PREGO EM BURARAMA

Revendo meu arquivo pessoal, lembrei de uma reportagem que fiz na reserva florestal de Burarama, em Cachoeiro do Itapemirim-ES, onde existia em 2001, um bando de macacos-prego. Um primata muito simpático e que corre o risco de desaparecer da fauna brasileira. Eles se alimentam de frutos, nozes, sementes, flores, insetos, ovos e pequenos vertebrados. Podem viver em bandos de até 50 indivíduos e são considerados os primatas mais inteligentes das Américas. Por causa da falta de chuva nos períodos de outono-inverno,  ele tem dificuldade em achar alimentos nas matas que  vive. E ao entrarmos na reserva, nos deparamos com um grupo, de aproximadamente 40 macacos. Todos famintos e já acostumados com a presença humana. Nosso guia levou pedaços de banana e laranja. E os bichos vinham comer em nossa mão, tamanha a fome por causa da falta de alimento. Olhei a vegetação completamente seca e descobri que isso só acontece porque o rio que cortava a reserva, antes dela ser reserva, secou. Ele foi destruido por causa das queimadas e desmatamentos das nascentes. Uma prática que continua a acontecer hoje nos quatro cantos do Brasil. Prática que visa o plantio de pastos, a venda ilegal de madeira, o lucro fácil e sem a declaração de impostos, já que os “invasores” utilizam áreas do governo federal para criar gado ou retirar madeira de lei. Prática que não visa a preservação de espécies como o macaco-prego e do próprio meio ambiente tão necessário ao homem.  O macaco-prego vive de forma simples. Faz estripulias nos galhos, coleta alimentos para o seu sustento do dia e se esforça para sobreviver em meio as dificuldades impostas pela ganancia do homem.  O homem ambicioso não quer vida simples, como destinar um tempo para as “brincadeiras” com os filhos ou esposa, ou admirar as riquesas da natureza. Ele até poderia ser livre de tanta preocupação, de tanto esforço exagerado em conquistar e ter mais e melhor, de acreditar que sempre temos o que precisamos, se agirmos com honestidade e simplicidade, mas o homem não quer o “básico” e sim o tudo que ele ostenta.  E eu e você? Como estamos vivendo nossas buscas e conquistas? Nos vangloriamos com o que Deus nos dá? Achamos que o poder é nosso, a conquista é nossa?

Deus abençoe!

Wallace Andrade
Comunidade Canção Nova

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Jornalista, missionário da Comunidade Canção Nova, escritor, casado com Valeria Martins Andrade e pai de Davi Andrade, natural de Campos dos Goytacazes-RJ.