O missionário leigo surge no cotidiano e tem como base à própria realidade, hoje globalizada e fragilizada pela crise dos valores, pelo aumento das pessoas excluídas, pelas crises políticas e econômicas, pela concentração das riquezas e pela desvalorização da vida no campo e conseqüente inchaço dos grandes centros urbanos.Neste contexto, é natural que surjam pessoas, já com uma forte experiência de engajamento em sua comunidade, mas que cultivam uma espiritualidade aberta aos problemas mundiais que sentem um forte impulso, melhor ainda, um verdadeiro chamado a realizar uma experiência de serviço missionário no além-fronteira, em realidades ainda mais sacrificadas, sobretudo no terceiro mundo, onde os problemas que atingem aqueles povos são bem mais graves. Os missionários leigos, a partir disso, alimentam sua fé através do compromisso cristão de comunhão universal e de profecia, baseada na esperança e na luta teimosa por uma sociedade fraterna e com justiça social.
FORMAÇÃO
O “sim missionário” é fruto de uma opção pessoal, no entanto, sua realização depende também de um processo de amadurecimento da missão, baseado na pedagogia que Jesus utilizava com seus primeiros discípulos:
1. VOCAÇÃO: é Deus quem nos chama, não somos nós a tomar a iniciativa. Se não houver este chamado, dificilmente o leigo missionário resistirá numa missão tão desafiadora.
2. FORMAÇÃO: é Jesus quem nos forma e fortalece, nos ensina e está conosco. A figura do Bom Pastor é sempre o modelo para todo missionário. O missionário leigo é um cristão que amadurece na oração, no estudo e na vida comunitária.
3. MISSÃO: é Ele quem nos envia: “Ide…”. O envio, realizado pela Igreja, lhe dá a certeza e a segurança de estar nele e com Ele.
Este caminho não é livre de dificuldades, pelo contrário, o leigo é desafiado várias vezes a responder, com palavras ou ações concretas, aos questionamentos vindos de sua própria família, comunidades cristãs e da sociedade capitalista. O “Vamos à outra margem” (Mc 4,35) é o forte convite para ir onde não está meu mundo, cultura e família. Outra dificuldade para a qual deve estar consciente e preparado diz respeito ao processo de formação e acompanhamento na pré-missão, na missão e na pós-missão. Ainda são poucos os centros de formação e animação missionária para leigos. Como conseqüência, a formação acaba sendo geralmente ligada a congregações religiosas, ficando assim mais institucionalizada e menos ministerial, segundo o carisma laical. Um grande caminho está sendo realizado pela Igreja para que os leigos, aqui e no além-fronteiras, possam explicitar sua vocação específica.