Bento XVI: «Paulo não é história passada, mas quer falar hoje conosco»

 

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São Paulo não é uma «história passada, irrevogavelmente superada», mas «Paulo quer falar conosco, hoje», afirmou o Papa no sábado passado, durante a solene abertura do Ano Paulino na basílica romana de São Paulo Fora dos Muros.

«Por isso eu quis convocar este especial «Ano Paulino»; para escutá-lo e aprender agora dele, como nosso mestre, na fé e na verdade, na qual estão radicadas as razões da unidade entre os discípulos de Cristo».

Precisamente, refletir sobre o «Mestre dos Gentios», afirma o Papa, abre o olhar «para o futuro, para todos os povos e todas as gerações. Paulo não é para nós uma figura do passado, que recordamos com veneração. Ele é também nosso mestre, apóstolo e anunciador de Jesus Cristo também para nós».

O Papa convidou a refletir sobre três aspectos da vida do Apóstolo: seu amor a Cristo e sua valentia na hora de pregar o Evangelho; sua experiência da unidade da Igreja com Jesus Cristo, e sua consciência de que o sofrimento vai inseparavelmente unido à evangelização.

Com respeito ao primeiro aspecto, o Papa refletiu sobre a confissão de fé contida na carta aos Gálatas, na qual mostra que «Sua fé é a experiência do ser amado por Jesus Cristo de maneira totalmente pessoal; é a consciência do fato de que Cristo enfrentou a morte não por algo anônimo, mas por amor a ele – Paulo – e que, como resultado, Ele o ama ainda».

«Sua fé não é uma teoria, uma opinião sobre Deus ou sobre o mundo. Sua fé é o impacto do amor de Deus sobre seu coração».

Esta experiência é a que o impulsionava através das dificuldades, porque «o que o motivava no mais profundo era o ser amado por Jesus Cristo e o desejo de transmitir a outros esse amor. Paulo era alguém capaz de amar, e todo seu atuar e sofrer se explicam a partir deste centro».

Esta é a raiz de sua liberdade: «A experiência do ser amado até o final por Cristo lhe havia aberto os olhos sobre a verdade e sobre o caminho da existência humana – essa experiência abraçava tudo».

 

Unidade da Igreja

 

Outra das passagens que o Papa comentou foi a manifestação de Cristo no Caminho de Damasco e a frase deste, «Eu sou Jesus, a quem tu persegues».

«Perseguindo a Igreja, Paulo persegue o próprio Jesus. «Tu me persegues». Jesus se identifica com a Igreja em um só sujeito. Nesta exclamação do ressuscitado, que transformou a vida de Saulo, no fundo está contida toda a doutrina sobre a Igreja como Corpo de Cristo».

«Cristo não se retirou no céu, deixando sobre a terra uma seqüela de seguidores que levam sua causa adiante. A Igreja não é uma associação que quer promover uma certa causa», acrescentou o Papa. E esta doutrina é a que transmite Paulo em suas Cartas.

«Continuamente, Cristo nos atrai para seu Copo, edifica seu Corpo a partir do centro eucarístico, que para Paulo é o centro da existência cristã, em virtude do qual todos, como também cada indivíduo, podemos experimentar de maneira totalmente pessoal: Ele me amou e se entregou por mim», acrescentou.

Em último termo, o Papa refletiu sobre o sentido do sofrimento no Apóstolo, através da Carta a Timpóteo. «A missão do anúncio e o chamado ao sofrimento por Cristo estão inseparavelmente unidos. O chamado a ser o mestre dos povos é ao mesmo tempo e intrinsecamente um chamado ao sofrimento na comunhão com Cristo, que nos redimiu mediante sua Paixão».

«Em um mundo no qual a mentira é potente, a verdade se paga com o sofrimento. Quem quer evitar o sofrimento, afastá-lo de si, tem afastada a própria vida e sua grandeza; não pode ser servidor da verdade e, assim, servidor da fé», acrescentou o Papa.

«Não há amor sem sofrimento, sem o sofrimento da renúncia de si mesmos, da transformação e purificação do eu pela verdadeira liberdade. Onde não há nada que valha que se sofra por isso, também a própria vida perde seu valor», afirmou.

 

Ano Ecumênico

 

 

Por outro lado, Bento XVI mostrou sua alegria pelo «caráter ecumênico» deste Ano Paulino, em cuja abertura estiveram presentes, além do Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I, representantes das Igrejas de Jerusalém, Antioquia, Chipre, Grécia, assim como de outras igrejas e comunidades do Oriente e Ocidente.

De fato, o Patriarca Bartolomeu I acompanhou o Papa durante a inauguração da Porta Paulina. Também, com este sentido, o Papa acendeu uma especial «Chama paulina», que permanecerá acesa durante todo o ano, em um braseiro colocado no pórtico da basílica.

Fonte: Zenit

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