Maria sempre se antecipa

“Maria me preparou para o encontro pessoal com Jesus”

Meu nome é Sandro Aparecido Arquejada, porque meus pais me consagraram a Nossa Senhora Aparecida desde antes do meu nascimento. Pois bem, Maria toma muito a sério quando nós (ou nossos pais) nos consagramos a Ela. Realmente, Ela nos toma como filhos e cuida de nós, no plano terrestre, mas também no âmbito espiritual.

Quando eu digo que foi Maria quem me preparou para o encontro pessoal com Jesus é porque, ao longo da minha vida, tive vários testemunhos de que a Mãe do Céu providenciava minha segurança, minha saúde, me preservou de pecados e, por fim, foi Ela quem me encaminhou para Jesus Cristo. 

Quando eu era mais jovem, tinha meus planos e sonhos. Por causa disso, nunca busquei demasiadamente a maioria dos prazeres do mundo, como festas e curtições, nunca bebi, nunca fumei, vivia sim uma sexualidade desregrada com as namoradas, mas, como isso era visto como o “normal” pela sociedade atual, não me preocupava. Queria me formar, ganhar dinheiro, ser reconhecido e sabia que para isso precisava “ralar” e não curtir.

A eficácia do Santo Terço em Família

Desde a infância, quando eu morava na roça, minha mãe reunia toda a família em volta do fogão de lenha para rezarmos o Santo Terço. Aquilo marcou minha vida, porque sentia sono durante a oração, às vezes, dormia antes de terminar. E a sensação do colo de mãe e de pai, junto com o calorzinho do fogo, e sem que déssemos conta, também a espiritualidade que nos envolvia, formavam um ambiente aconchegante demais. E foi ali que Maria começava a me conquistar, eu que já era d’Ela. 

Certa vez, voltando da Santa Missa e da catequese, domingo pela manhã, havia uma cobra cascavel enrolada no portão de madeira da nossa casa. Meu pai e meu irmão pararam antes, pois a viram. Já eu não, e abri o portão e passei por ele. Eles me diziam “Saia daí, saia daí!”. Eu ainda voltei em direção a eles, passando pelo portão novamente. E a cobra, com o “bote” armado, não me picou. Não sei explicar, mas depois de termos nos livrado daquela serpente, a sensação foi que a Santa Missa, a aula de catequese e os terços que rezávamos todos os dias, de alguma forma, seguraram a serpente naquele momento. 

“Nossa Senhora” quem me salvou

Quando já na adolescência, morando então na cidade, via meus amigos se envolvendo em caminhos tortuosos,  muitas vezes, me lembrei dos ensinamentos de minha mãe quanto a agradar a Deus e a Nossa Senhora, e aqueles tipos de vivência eram contrários ao que meditávamos na oração do terço e ao que aprendíamos na Missa.

Confesso que bem no início da juventude, quanto à sexualidade, mesmo com a consciência dizendo para proceder ao contrário, eu quis sim, me lançar naquele tipo de prazer, mas perdi as contas de quantas vezes, mesmo com minha vontade de pecar e com tudo indicando que iria “rolar”, algo dava errado na última hora e não acontecia. Anos depois, eu vi como que Maria tentou me preservar, ao providenciar um imprevisto.

Maria cuidou de mim

Certa vez, eu já um jovem adulto, trabalhando de representante de vendas de uma grande empresa da minha cidade, estava viajando a trabalho, quando numa rodovia me deparei com dois caminhões, um ultrapassando o outro. O que ultrapassava, tinha invadido a minha pista, era um trecho proibido de ultrapassar para ele, que vinha em minha direção. Era uma curva, eu estava na velocidade permitida na via, noventa quilômetros por hora. Dos lados não havia acostamento nem espaço para eu jogar o carro, pois eram barrancos. 

Não daria tempo nem da carreta nem para mim de pararmos. Pisei no freio com tudo, o que fez o meu carro não parar e derrapar a traseira. Só gritei “Nossa Senhora”, nem foi um pedido de socorro, eu nem tinha consciência para isso no momento, foi só um impulso da hora. Não sei como meu carro entrou em algum espaço no barranco, quase tombando, mas não tombou, só sei que me lembro até hoje de sentir o calor do motor da carreta que estava ultrapassando de forma imprudente e do barulho que ela fazia, passando quase que raspando em meu carro.

Atrás de mim, vinha um casal que viu tudo, pararam, me perguntaram se estava tudo bem, eu respondi que sim. Após isso, a esposa pegou em seus pertences para viagem, água e açúcar, misturou os dois e tomou, para ela se acalmar. Para mim, foi aquele grito “Nossa Senhora” que me salvou.

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A cura da depressão

Em 2008, já dentro da comunidade Canção Nova, tive depressão. É uma sensação horrível, pois não é só seu psíquico que fica abalado, também o corpo não consegue responder, e até quando eu rezava diante do Santíssimo, a impressão que eu tinha era que fiz tudo errado e, por isso, iria morrer e ir para o inferno. Você só recorre a Jesus nessas horas, porque alguma coisa te arrasta para a capela para pedir misericórdia, mesmo que seja condenado.

Toda vez que pedia para alguém rezar por mim, buscando minha cura, a palavra era sempre que aquela era uma batalha espiritual, que o demônio tinha pedido contas da minha vocação. Ia ao médico, tomava remédio, mas minha cura veio, quando os irmãos me levaram para nossa casa em Queluz, a Casa de Maria, e, depois de um sonho, em que Nossa Senhora Aparecia para mim, não via seu rosto no sonho, mas sabia que Ela tinha estado ali. Eram umas três horas da manhã. Acordei e a sensação que Ela esteve ali continuava. A partir daquele dia, fui me recuperando, tendo novamente a alegria de viver e aquele sentimento de condenação foi passando. Mais uma vez, foi Nossa Senhora quem me salvou.

Consagrar-se a Maria é entrar no seu ventre

Eu tenho ainda muitos outros testemunhos: na minha vida financeira, na minha família, entre meus parentes, no meu ministério. Sempre Maria se antecipa. Mas o que fica para mim, nisso tudo, é que Maria me preservou, me guardou, cuidou e, principalmente, me preparou para meu encontro pessoal com Jesus. Quem queria ganhar o mundo não estaria preparado para viver uma consagração a Jesus.

Talvez, eu até fosse seduzido por Cristo, num encontro pessoal, mas vejo que seria bem provável, nas primeiras dificuldades, ou melhor dizendo, nas primeiras exigências do seguimento de Cristo, eu achar que seria melhor sucedido em viver um cristianismo ao meu modo, fazendo a minha vontade, lá nos meus planos e sonhos antigos. 

Nossa Senhora me encaminhou e vejo que na vida de muitas pessoas Ela age assim. Precisamos ser gerados para Cristo. E é Ela quem, como Mãe, faz esse papel. Que, neste mês dedicado a Nossa Senhora, nos voltemos a Ela, renovando a nossa consagração, pois Ela quer continuar cuidando de nós, numa contínua Cristianização do nosso ser. Só podemos nos configurar ao seu Filho divino, da mesma forma como Ele veio a esse mundo, através do Espírito Santo, pelo ventre de Maria. Consagrar-se a Mãe é entrar no seu ventre, no seu coração, para ser gerado espiritualmente. 

Sandro Arquejada

Membro da Comunidade Canção Nova

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