“O Senhor concedeu a uns para ser apóstolos, a outros profetas, a outros evangelistas, a outros pastores e mestres, para aperfeiçoar os santos em vista do ministério, para a edificação do Corpo de Cristo” (Ef 4, 11.12).
A palavra vocação vem do latim vocare, que quer dizer: convocar, chamar, escolher. Em geral é o chamado feito por Deus a determinada alma. Desde que a vida está sob a providência de Deus, as circunstancias da vida estão em funcionamento da vocação de cada um (1 Cor 7,20).
Em sentido teológico, vocação significa o chamamento de Deus a uma alma determinada para a vida religiosa ou ao sacerdócio.
Consiste nos três seguintes elementos;
1. Aptidão física, moral e intelectual para a vida escolhida, isto é, a pessoa deve ter saúde, estabilidade moral e inteligência suficiente para levar a vida que deseja abraçar.
2. Reta intenção, isto é, o desejo de abraçar a vida religiosa ou o sacerdócio, baseado em motivo reto e bom, que poderá ser, por exemplo, servir a Deus, salvar a própria alma mais seguramente, ajudar na salvação dos outros, etc.
3. Aceitação do candidato pela comunidade religiosa ou pelo bispo. Estes três elementos constituem a vocação divina. Como todos três dependem da providência de Deus, a vocação pode-se dizer “chamamento de Deus”.
O despertar vocacional é um caminho lindo que precisamos trilhar a fim de levar uma vida feliz. Este caminho é composto por algumas fases, com assinalamos a seguir.
ESCUTAR
É preciso estar atento à voz de Jesus Cristo que fala de diversos modos. Pode ser durante uma missa, através da homilia; numa palavra proclamada que salta ao coração; ao ler a Bíblia antes de ir dormir.
Jesus é capaz de falar coração de maneira inesperada. Mas escutar o que ele fala não é tudo, é preciso responder Àquele que fala, ou seja, participar ativamente do despertar vocacional.
PARTICIPAR
Somente quem é que da chance a si mesmo de despertar a própria vocação. Portanto, é preciso participar ativamente no processo do discernimento vocacional. Essa atitude ajuda a descobrir a vida plena. Vale a pena fazer este caminho.
PERSEVERAR
Jesus Cristo não se cansa de chamar. Em sua Igreja sempre há lugar para servir. Aquele que escutar a voz do Senhor precisa manter viva esta chama interior. Não deixar que outras vozes ocupem o lugar da voz de Jesus. Para isso existem meios concretos. Por exemplo, se inserir numa das diversas pastorais da Igreja.
OBSERVAR
Olhando com amor para a história de vida, procurar descobrir os momentos onde Jesus falou ao coração de modo mais intenso. Este auto-conhecimento é indispensável no processo de discernimento vocacional. Tal dinâmica nunca acontece num “mundinho” fechado, ao invés, ela se dá em diversos níveis de convivência: familiar, escolar, comunidade paroquial, grupo de amigos, local de trabalho etc. Jesus fala através das pessoas que estão ao nosso lado.
ORAR
Finalmente, o processo de discernimento vocacional não pode ser feito sem oração. A oração é um meio privilegiado de crescimento espiritual que nos proporciona intimidade maior com Jesus e desperta a sensibilidade do coração para as necessidades dos que sofrem. A oração perseverante leva a uma sintonia com os sentimentos mais íntimos e conseqüentemente com o apelo de Jesus. Mas como se aprende a orar? Orar se aprende orando. Ainda que às vezes o cansaço ou uma secura interior dê a impressão de que Jesus esta distante, não desistas da oração. Jesus esta ao seu lado, ou melhor, em seu interior. Basta silenciar o coração e deixar que ele fale: “Vem, segue-me e ide” (Mt 4, 19.20;28,19), “VEM, SEGUE-ME E IDE”, é o lema de Cristo para radicalidade do apostolado do Reino de Deus. “Quem põe a mão no arado e olha para trás não é apto para o Reino de Deus” (Lc 9,62). “Sê fiel até à morte, e eu te darei a coroa de vida” (Ap 2,10).
CONCLUSÃO
Neste momento devemos estar nos perguntando: “O que é vocação? Qual o sentido verdadeiro?” E chegamos a uma resposta: Vocação é um chamado de Deus, para exercermos uma determinada missão em nossa vida e caminhada, trabalhando com o que fomos escolhidos a realizar.
A vocação é o despertar em nosso intimo o amor pelo que fazemos pelo que assumimos verdadeiramente com servos que somos do bom Deus.
Em ‘Caminho de Perfeição’, escreve Santa Teresa de Ávila para as monjas descalças de Nossa Senhora do Carmo: “Ó irmãs, entendei, por amor de Deus a grande graça que o Senhor concedeu às que trouxe para cá, e que cada uma pense nisso profundamente consigo mesma: sendo apenas doze, quis Sua Majestade que cada uma de vós fosse uma delas”.
É o bom Deus que nos escolhe por amor a uma santa vocação. E nós respondemos pela graça de Cristo.
O bom Deus desperta em você o chamado vocacional e espera que você atenda o Seu chamado amorosamente. E tudo para o Senhor Deus acontece com total liberdade. “Onde se acha o Espírito do Senhor ai está á liberdade” (2 Cor 3,17).
Deixe-mo-nos amar pelo bom Deus nos mais profundo ser da nossa vocação. Esse amor a nossa chamada é de eterna graça e alegria.
A vocação é uma santa missão para a nossa feliz realização, para transformar vidas e para glória da Santíssima Trindade.
por Pe. Inácio José do Vale, Professor de História da Igreja – Faculdade de Teologia de Volta Redonda