Assembleia de Vozes

Você já escolheu a sua Assembleia de Vozes?

Você já escolheu as vozes que iluminarão a trajetória da sua vida?

Voce ja escolheu sua assembleia de vozes

Muitos me procuram perguntando como podem crescer na vida espiritual junto a um Diretor Espiritual, uma vez que, em minhas redes sociais, eu sempre dou esse conselho diante das perguntas e dos dramas que muitos me apresentam.

A grande verdade – e eu bem sei disso – é que encontrar alguém que esteja disponível não é fácil, e mais difícil ainda será encontrar alguém que esteja, realmente, apto para esse trabalho de Direção Espiritual.

Um Diretor Espiritual não é uma pessoa que exerce apenas a função de ouvinte, como um membro de uma pastoral da escuta; ele vai muito mais além do que apenas escutar as pessoas derramarem suas aflições e seus problemas diante de si. Um Diretor Espiritual deveria ter uma certa experiência com os assuntos voltados à Teologia, Filosofia, Psicologia, experiência de vida e, sobretudo, uma força e um discernimento espiritual capazes de conduzir as almas daqueles a quem Deus confiou a ele no caminho para o céu.

Um Diretor Espiritual tem que ter aquela habilidade de “ler a alma” daquela pessoa que está a sua frente, apontar caminhos, apresentar métodos e práticas que conduzirão aquela alma na obtenção de virtudes e no abandono dos vícios.

Ele não precisa ser, necessariamente, um sacerdote, mas o ideal é que o fosse. Pode-se recorrer a um leigo, um missionário, uma irmã religiosa. Ainda que esses não tenham todas as habilidades e características que elenquei acima, é necessário, ao menos, que seja uma pessoa experimentada nas realidades espirituais e coerente no seu modo de vida cristã.

É possível encontrá-los em mosteiros, institutos religiosos, conventos, comunidades católicas e em diversas paróquias. Já vos adianto para não ficarem decepcionados ao buscarem tal ajuda, pois não será fácil receber uma resposta positiva dessas pessoas quanto à direção espiritual. Não os culpe, porque, para muitos, faltará a experiência necessária, e que bom se os mesmos se reconhecem despreparados para tal ofício, pois é melhor fazerem o que está dentro de suas possibilidades do que irem adiante e assumirem aquela alma de maneira negligente. Outros não conseguirão, porque, realmente, sabem que isso se trata de um trabalho exigente, e que, infelizmente, a messe é grande e poucos são os operários; e por isso não conseguem assumir mais essas responsabilidades.

Quero lhes fornecer algumas sugestões e direcionamentos que poderão o ajudar em seu caminho de crescimento humano e espiritual, ainda que não tenha um Diretor Espiritual. É um caminho de orientação, um caminho seguro que o levará a Deus, e que só dependerá da sua sinceridade em buscar este caminho e na sua determinação e constância diante dele.

Assembleia de vozes – O que seria uma assembleia de vozes?

Assembleia de vozes é um modo figurado de fazermos algumas escolhas reais para elegermos “vozes” que estarão sempre diante de nós com um certo tipo de autoridade, para nos orientar e “julgar” o nosso modo de vida diante dos desafios que vamos vivendo todos os dias. É a escolha de interlocutores, pessoas, vivas ou mortas, que nos servirão de norte para aquilo que desejamos e almejamos ser.

Na prática, você deve escolher três ou quatro pessoas que sejam superiores a você em sua história biográfica. A escolha dessas pessoas não deve ser somente porque você as admira por alguma qualidade que elas trazem, mas deve ser uma escolha que vai além da admiração humana; uma escolha que lhe permita, de certa forma, imitar essa pessoa. A vida dela deve fazer sentido e trazer coerência para a sua vida, precisa conseguir lançar para a sua vida possibilidades de crescimento, se você a imitar.

Uma vez escolhida a sua Assembleia de Vozes, você deverá colocar-se, constantemente, diante dessas vozes, que serão capazes de o avaliar, julgar e orientar.

Como escolher a minha Assembleia de Vozes?

A primeira coisa é conhecer bem essa pessoa, sua história, seus pensamentos, suas ideias. Ter um certo tipo de compreensão da vida dessa pessoa num todo, pois ela passará a ser um tipo de “juiz” da sua vida e das suas ações; e se você não a conhece bem, não conhece a sua estrutura de pensamento e de vida, você não consegue, na aplicação da Assembleia de Vozes, ser realista; e vai maquiar o “som” daquela voz que o dirige, tornando esse trabalho mais fantasioso do que real.

Então, se você já tem em mente alguém, precisará estudar a vida dela, ler suas biografias (se for alguém que já morreu) ou ter um bom conhecimento da pessoa se ela ainda estiver viva.

Muitos escolhem algum santo de sua devoção para compor sua Assembleia de Vozes, e essa é uma ótima escolha, uma vez que esse santo já está num grau de superioridade frente a você, esse santo já demonstrou, com a sua vida, suas capacidades de orientação e escolhas para o transcendente, para o que está acima de si mesmo.

Há pessoas que escolhem “vozes”, para compor a sua assembleia, de pessoas que ainda estão vivas. Escolhem filósofos, teólogos, pensadores, pessoas com uma vida digna de serem imitadas e que condizem com a realidade da sua própria vida e apontam para aonde você quer chegar.

Uma vantagem de escolher uma pessoa viva é também a possibilidade de poder se encontrar pessoalmente com ela e ouvi-la presencialmente, sem a necessidade de recorrer aos seus escritos e pensamentos.

Como viver com a Assembleia de Vozes?

Você deverá fazer o exercício de colocar-se, constantemente, frente a essas “vozes” diante de toda e qualquer realidade que você esteja vivendo: seja decisões que precisará tomar, dúvidas, incertezas ou ainda de realidades que se encontram presentes em sua vida e que você não consegue superar, e que precisa da ajuda de alguém que seja superior a você e poderá orientá-lo e indicar o caminho a percorrer.

Será também um caminho de imitação: você olhará para essas “vozes”, que na verdade são pessoas, e, olhando os aspectos da vida delas, escolherá imitá-las. Não pense que imitá-las é um recurso de falsidade biográfica. Não! Muito pelo contrário, é um recurso que o ajudará a chegar ao seu objetivo. Você não perde a sua originalidade, sua pessoalidade, afinal, termos pessoas ao nosso lado que nos sejam superiores, em geral, nos eleva. Dê, sem medo, “a mão” para essa pessoa escolhida e tente fazer esse caminho com ela.

Não queira ficar criando caminhos originais de santidade a serem traçados – isso raramente pode acontecer. O mais comum é que você, olhando para um caminho que deu certo, fará o seu caminho pessoal. Os próprios santos fizeram isso, imitaram alguém! Ninguém que se isolou numa caverna e viveu por lá anos e saiu posteriormente de lá um santo. Eles tiveram alguém que os ajudasse, alguém para imitar, um mestre, um sábio, e por isso conseguiram chegar aonde chegaram. O próprio Apóstolo Paulo disse: “Sede meus imitadores…” (ICor 11,1)

A busca por certa originalidade, além de ser soberba, logo paralisará todo o seu caminho de crescimento, porque ninguém consegue se sustentar tendo a si mesmo como o referencial do próprio caminho. A tentativa de fazer tal caminho de “originalidade” pode culminar com os mesmos resultados que Lúcifer obteve.

Você precisará usar um pouco do recurso da sua imaginação para se colocar frente a essas pessoas, diante de suas “vozes”, e ser “julgado”, orientado por elas.

Imagine que você escolheu São Francisco de Assis para compor a sua Assembleia de Vozes: de tempo em tempo, você deverá se apresentar diante desse seu interlocutor, apresentando aquilo que precisa ser resolvido, esclarecido ou algo do tipo. Diante daquilo que você conhece do pensamento, da vida, das escolhas, das ações de São Francisco no mundo, de quem realmente ele foi, você se deixará ser guiado por “aquela voz” que lançará luzes diante do seu caminho.

Não será um recurso imaginativo que o lançará no mundo das fantasias, muito pelo contrário, é o uso da imaginação como recurso de buscar, na razão e no conhecimento adquirido sobre a vida daquele santo, uma orientação real e concreta.

Se você é jovem e escolheu Dom Bosco para a sua Assembleia de Vozes, busque conhecer cada detalhe da vida desse santo. O que é o Sistema Preventivo de Dom Bosco, o que ele queria dos jovens, o que ele disse, o que ele deixou escrito, o que ele detestava, como foi a visita, por meio dos sonhos, ao céu, ao purgatório e ao inferno; que lições é possível absorver e assim por diante. Quando você precisar de uma orientação, coloque-se frente a Dom Bosco e permita que “sua voz” o oriente. Esse é um ótimo recurso para sua orientação no mundo. Não estou dizendo que isso substitua um Diretor Espiritual, mas estou o aconselhando de que é um ótimo caminho de crescimento.

Vou dar somente um exemplo da minha Assembleia de Vozes:

Elegi, para minha Assembleia de Vozes, o meu querido pai e fundador padre Jonas Abib. Trata-se de alguém vivo, portanto. Eu já convivo com o padre Jonas Abib há 19 anos, morei este tempo todo “ao lado” dele, na mesma missão. Por diversas vezes, pude conversar com ele, ouvi-lo. Tenho os escritos internos que o padre Jonas deixou e continua fazendo, tenho acesso às dezenas de reuniões internas e palestras que ele pregou durante décadas. Com tudo isso, é possível que eu conheça bem a forma como padre Jonas me orientaria em determinadas situações, ainda que eu não tivesse o contato pessoal com ele.

Quando, no início do ano, fui remanejado para Pernambuco, eu, mais uma vez, estive pessoalmente com ele, eu o ouvi, ouvi suas direções e orientações. Portanto, padre Jonas Abib é a primeira e mais importante voz que dirige a minha Assembleia de Vozes.

Quando algo surge que preciso resolver ou tomar decisões, eu rezo, peço a presença do Espírito Santo e coloco-me, pela minha imaginação, frente ao padre Jonas Abib. É como se ele, realmente, estivesse na minha frente, e eu pergunto a ele como resolveria tal coisa ou como ele agiria em tal situação. Diante de todo o conhecimento que trago dele, do seu pensamento, de sua história e convivência, consigo luzes da “sua voz”, que nada mais é do que um exercício da minha razão de trazer o conhecimento que tenho dele à tona. Entende? Não tem nada a ver com espiritismo, consulta aos mortos etc. Não é nenhum tipo de “experiência de alma”; é apenas compreender o modo de vida que ele viveu, e quais foram suas ações diante do mundo. Simples assim!

Todos os santos de certa forma tiveram sua Assembleia de Vozes!
Você pode me perguntar: Posso escolher Jesus, Maria para minha Assembleia de Vozes?
Não é o ideal! Porque eles estão de um modo tão mais elevado que você, que ainda não é possível dizer que pode imita-los, sem que se frustre! Comece por aquelas “vozes” que te lança mais para o mundo real!
Para esta experiência ganhar forma e vitalidade, recomendo que semanalmente você possa fazer isso. Escolha um dia da semana, um horário, sem que tenha interrupções, e faça este encontro. Os frutos virão!

Espero que tenha ficado claro! Qualquer dúvida, deixe aqui nos comentários abaixo, que na medida do possível irei respondendo!

Deus abençoe você!

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Danilo Gesualdo é membro da Comunidade Canção Nova e atua junto ao Ministério de Cura e Libertação.
Para contato, envie-me um e-mail para:
livresdetodomal@cancaonova.com

 

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