Como decidi que seria padre? 

“Como padre sou orante, fraterno e trabalhador e isso tempera a minha vida e me realiza”.

Sempre me perguntam: “Padre, como o senhor chegou à conclusão de que sua vocação era ser sacerdote?”. A vocação já está plantada em nós como um pequeno grão, uma sementinha. São aptidões, desejos, inclinações naturais que Deus colocou em nossa personalidade. Nossa formação e história de vida vão confirmando ou não essas motivações. Por isso, a vocação precisa crescer num ambiente de liberdade e descoberta; e com a maturidade a escolha e a resposta virão.

Desde criança eu queria ser padre, mas veio a adolescência e eu me defrontei com muitas coisas, tive dúvidas, não queria mais o sacerdócio. Depois, reencontrei Deus que plantou a semente no meu coração, através da minha Tia Maria da Glória, mas que, o pecado, as ilusões e tantas possibilidades dentro de mim, e por isso, não houve a possibilidade de crescer. Estudei e me formei em técnico em secretariado. No caminho, busquei as pessoas certas, inclusive um sacerdote como diretor espiritual. Essas pessoas puderam me ajudar a amadurecer aquilo que dentro de mim eu não conseguia entender. Arrisquei, dei passos largos e percebi que essa era a minha vocação, que eu me satisfazia com todo o ideal do sacerdócio.

Uma verdadeira vocação é provada!

Depois de uma caminhada no grupo de jovens e na minha paróquia, fiz o discernimento com a pastoral vocacional de minha diocese e vi que o Senhor me chamava mesmo para o sacerdócio, mas era preciso um passo de cada vez. No início do meu seminário diocesano, no ano de 1993, conheci a Comunidade Canção Nova, na missão de Salvador, por intermédio de jovens com jeito alegre e fraterno de viver a vida consagrada e do trabalho que eles faziam na Rádio Excelsior de Salvador. Fui resgatado para Deus e para a Igreja pela espiritualidade da Renovação Carismática Católica. Fui me aproximando dela por meio da Divina Providência.

Quando fui dispensado do seminário diocesano, passei por uma situação muito dolorosa e quase perdi minha vocação. Busquei ajuda do responsável da Frente de Missão da Canção Nova em São Gonçalo dos Campos, cidade próxima a Feira de Santana (BA), na época. Lá, fui acolhido para fazer o meu segundo discernimento vocacional e, ao mesmo tempo, estudava o segundo ano de Filosofia. Foi muito doloroso ser dispensado do seminário, mas a Providência de Deus agiu para que eu encontrasse o meu lugar na Igreja, para que descobrisse o carisma correto, pois temos em nossa Igreja várias formas de viver o sacerdócio. Os mais conhecidos são padres, religiosos, diocesanos e, hoje, as novas comunidades. Quando descobrimos nossa vocação autêntica, encontramos forças para superar todos os desafios. Uma verdadeira vocação é provada!

Foto: Patrícia C.Costa/vocacionalcancaonova

Sou pai de uma multidão

Providência Divina é a Sabedoria de Deus que rege todas as coisas. É o próprio Senhor quem conduz, pelo poder do Espírito Santo, a nossa vida, por isso precisamos ser dóceis e atentos aos sinais de Sua vontade.

A primeira graça que experimento por ser padre é a espiritualidade Eucarística, pois o sacerdote é chamado a ser um homem de oração, de intimidade com Deus, um homem da Palavra e da Eucaristia, ofertado com Cristo no altar pela salvação das almas! Rezo, ao ritmo da vida, a Liturgia das Horas, sempre em função do povo, que é a minha missão. Sou pai de uma multidão. Outra característica que me atraiu foi – e ainda é – a vida Fraterna, ou seja, a vida comunitária. Somos, antes de tudo, homens de Deus, irmãos de todos.

O amor do sacerdote não deve ser exclusivo para ninguém, mas ser para todos, uma doação total de vida, e isso comporta o celibato. Essa comunhão com a Igreja e a comunidade é o meio que Deus se utiliza para nos formar e curar, para equilibrar a nossa afetividade no concreto da vida, nos prepara como homens de Deus para o apostolado e a fecundidade, a paternidade sacerdotal. Sou livre, sou alegre, sou o que sou dentro de minha vocação, e ela é uma escola de formação. Como padre sou orante, fraterno e trabalhador e isso tempera a minha vida e me realiza. Portanto, não tenha pressa em definir a sua vocação.

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‘Vem e segue-me’! 

Eu pensei, medi, analisei a fundo todos os meus sentimentos e motivações, fiz todos os cálculos, observei sacerdotes conhecidos e, durante os sete anos de estudos acadêmicos, fui bem acompanhado e me deixei acompanhar pelos meus formadores. Hoje, posso dizer que tenho sido fiel a Deus no meu chamado e na minha missão, carregando a cruz de cada dia, encontrei o meu lugar na Igreja, a minha escola de santidade e minha realização como pessoa. Ah, outra coisa, o sim não ficou somente lá atrás quando decidir, ele é renovado, dado todos os dias!

Oração: “Senhor da messe e Pastor do rebanho, faz ressoar em nossos ouvidos o Teu forte e suave convite: ‘Vem e segue-me’! Derrama sobre nós o Teu Espírito, a fim de que Ele nos dê sabedoria para ver o caminho e generosidade para seguir a Tua voz. Senhor, que a messe não se perca por falta de operários. Desperta as nossas comunidades para a missão, ensina a nossa vida a ser serviço, fortalece os que querem se dedicar ao Reino na vida consagrada e religiosa.

Senhor, que o rebanho não pereça por falta de pastores. Sustenta a fidelidade dos nossos bispos, padres e ministros. Dá perseverança aos nossos seminaristas, desperta o coração dos nossos jovens para o ministério pastoral na Tua Igreja.

Senhor da messe e Pastor do rebanho, chama-nos para o serviço do Teu povo. Maria, Mãe da Igreja, modelo dos servidores do Evangelho, ajuda-nos a responder ‘sim’. Amém.”

 

Padre Luizinho
Comunidade Canção Nova.

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