A VOCAÇÃO DE SÃO PAULO - Continuação

3) As atitudes de Paulo pela recordação de Paulo, encontramo-las nas cartas. a) Em Gl 1,15-16 – verificar. A atitude de gratidão é de tal maneira profunda que muito tempo depois, faz remontar a sua história ao seio de sua mãe,mesmo sabendo nós que sua conversão-vocação aconteceu quando tinha entre 30 e 35 anos. Mas por quê? É que aconteceu que, ao voltar a meditar com muita gratidão sobre a visão de Damasco, Paulo compreendeu que desde sempre havia um desígnio divino a seu respeito e, precisamente por isso, fá-lo remontar como o profeta Jeremias, ao seio de sua mãe: o Senhor criou-me para isto, amou-me desde sempre, desde sempre me quis e me procurou! Assim a vocação é colocada no seio da família, nos dias de infância, da adolescência, da juventude, pois cada momento da sua existência tinha um sentido, até mesmo, os acontecimentos que apreciam trabalhar sem sentido contrário: “Escolheu-me antes de eu nascer e chamou-me”: chamar significa afeto, carinho, amizade e intimidade. “Por sua graça”: pensávamos que a cegueira repentina tivesse sido para Paulo um terrível golpe; no entanto, ele recorda este fato como um dom; os sofrimentos muitíssimos que teve de viver pela sua vocação Paulo vê-os como dom, como graça de Deus. “Ele resolveu revelar em mim o seu filho”, a graça do chamamento especifica-se e o mistério de conhecer Jesus é agora contemplado no mistério trinitário: o Pai revelou-me o seu filho e revelou-o em mim. Paulo tem uma extraordinária consciência de si mesmo no âmbito do mistério de Deus: “para que eu o anunciasse entre os pagãos”; uma revelação, uma vocação orientada para o anúncio aos pagãos que constituirá sempre a obsessão de Paulo, o seu empenho diário. Por isso, Paulo vê nos eu empenho diário uma continuação do desígnio divino providencial;

b) 1Tm 1,12-17: é outra página em que Paulo repensa autobiograficamente a sua vocação. Quando está perto do fim de sua vida, já muito velho, e o pensamento do passado lhe enche o coração de gratidão, escreve – ler o texto. É uma releitura rica de agradecimento e de admiração ( Deus chamou-me, a mim que não o merecia); para Paulo a vocação é fonte de fé, é motivo para reconhecer num caso específico a vontade salvífica de Cristo, a sua misericórdia, para contemplar em si mesmo a redenção (Jesus Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o primeiro); da vocação nasce, então, a certeza apostólica (Eu obtive misericórdia porque Jesus Cristo quis demonstrar toda a sua generosidade, como exemplo para os que depois iriam acreditar nele,a fim de terem vida eterna). Paulo, compreendendo a ação de Jesus em si, esclarece a ação que Deus realiza em todos, chegando ao conhecimento do caminho e da vocação dos outros.

(Dos Escritos do Cardeal Carlo Maria Martini)

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