Ser a heroína ou a vítima da nossa própria história

Ser a heroína ou a vítima da nossa própria história, depende de nossa atitude diante das dificuldades, que encontramos ao longo da nossa jornada, aqui na terra. Ainda que nos custe muito, devemos sempre pensar em nós mesmas, como pessoas que contém fragilidades e preciosidades, que podem estar ocultas, mas eis o tempo de desvendar e trazer para fora tudo o que faz parte da nossa essência de mulher, a fim de transcendemos, a nossa própria natureza.

Te convido a adentrar na história daquela que poderia ser uma grande vítima da sua própria história, mas diante de tantos fatos e desafios, a mesma se tornou uma grande heroína para o povo judeu.

Esta heroína é uma jovem judia, cujo nome é  Ester (Hadassa), que tem sua origem na  tribo de benjamin, cujos pais morreram no tempo do exílio babilônico, e que diante deste fato, a mesma foi criada por um primo chamado Mordecai (Mardoqueu). Ambos estavam entre os judeus que habitavam na fortaleza de Susã, no reinado de Assuero (Xerxes), rei dos medos e dos persas (486 – 465 a.C.). 

  Xerxes, que reinou desde a Índia até a Etiópia sobre cento e vinte e sete províncias, no terceiro ano do seu reinado, o mesmo deu um banquete para mostrar assim a riqueza e glória do seu reino, segundo A Bíblia de Jerusalém, o banquete durou por cento e oitenta dias ao todo. Passando estes dias, o rei deu um banquete desta vez a todo o povo que se encontrava em Susã e não somente a seus oficiais e servos, como tinha sido o banquete anterior.  Nesta ocasião, a rainha Vasti também organizou um banquete para as mulheres, no palácio real, onde o rei Assuero costumava residir. No sétimo dia do banquete o rei Xerxes se encontrava ébrio e deu ordem aos sete eunucos, que o serviam, para que introduzisse a rainha Vasti diante de sua presença, trazendo ela sobre a cabeça o diadema real. Era a intenção do rei exibir diante de todos a beleza de sua rainha.

Na obra:

 

A rainha Vasti, porém, recusou-se a vir segundo a ordem do rei, transmitida pelos eunucos. O rei se enfureceu muito e sua ira se inflamou. Então o rei consultou os sábios especialistas na ciência das leis, pois toda questão real devia ser tratada diante de todos os especialistas na lei e no direito. Os que estavam junto dele eram Carsena, Setar, Admata, Társis, Mares, Marsana, Mamucã, sete oficiais persas e medos que viam pessoalmente o rei e se assentavam nos primeiros lugares do reino. “Segundo a lei”, disse ele, “que se deve fazer à rainha Vasti por não haver ela cumprido a ordem do rei Assuero transmitida pelos eunucos?” Respondeu Mamucã diante do rei e dos oficiais: “Não foi somente contra o rei que a rainha Vasti agiu mal, mas também contra todos os príncipes e contra todos os povos que vivem em todas as províncias do rei Assuero. Pois a conduta da rainha chegará ao conhecimento de todas as mulheres, que olharão seus maridos com desprezo, dizendo: ‘O rei Assuero ordenou que se trouxesse a rainha Vasti à sua presença e ela não veio!Hoje mesmo as mulheres dos príncipes da Pérsia e da Média dirão a todos os oficiais do rei o que ouviram falar sobre a conduta da rainha; então haverá muito desprezo e ira. Se bem parecer ao rei, promulgue, de sua parte, uma ordem real, que será inscrita nas leis da Pérsia e da Média e não será revogada: que Vasti não venha mais à presença do rei Assuero; e o rei confira sua qualidade de rainha à outra melhor que ela. E a sentença que o rei promulgar será ouvida em todo o seu reino, que é vasto. Então todas as mulheres honrarão os seus maridos, tanto os grandes quanto os pequenos.”  (BÍBLIA, ESTER, 1, 12-19)

Diante desta situação, o rei mandou embora sua primeira esposa, a rainha Vasti. A partir deste fato, ele buscava uma nova esposa para se tornar rainha. Nesse intuito organizaram uma competição onde mulheres jovens e bonitas, de todo o reino foram levadas ao palácio, para receberem o devido tratamento de purificação, antes de entrar na presença do rei.   No meio dessas mulheres se encontrava a jovem Hadassah, que se apresentou como Ester por ser um nome Babilônico, podemos imaginar os diversos  sentimentos, que habitavam o interior da jovem Ester, pois a mesma, fora raptada do seu lar  por meio de intimidação ou violência, para ser usada sexualmente pelo rei, tendo a possibilidade do rei a escolher ou não para ser a sua rainha, se a mesma não fora escolhida para ser sua esposa, seria tratada apenas  como uma das suas concubinas que era uma espécie de esposa secundária ou uma escrava sexual. 

Segue no livro que 

 

Cada moça devia apresentar-se por seu turno ao rei Assuero no fim do prazo fixado pelo estatuto das mulheres, isto é, doze meses. Assim se cumpriram os tempos da preparação: Durante seis meses as moças usavam óleo de mirra, e nos outros seis meses, bálsamo e ungüentos empregados para os cuidados da beleza feminina. Quando a jovem se apresentava ao rei, recebia tudo o que pedisse para levar consigo do harém ao palácio real. Ia para lá à tarde e, na manhã seguinte, passava a outro harém, confiado a Sasagaz, eunuco real, guarda das concubinas. Ela não mais retornava ao rei, salvo se o rei a desejasse e a chamasse pelo nome. Mas Ester, filha de Abiail, tio de Mardoqueu, que a adotara como filha, quando chegou a sua vez de ir ao rei, nada pediu além do que lhe fora indicado pelo eunuco real Egeu, guarda das mulheres. Pois Ester alcançara graça diante de todos os que a viram. Ela foi conduzida ao rei Assuero, ao palácio real, no décimo mês, que é Tebet, no sétimo ano de seu reinado, e o rei a preferiu a todas as outras mulheres; diante dele alcançou favor e graça mais do que qualquer outra moça. Ele lhe impôs o diadema real sobre a cabeça e a escolheu para rainha no lugar de Vasti. (BÍBLIA, ESTER, 2, 8-17)

 

Contudo, ela não revelou a ninguém que era judia, conforme a ordem dada por Mardoqueu. Sendo assim, nem mesmo o Rei sabia qual era a nacionalidade de Ester. Depois de tais acontecimentos, o rei Assuero engrandeceu a Hamã, filho de Hamedata, agagita, e o exaltou, dando-o seu assento acima de todos os príncipes que estavam com ele. Todos tinham que se inclinar diante de Hamã, porém Mardoqueu não se inclinou, nem se prostou diante de Hamã, este se encheu de furor, pois em seu coração já havia uma fúria contra os judeus, o povo do qual Mardoqueu fazia parte. A razão pela qual Mardoqueu não prestou homenagem a Hamã é porque ele era agagita, ou seja, ele veio do reino de Agag, um rei dos Amalequitas, que no passado tinha lutado contra Israel quando estes estavam a caminho da terra prometida, os amalequitas eram conhecidos por inimigos de Deus, do povo de Deus.

Hamã decidiu destruir todos os judeus, ele estabeleceu uma data para isto, tendo em vista a permissão do rei, ele estabeleceu o décimo terceiro dia do décimo segundo mês. Após Hamã afirmar ao rei que os judeus não cumpriam as leis que o rei estabeleceu, o mesmo obteve a aprovação do rei para concretizar os seus planos contra os judeus. A ordem de destruição dos judeus foi escrita sob o olhar do próprio Hamã, que, logo em seguida, foi enviada a todas as províncias do Rei, causando tristeza e lamentações entre todos os judeus. 

Ester, que ainda não sabia nada a respeito do decreto contra os judeus, ficou muito triste ao saber que seu tutor Mardoqueu estava amargurado, e ao ir em busca de informações a respeito, a mesma teve conhecimento dos fatos, diante deste contexto, Mardoqueu pedi-lhe para ir ao rei e rogar por seu povo. 

Ester envia um mensageiro a Mardoqueu e pede-lhe para ajuntar todos os judeus que habitavam em Susã e jejuar por ela durante três dias, pois a mesma junto com suas servas iria fazer o mesmo e no terceiro dia ela iria ao encontro do rei, mesmo sem ser chamada e correndo risco de vida, para rogar-lhe pela vida de seu povo. 

No terceiro dia Ester finalmente foi ter com o Rei. A mesma poderia ter sido morta ao ir lá sem ser convidada, exceto se o rei estendesse seu cetro de ouro para ela, e aconteceu que o rei vendo que Ester se encontrava no pátio, ele estendeu o cetro de ouro que tinha em sua mão, e Ester, que tinha alcançado graça aos olhos do rei, tocou a ponta do cetro. Na ocasião Ester convidou o rei e Hamã para irem a um banquete que ela havia preparado. Neste banquete ela convidou-os para outro banquete no dia seguinte.

Certa noite fugira o sono do rei, então este mandou trazer o livro de registro das crônicas, as quais se leram diante do rei.  Em um destes escritos estava registrado que Mardoqueu tinha denunciado Bigtã e Teres, dois dos eunucos do rei, da guarda da porta, que tinham procurado lançar a mão contra Xerxes. Ao escutar o relato, o rei perguntou qual teria sido a honra dada a este homem que salvara a sua vida, os servos revelaram que nenhuma. Na manhã seguinte, quando Hamã ia pedir ao rei a cabeça de Mardoqueu, acontece-lhe uma surpresa desagradável, o rei pergunta-lhe o que deve ser feito a um homem que o rei deseja honrar, Hamã dá a sua sugestão pensando que tal homem, que o rei deseja agradar, era ele próprio, mas ao descobrir que ele seria o encarregado real a cuidar desta honra e que a pessoa honrada seria o Mardoqueu, pessoa a qual ele planejara enforcar, sua ira aumentara, porém obedeceu piamente a ordem do rei. Nesta mesma tarde, Hamã foi ao banquete da rainha Ester, junto com o rei, durante o banquete Ester revelou a sua nacionalidade ao rei e fala-lhe que Hamã planejou destruir a sua nação, ao ouvir isto, o rei ficou furioso, ele manda matar Hamã e descobre a existência de uma forca, a qual teria sido projetada para enforcar o judeu Mardoqueu, então o rei ordena que Hamã seja enforcado em sua própria forca de cinqüenta côvados de altura.  Os papéis de Mardoqueu e Hamã foram reversos. 

O décimo terceiro dia do décimo segundo mês tinha sido definido como o dia da total destruição dos judeus, após estes fatos, o rei não apenas cancelou essa ordem, mas também inverteu a situação, concedendo aos judeus que se reunissem, e se dispusessem para defenderem as suas vidas, matando e aniquilando todas as forças que viessem contra eles. 

Depois deste acontecimento o dia 13 de Adar foi lembrado como o dia em que os judeus puderam lutar pelas suas vidas. No dia 14 de Adar foi fixada a festa de Purim (ou das Sortes). 

 Este livro tem como objetivo, ajudar a você mulher a se reconciliar com a sua natureza, buscando o autoconhecimento, para que você, possa se reconciliar com a sua própria identidade, e assim,  assumir a sua natureza de mulher, mas também te levar a uma experiência da palavra de Deus em visão literária, social e formativa. Somos convidadas diante desta obra, a deixarmos de sermos vítimas e assumirmos a nossa identidade de heroínas, por meio da nossa oração e da divina providência que está regendo todas as coisas em nossa vida.

 


 

Missionária da Comunidade Canção Nova

Huanna Cruz