Vivemos tempos difíceis, onde as notícias são sempre muito carregadas da sensação de que tudo está perdido. Quando abrimos os microfones de uma rádio, ou sentamos numa bancada para apresentar um telejornal, nunca lembramos de que do outro lado existem pessoas interessadas na informação sem exageros. Lembro aqui das notícias, que apresento no Jornal Canção Nova, da Rede Canção Nova de Rádios (de segunda a sexta, das 6.30 as 7.00 horas). Um fato atrás do outro e se não vigiamos, corremos o risco de sermos comunicadores robotizados. Damos as mesmas notícias em todos os meios de comunicação. A maioria sempre com a mesma linha, o mesmo direcionamento. Sem ao menos seguir a velha e boa frase do locutor de futebol, já falecido, Waldir Amaral, que dizia: VOCÊ OUVINTE É A NOSSA META… PENSANDO EM VOCÊ É QUE PROCURAMOS FAZER O MELHOR.!” Mas como pensar no melhor para o ouvinte, quando se transmite notícias sem esperança… sem vida. As vezes tenho a impressão de que nós comunicadores achamos que quem nos ouve ou nos assiste, quer só saber de desgraças. E a própria palavra diz: des – graças. E como viver nesse mundo sem a graça? E principalmente sem a graça do Senhor, que nos impulsiona a sermos diferenciados. A pensarmos no próximo como seres humanos. Não esqueço o dia em que ao fazer minha primeira reportagem policial, lá pelos idos de 1992, cheguei ao local de um assassinato e no chão encontrei um amigo de infância morto com três tiros. Ali tive a minha primeira lição de vida profissional. Para os editores, precisava noticiar o caso com a verdade dos fatos e claro com “recheios” de sensacionalismo. Mas felizmente venho de uma família simples, onde meu pai e minha mãe, me ensinaram a respeitar sentimentos e pessoas. Amar é respeitar sempre, mesmo quando não se trata de familiares de um amigo de infância. Fiz a reportagem com lágrimas nos olhos e com todo o cuidado necessário para não ferir ainda mais aquela mãe e irmãos do meu falecido amigo Josué, que chamávamos carinhosamente de “Zueca”. Só fiz questão de expressar um detalhe importante na reportagem daquele fatídico dia. “Zueca” foi assassinado por engano. Um marido traído o confundiu com o amante de sua esposa, com traços físicos bem parecidos com o dele.

WALLACE ANDRADE
missionário e jornalista
Comunidade Canção Nova