O perigo por detrás da Constelação Familiar
Recebi alguns e-mails e mensagens de pessoas que me seguem nas Redes Sociais; e pelo Blog “Livres de todo Mal“, perguntando sobre o que é essa realidade chamada Constelação Familiar.
Perguntaram-me, se este tipo de abordagem é algo que a Igreja aceita, ou é algo voltado para o Demônio, Espiritismo e coisas do tipo…
Decidi escrever sobre o mesmo, para sanar um pouco sobre estas dúvidas, e conseguir esclarecer sobre os perigos reais que este tipo de “terapia” tem oferecido às pessoas.
Confesso que fiquei surpreso com algumas realidades que acabei descobrindo, e que nem mesmo sabia, como por exemplo, a abrangência que este tipo de recurso tomou em alguns ambientes jurídicos.
Mas vamos entender do que se trata, e para entender, será preciso conhecer o que está nas origens deste tipo de “terapia”.
A Constelação Familiar é um método psicoterapêutico, criado pelo alemão Bert Hellinger.
Quem é Bert Hellinger?
Bert Hellinger nasceu na Alemanha em 1925. Era um Sacerdote Católico, que foi enviado em missão para a Africa do Sul, e por lá conviveu em torno de 16 anos em meio a tribos zulus, na qual observou seus comportamentos, costumes, rituais; e observou uma maneira muito particular desta tribo de cultuar os seus antepassados.
Bert Hellinger já tinha um certo conhecimento na área da psicologia, e após 25 anos como sacerdote, Hellinger decide deixar o sacerdócio, volta para a Alemanha, e decide se especializar em psicanálise.
Em seus estudos, Hellinger conheceu uma outra metodologia de estudo dentro da psicanálise formulada por uma americana chamada Virginia Satir, em meados dos anos 70. Virginia Satir trabalhava com uma metodologia na qual deu o nome de “esculturas familiares”, que tinha por base uma dinâmica de terapia em grupo, que convocava diversas pessoas que estavam vivendo realidades problemáticas e de sofrimentos para estarem juntas na terapia. Faziam que os participantes que lá estavam, fossem chamados para representar um membro de uma determinada família que lá estava procurando ajuda. Esta pessoa que era escolhida para representar o membro de uma determinada família que ela não conhecia, eram expostas à algumas perguntas de psicanalista Satir, e começavam a dizer como estavam se sentindo representado aquela pessoa…Estas pessoas, um tipo de “ator”, as vezes diziam estarem reproduzindo os mesmos sintomas, sentimentos, desejos na qual a pessoa que ele representava poderia estar sentindo ou sentiu, caso fosse falecida; mesmo sem saber nada a respeito daquela pessoa.
Este tipo de psicoterapia que Virginia Satir aplicava, já era conhecida – mas nunca muito bem explicada – foi desenvolvida por Levy Moreno, criador do psicodrama.
O que é o Psicodrama:
“Psicoterapia de grupo em que os pacientes escolhem os papéis que vão desempenhar na dramatização de uma situação com forte carga emocional, o que dá ao terapeuta a oportunidade de apreender os sintomas que afloram no relacionamento entre os participantes.”
Diante destes conhecimentos, e da experiência que Bert Hellinger adquiriu observando as tribos zulus com a forte experiência com o culto dos seus antepassados, resolve ele remodelar e juntar todas estas informações e criar o método chamado Constelação Familiar.
O que constitui este método Constelação Familiar?
Este método reproduz praticamente o mesmo modelo de Virginia Satir, chamado “esculturas familiares”. Mas, Bert Hellinger inclui fortemente a questão da hereditariedade. Conforme observou nas tribos zulus.
É bom frisar que esta metodologia não é reconhecido pelo CFP (Conselho Federal de Psicologia), nem pelo CFM (Conselho Federal de Medicina), por falta de estudos científicos que comprovem sua eficácia. E certamente não deverá ser reconhecido nunca, pois o próprio Hellinger chama o seu método, de “método fenomenológico”, isso é, um método empírico, que se baseia na observação e dados obtidos através da experiência e da vivência do pesquisador, para que após os dados obtidos e comprovados os resultados, o mesmo possa se tornar um método científico.
“Na filosofia, empirismo foi uma teoria do conhecimento que afirma que o conhecimento vem apenas, ou principalmente, a partir da experiência sensorial.“
É importante sabermos essa definição de empirismo dentro da Filosofia, porque também se trata disso o método da Constelação Familiar.
Esse método pode ser confundido muitas vezes com a realidade que nós já ouvimos falar sobre a Cura e a Libertação da nossa Arvore Genealógica ou Cura das Gerações, na qual existe um fundamento para nós Católicos e até biblicamente podemos nos basear.
Mas há uma grande diferença entre ambas, esse é o primeiro ponto a ser destacado!
Basicamente o que ensina este método, é que trazemos de maneira inequívoca, todos os males que foram se repetindo na história dos nossos antepassados. Tudo aquilo que eles viveram de situações ruins e boas, carregamos como um “karma” e que estas realidades podem estar interferindo em nossas vidas atualmente. Acreditam que todas as nossas reações negativas, falta de amor, depressão, tristeza, temperamento, comportamento, emoções; e até mesmo relações com fracassos financeiros, afetivos e familiares, herdamos dos nossos antepassados, e para isso é preciso que os participantes sejam inseridos em algumas sessões, que mais parecem algo teatral do que outra coisa.
Como explica o espírita brasileiro Divaldo Franco:
“A família é uma constelação, na qual o pai é o sol, a mãe é a lua, os filhos são os astros que circulam em torno deste conjunto. Os demais familiares são os asteróides.”
E o que acontece é que os fatos que os nossos antepassados foram vivenciando, vão desalinhando estas “constelações”, e é necessário que esta energia que há nas famílias e nas gerações sejam alinhadas novamente.
Os atendimentos costumam ser coletivos. Quando feita em grupo, a Constelação junta pessoas que não se conhecem e que representam papéis da vida de quem está sendo “constelado”. Para participar, você diz seu problema, e o “Constelador” escolhe entre quem está na sala, pessoas para representar todos os inseridos na situação.
Por exemplo:
A pessoa/cliente apresenta um problema de não conseguir se casar. Para entender essa realidade, pessoas entre aquele grupo são escolhidas para representar a própria pessoa que esta com problemas, e ainda remontar um tipo de árvore genealógica, para “descobrirem” em que momento do passado isso possa ter acontecido com algum ente, ou alguma realidade que eles viveram que possa influenciar sobre isso que ela vive atualmente.
O profissional que rege a sessão, vai perguntando aos integrantes o que se passa nos sentimentos deles, o que está se passando em suas mentes, desejos, emoções; e qual a sua vontade diante daquela realidade. E naquele “teatro psicológico obrigatório” vai se desvendando o que aconteceu. O método quer confirmar como os sentimentos de antepassados chegam até você…O método afirma que você pode se “conectar” com a energia daquele que você esta representando.
Este tipo de método também tem sido aplicado quando pessoas já falecidas, fazem parte do contexto problemático. E ai, uma pessoa do grupo também é chamada para representar essa pessoa, e “sentir” e “falar” tudo o que ela vivenciou quando ainda estava viva, antes de morrer…É tipo uma sessão de necromancia! A pessoa só não diz que está incorporada pelo espírito, mas age e reage como se estivesse sentindo as mesmas coisas que a pessoa já falecida.
O que pensar da Constelação Familiar?
No meu modo de ver e avaliar tudo isso, essa realidade de Terapia de Constelação Familiar, não passa de um teatro de indução sobre a mente das pessoas, que fantasiam sentimentos e emoções, como se estivessem ligadas à alma ou energia daqueles que estão ali representando.
O próprio Bert Hellinger, diz que a eficácia do método se dá por conta da “comunhão de almas” que existe entre o “ator” e o “representado”, ainda que não se conheçam, essa energia pode fluir sobre eles.
Um dos problemas que já estão acontecendo, é que há pessoas que dizem serem sensitivas a este tipo de “comunhão de almas” e dizem serem desenvolvidas mediunicamente, e trabalham somente com “atores” nestas terapias, pela facilidade de se ligar à alma ou energia de outros.
Há também uma “salada de frutas” com a questão de cursos voltados ao Coaching que tem adotado esta metodologia para “adivinhar de maneira induzida” o porque certas pessoas não conseguem desenvolver o seu potencial enquanto empresário e financeiramente! E ai seguem com o teatro! Nem vou entrar aqui e agora na questão do Coaching e Cristianismo, se não teremos muita coisa para falar; mas já adianto que “uma coisa coisa não casa com a outra”.
Ha meses atrás, um canal de televisão de grande audiência passou uma reportagem falando que este tipo de método de Constelação Familiar esta sendo adotado por tribunais de justiça de alguns estados para resolverem problemas jurídicos de casais que querem se separar ou estão disputando a guarda dos filhos. Há no momento da teatralidade emoções que são expostas e que por vezes coincidem com aquilo que os participantes viveram, e isso gerou alguns tipos de resultados, que de fato não é sabido o que aconteceu posterior á isso.
Já existem psicoterapeutas trabalhando e aplicando esse método juntamente com isso a hipnose!
Também algumas linhas de espiritismo adotaram isso de maneira que, estas práticas contam com a ajuda de “espíritos desencarnados” para se comunicarem e ajudar na solução de problemas.
Existe um livro do espírita brasileiro Divaldo Franco, na qual trata desta abordagem do Constelação Familiar e que o mesmo foi escrito a partir do contato com um espírito que se auto denominava Joanna Angelis.
Com isso já começamos a perceber o caminho perigoso que este tipo de técnica pode levar às pessoas que não tenham muita instrução, ou que não conhecem muito da doutrina da Santa Igreja.
Podemos dizer que isso é de origem Diabólica?
Penso que não podemos dizer que isso é Diabólico na sua essência! Mas é algo perigoso e pode se tornar Diabólico dependendo do tipo de abordagem que a pessoa está sendo inserida!
É um método certamente de indução, de persuasão, de sugestão da mente, mas que podem trazer consequências desastrosas! Há uma linha muito tênue que pode levar ao espiritismo.
Vamos usar da lógica agora,, para ver a confusão.
Pensa comigo: As pessoas que estão lá, estão porque trazem problemas. Todo o grupo que se reune são de pessoas que trazem algum tipo de problema.
As mesmas pessoas que trazem problemas, são chamadas para “representarem” pessoas que irão “compor a cena” da realidade de uma pessoa que também esta lá precisando de ajuda.
Se tudo se passa em torno da sugestão e da persuasão da mente, os “atores” irão ser influenciados pelo seu próprio interior (que precisa de ajuda) e dirão que estão ligados “à alma” ou a “energia” daqueles que eles estão representando; quando na verdade podem estar projetando nas respostas os seus próprios problemas!
Resumindo: Pessoas com problemas, projetando seus problemas, sobre pessoas que estão procurando ajuda de seus problemas! Resultado disso, só pode ser PROBLEMAS!
Psiquiatras e Psicólogos são quase que unânimes em dizer que este tipo de método pode trazer prejuízos futuros, uma vez que as pessoas podem tocar em feridas que viveram, e depois não terem um tipo de acompanhamento, e terão que lidar com suas dores e traumas sozinhos. Além do mais, nem sempre quem conduz estes tipo de terapia tem uma formação na área de psicologia ou psiquiatria!
“Todo procedimento psicológico que procura investigar e trazer lembranças de períodos conflituosos não superados pode causar uma crise depressiva e até existencial na pessoa” – Bruno Costa (Psicólogo UNB)
Portanto e já para encerrar, a minha opinião pessoal é que nós cristãos não devemos nos envolver com este tipo de realidade. Temos graças a Deus, diversas outras maneiras de trabalharmos estas realidades dentro da Igreja Católica, de forma ajustada e equilibrada, tanto a nível espiritual, como a nível da própria medicina.
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Danilo Gesualdo, é membro da Comunidade Canção Nova e atua junto ao Ministério de Cura e Libertação, residindo em nossa sede em Cachoeira Paulista. Para contato me envie um e-mail: livresdetodomal@cancaonova.com |