Para estar na moda sempre foi preciso ser diferente, ter um estilo criativo, viver experiências radicais. Tudo isto faz parte do espírito de qualquer jovem.
Ao longo da minha caminhada fui descobrindo a radicalidade de ser cristã e a radicalidade de ser missionária. A minha última aventura passou-se em Moçambique, num bairro dos subúrbios de Maputo, trabalhando num Centro de Reabilitação psicossocial.
A missão a que fui destinada tinha como objectivo acolher, cuidar e (re)integrar crianças e adultos com deficiência ou doença mental. Pude assim testemunhar o lado misericordioso de Deus que abraça os que sofrem, oferecendo em troca a dignidade e o amor a que cada homem tem direito.
Assim, o meu dia-a-dia foi passado ao lado de pessoas diferentes, de pessoas especiais, com doenças, deficiências
que as afastam de uma vida dita normal. Mas, apesar de sermos realmente diferentes, nada nos impede de viver- mos lado a lado.
No entanto, não parti em missão por ser melhor do que qualquer um dos moçambicanos. Não fui nenhuma heroína, nem mudei o mundo, mas partilhei o pouco que sabia e tudo o que fui aprendendo, e sinto que é nesta partilha que podemos mudar mentalidades, nem que seja a nossa própria mentalidade. Do povo moçambicano aprendi a acre- ditar que Deus nos dá sempre o que precisamos, mas muitas vezes não sabemos como usar.
Na missão compreendi o verdadeiro significado das palavras de Beato Allamano, fundador dos Missionários da Consolata: “O bem deve ser bem feito e sem barulho”. Querer fazer o bem não chega, pois corre-se o risco de agravar situações, pensando que se está a dar
uma grande ajuda, principalmente quando não se conhece bem a realidade. Talvez por isso Allamano também tenha dito para observar antes de deitar as mãos ao trabalho.
No trabalho diário descobri que é nas pequenas coisas que podemos dar mais atenção à pessoa doente melhorando a sua qualidade de vida.
Na oração e na vida comunitária descobri a força e o consolo quando as soluções não aparecem. No trabalho com pessoas com deficiência, assim como na missão, percebi que o importante é aceitarmos a diferença para podermos crescer juntos, partilhando o que de melhor temos (sim, porque todos temos algo de bom para dar). Parece romântico mas é suficientemente radical para ser levado a cabo pelos jovens! Ser diferente sempre esteve na moda, mas abraçar a diferença é o último grito!!!
Fonte: www.fatimamissionaria.pt