri-la deparei com a Palavra: “Tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4,13).

Senti que deveria fazer um compromisso com Deus de nunca responder “não” ao que Ele, concretamente, me pedisse; e assim o fiz. Esse é o início de minha história vocacional. Desse dia em diante, comecei a ser chamado para pregar e, mesmo com medo, eu aceitava e ia. Rezava por todas as pessoas que trabalhavam comigo. Em pouco tempo, fui promovido e comecei a trabalhar com sistemas de comunicação, elaboração de softwares para computadores e coisas semelhantes. Percebi nisso o auxílio de Deus e sentia que tudo era a vontade d’Ele para mim: Ser um bom profissional, ou como dizia Dom Bosco: “Bom cristão e honesto cidadão”. Pela formação que tive não encontrei grandes dificuldades na minha sexualidade, tanto que sou virgem e nem mesmo cheguei à experiência de masturbação.

Em 1999, conheci o livro “A Bíblia no meu dia-a-dia” do monsenhor Jonas Abib, e pelo estudo da Palavra de Deus encontrei a forma de conhecer mais intimamente a vontade de Deus. Em novembro do mesmo ano, senti pela primeira vez o chamado à vocação sacerdotal. Achei absurdo sentir algo assim, porque via Deus agindo no meu profissional. Mas me abri a esse chamado e pedi que Deus me confirmasse isso.

Por meio de fatos concretos, o Senhor me mostrou que era isso mesmo. No começo, senti medo, depois minha limitação, e então, confiança que Ele saberia dispor melhor de mim que eu mesmo. Então, surgiu o desejo de me consagrar a Deus inteiramente para uma vida missionária, e o centro desse desejo era o sacerdócio – que em mim já era e nunca deixou de ser – uma convicção da vontade de Deus.

Em julho de 2000, iniciei o caminho vocacional na Comunidade Canção Nova, e, em 28 de dezembro do mesmo ano, ingressei nela. Minha maior dificuldade – no momento da resposta final – era encontrar o sentido que minha vocação poderia ter, porque eu ganhava bem na época, faltava um ano para terminar a faculdade e percebia que meu progresso só podia ser pela vontade de Deus. Mas segui o que Ele me inspirava e dei o passo, deixei que as pontes caíssem.

Em minha casa, fui bem compreendido, bem melhor do que eu esperava; em meu trabalho, não acreditaram e pensaram que eu estava mudando de emprego; alguns amigos aceitaram, outros, não. E eu fiz o que só eu poderia fazer: confiei minha vida a Deus e dei o passo. Nestes sete anos de Canção Nova, passei por diversas fases de amadurecimento. Cresci como homem; tive fases de dificuldades, como todos temos; mas nunca se esfriou em mim a convicção do chamado ao sacerdócio e de que Deus é capaz de realizar tudo o que quiser. Sou muito feliz e esta felicidade não cessa.

É muito bom fazer a vontade de Deus, sabendo que é isso que Ele deseja! Meu lema de ordenação é “Pela força da Tua Palavra lançarei as redes” (Lc 5,5). Esta frase de São Pedro resume minha vida e minha resposta a Nosso Senhor. Quero ser um padre bom, bom de coração e bom de ministério. Que a minha consagração a Deus me leve a ser presença d’Ele em meio ao seu povo. Quero dedicar-me ao serviço de suas ovelhas, dar a vida por cada uma delas. E o que me leva adiante é a força da Palavra d’Aquele que me chamou e o amor que Ele imprimiu em mim pelo seu povo. Repito como o profeta Jeremias “Seduziste-me Senhor, e eu me deixei seduzir” (Jr 20,7).

Que este meu testemunho sirva para muitos jovens, que, hoje, não percebem que Deus continua chamando pessoas a consagrarem suas vidas a Ele. Testemunho de que Jesus está vivo e presente e fala conosco. Responder a Deus é sempre um desafio que exige paixão e doação. Muito mais que renunciar é fazer a escolha mais certa. “A graça de Deus nos leva amar a Deus e tudo aquilo que Ele ama” (Santo Agostinho). Conto com suas orações!

Padre Xavier

Comunidade Canção Nova

 

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