Testemunho de um padre que segue fiel na sua missão

Neste sábado, encerramos a Semana Vocacional Sacerdotal, na qual a comunidade católica reza pelos sacerdotes que atenderam ao chamado de Deus.

Conheça a história vocacional do missionário da Comunidade Canção Nova padre Luizinho, o qual está em missão na cidade de Lavrinhas (SP), local onde ele acolhe os pré-discípulos [membros iniciantes na Canção Nova] que atendem ao chamado do Senhor para a vida consagrada.

Portal Canção Nova: Como foi a descoberta da sua vocação?

Padre Luizinho: Quando eu era bebê, minha tia Maria da Glória, muito religiosa, da ordem terceira franciscana, pegou-me no colo e disse: “Esse menino tem uma carinha muito satisfeita, ele vai ser padre!”. Claro que ela não tinha consciência de nada, mas a semente foi lançada e, naquele momento, os anjos disseram “amém”. A vontade de Deus já se revelava ali.

Nossa vocação está intimamente ligada à nossa história. Deus vai deixando pistas e sinais, os quais precisamos saber ler.

Quando criança, eu dizia meu nome completo e também falava: “Quero ser padre”. Mais, depois, veio a adolescência e me esqueci disso. Com tantas descobertas, pecados, depressão, esqueci um pouco do “ser padre”. Depois de um tempo longe de Deus, voltei à Igreja por meio de uma amiga. Na verdade, eu era apaixonado por ela, e ela soube me trazer de volta para Deus quando me convidou para um festival de sorvete num grupo de jovens.

A Eliete não me deu o que eu queria, mas sim o que eu mais precisava: Deus. Naquela tarde de domingo, fazia muito calor na Bahia e eu recebi, de uma Jovem que nunca havia visto antes, um copo cheio de sorvete dizendo: “Luiz, esse copo de sorvete é para você, porque Jesus o ama!”.

Quem era aquela jovem que sabia o meu nome, estava me dando o que eu mais gostava, sem me pedir nada em troca, e ainda dizendo que Jesus me amava? Aqueles jovens eram diferentes, tinham brilho nos olhos e sorriso no rosto; era isso o que eu queria para mim.

Esse foi o meu encontro pessoal com Jesus. Descobri, naquele tempo, no final de 1990, que meu pai estava com um câncer avançado na laringe. Eu tinha sérias dificuldades de relacionamento com o meu pai, mas Deus interveio novamente para que eu o perdoasse e me decidisse, de uma vez por todas, a dar tudo para Deus. Depois da morte do meu pai, entrei no seminário, na Quarta-feira de cinzas, do ano de 1993.

Portal Canção Nova: Neste tempo de sacerdócio, o senhor viveu algum momento que o marcou muito?

Padre Luizinho: Nesses quase doze anos de padre, muitas coisas me marcaram, principalmente as pessoas que entraram em minha vida, os irmãos de comunidade, o fundador da Canção Nova, padre Jonas Abib, além das pessoas de fora da minha comunidade também. Mas o que mais marca minha vida é poder visitar a Terra Santa, é a experiência de Deus que eu faço, como padre, quando vou lá.

Em 2008, os 90 dias que eu fiquei com minha mãe internada na UTI, acompanhando-a, rezando por ela, eu cantava para ela, dava-lhes as notícias, dei a ela a unção dos enfermos. Eu passava o dia no hospital e só voltava para casa de minha prima para dormir.

No dia 08 de março, sábado, Dia Internacional da Mulher e aniversário da minha irmã do meio, minha mãe faleceu. Acompanhei-a, junto no carro funerário, até nossa cidade. O mais difícil foi celebrar a Missa de corpo presente e fazer as exéquias.

Celebrei a Santa Missa do jeito que ela gostava, bem carismática e com muita oração. Não parecia uma Missa de corpo presente, mas a celebração de 70 anos que ela não havia me deixado fazer tempos antes.

'Visitar a Terra Santa, é a experiência de Deus que eu faço, como padre', disse o sacerdote

Portal Canção Nova: Quais são os desafios e as alegrias da vocação sacerdotal?

Padre Luizinho: Toda vocação tem desafios; e a do sacerdote é ser, antes de tudo, homem de Deus, ser diferente, estar no mundo sem ser do mundo, ou melhor, estar à frente do mundo.

Eu sou um homem igual aos outros – com fraquezas e limitações -, mas fui ungido por Deus para ser diferente, ser sinal, exemplo, modelo, pastor. A solidão é um desafio que pode ser vencido no relacionamento com Deus, na vida de oração e no serviço ministerial. Vencido também com verdadeiras e profundas amizades e com a minha comunidade.

Outro desafio é a distância da família de sangue, da convivência, de passarmos juntos as alegrias e tristezas, de não poder ver, de perto, os sobrinhos crescerem. Alegrias são diversas e infinitamente maiores, graças a Deus, na quantidade e na qualidade. Poder ser para as pessoas um pai espiritual, acompanhá-las, poder trazer Jesus para elas, perdoar os seus pecados… Eu gosto muito de viver momentos diferentes; não só como padre, como celebrante, mas como amigo, irmão, que tem um quarto na casa, que é esperado nas férias. Afinal, Jesus prometeu o cêntuplo para quem deixasse tudo por Ele.

Portal Canção Nova: O que o senhor pode dizer aos seminaristas que ingressaram, recentemente, no seminário, ou que sentem este chamado de Deus?

Padre Luizinho: Sejam fiéis ao chamado que vocês sentem no coração. Mesmo que, em determinado momento, ele seja fraco, tão baixinho que mal dê para escutá-lo. Rezem, sejam íntimos do Senhor e de Nossa Senhora. Deixem-se acompanhar, não escondam nada, absolutamente nada, porque toda verdadeira vocação é provada como o ouro e a prata. Não tenham pressa, tudo vem com o seu tempo, principalmente a maturidade, a sabedoria e a santidade.

Portal Canção Nova: Qual é a mensagem que o Senhor pode deixar para os sacerdotes?

Padre Luizinho: Eu ouvia, quando seminarista, do fundador da minha Comunidade, por causa das minhas dificuldades nos estudos: “Não quero diplomas, eles são importantes e virão. Eu quero padres santos!”. É isso que a Igreja e o povo também quer: sacerdotes santos. Não se esqueçam de ser, antes de tudo, verdadeiros orantes, mestres da vida espiritual, da oração. Sejam felizes, sejam de Deus.

Conte sempre com as minhas orações.

Padre Luizinho, Com. Canção Nova.

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