Luzia e Eto em minha vida (Por Mons. Jonas Abib)

Luzia e Eto em minha vida (Por Mons. Jonas Abib)

Antes da Canção Nova como instituição jurídica e bem antes da comunidade, Deus colocou Luzia em minha vida. Não foi algo previsto nem buscado. Pelo contrário, se fosse escolher, escolheria outra pessoa, mas foi ela quem estava ali, desde o início, como companheira na missão.

Como já contei, foi por meio dela que surgiu a primeira casa de encontros, em Areias, Fazenda Morada do Sol. Um fazendeiro colocou à nossa disposição, e com contrato firmado em cartório (por iniciativa dele), sua casa de fazenda. Foi algo maravilhoso. Luzia foi o veículo; ela esteve em tudo. Esteve também na organização da casa para torná-la “casa de encontros”; no esquema inspirado do “Maranatha”, encontro de jovens que Deus inspirou para nossa região; no Congresso de jovens e de Renovação que fizemos na época. Luzia e seu carro, um fusquinha – “Francisco” -, iam para cima e para baixo comigo em todas essas andanças.

Ela esteve no primeiro disco que gravei Canções para orar no Espírito, no segundo, e, principalmente, na inspiração das músicas e na gravação do Amor Vencerá, o melhor disco que fiz! Este é o que mais fala sobre o que eu sou e nossa missão.

Luzia esteve na aquisição do terreno para a Casa de Maria, em Queluz, na planta, e principalmente na construção da casa e de tudo que a envolveu; na criação da Canção Nova como entidade jurídica, o primeiro passo para termos nosso terreno e toda a construção de nossa Casa de Encontros; no planejamento e na realização do Catecumenato; no início da comunidade; da casa que tivemos em Lorena; no pedido e na consecução do primeiro programa de rádio; na aparelhagem de som para os grandes encontros; na caminhada corajosa para a rádio.

Relatei muitos pormenores e devo ter esquecido certamente algum fato importante. Mas o que quis evidenciar é que foi ela que Deus colocou ao meu lado como companheira na missão. Não agia sozinho: a missão se realizava junto com ela. Daí o nome “companheira na missão”.

Deus quis que Luzia tivesse uma participação especial em minha formação. Ele lhe dava a coragem de me dizer e fazer coisas que ninguém diria ou faria e de me corrigir tantas vezes. O padre precisava de correção, e as outras pessoas não tinham a coragem dela para agir assim.

Posso dizer que Luzia entrou em minha vida de padre. Ela me ouviu tantas vezes, me viu e me deixou chorar. O início da Renovação e da comunidade foi duro demais: quanto desencontro e quanta incompreensão.
Compreendo, hoje, que Deus lhe deu a fortaleza para que ela fosse meu ombro forte. Muitas vezes, ela nem sabia o que dizer, apenas me deixava ser gente: falar, chorar, desabafar. Pouco a pouco, fui me degelando.
(…)

Hoje, graças a Deus, sinto-me muito homem e muito humano. Não sou perfeito, mas sou gente. Tenho base para ser um homem de Deus, para poder ser santo, por causa dessa convivência. Foi uma enorme graça de Deus a presença de Luzia em minha vida.

Vejo, hoje, que havia um chamado, uma vocação. Devo dizer: se não tivéssemos vivido tudo o que vivemos, a comunidade não teria nascido. Tivemos de viver antes, para que a comunidade pudesse viver depois.

Hoje, tenho a alegria de falar disso com simplicidade! Lembro-me de que Luzia me disse, mais de uma vez, que chegaria o dia em que testemunharíamos publicamente. Pela graça de Deus, podemos testemunhar.

É impossível negar nosso laço de ser e de missão, principalmente em relação à Canção Nova. Deus colocou Luzia como minha companheira na missão.
(…)

A Canção Nova é a graça do masculino e do feminino vivendo juntos em sadia convivência. O que se passou em nossa convivência está se passando na grande comunidade; muitas moças, muitos rapazes, muitos padres, muitos casados o estão experimentado. Estamos contribuindo, com isso, à Igreja, Não pela força humana, mas pela graça de Deus.

Outra pessoa que Deus pôs para viver e trabalhar comigo foi Eto. Ele esteve nos inícios do trabalho com jovens e com a Renovação, na cidade de Queluz; no começo da casa de encontros, em Areias; e foi ele quem levou à frente o duro trabalho de água, luz, estrada, cozinha, condução. Eto foi o segundo presidente da Associação Canção Nova e entrou numa hora dolorosa e decisiva. Deve-se a ele a doação do terreno para a Casa de Maria, em Queluz; além de ter sido o “braço forte” e o “testa-de-ferro” para a construção da casa e de toda a aventura que a envolveu. A casa existe por sua causa.

A traição que sofreu e a quase falência de seus negócios lhe acarretaram um longo e doloroso tempo de desemprego. Foi um calvário e uma crucifixão.

Como isso coincidiu com sua saída da presidência da Canção Nova, ele esteve um tempo afastado de nossos trabalhos, mas nossos laços continuaram sólidos, apesar do distanciamento.

Eto não esteve próximo a nós no início da comunidade e da rádio. Fomos Luzia e eu que conseguimos para ele um trabalho na Sabesp.

A previsão era que ele trabalhasse na Sabesp, que se iniciava em Queluz, todavia Deus quis que ele fosse trabalhar em Cachoeira Paulista, o que lhe era bem mais difícil: era, porém, a providência de Deus para a Canção Nova.

Pouco depois, com a criação jurídica da Fundação João Paulo II – contra todas as previsões iniciais, pois era para eu ser o presidente -, os fatos levaram a mim e a Luzia a chamar Eto para a presidência. Ele, que de início julgava ser um cargo apenas figurativos, logo se viu novamente envolvido no trabalho, quase heróico, de organizar a administração da obra e impostá-la nos novos trilhos de fundação.

Foi uma aventura muito mais árdua e penosa que a construção da Casa de Maria. E Eto, mais uma vez, pagou o preço.

Foi com ele, e só com ele, que as coisas entraram nos eixos. A Fundação João Paulo II, base jurídica para a Canção Nova, só existe por sua causa.

Desde muito tempo Deus me falava, por meio das Escrituras, a respeito do sacerdote e do governador: duas figuras imprescindíveis, cada um com seu papel na construção da obra.

Depois dos fatos, entendi, com muita clareza, que se eu sou o sacerdote, ele é o governador; se tenho o dom da fundação, se sou o formador, ele é quem administra, governa. O tempo e os fatos mostram como Deus lhe deu amor e dedicação à obra e como o dotou com o dom do governo. Poderia dizer que se dirijo a alma, ele dirige o corpo da Canção Nova. Mas, como alma e corpo são inseparáveis, administrando, ele é parte integrante da condução dessa obra de Deus.

Seria errado pensar que seu trabalho é apenas material. Deus o dotou de sabedoria, prudência e discernimento característicos. Entre os membros da fundação, ele ocupa o lugar de um irmão mais velho de todos e, muitas vezes, de pai.

Cada vez mais sua autoridade é serenamente aceita. Tal autoridade vem do carisma Canção Nova que ele traz em si e que ele trabalha incansavelmente para que se realize de forma concreta.

É uma autoridade que advém do serviço ao carisma e à missão, próprios da Canção Nova. Vem do que ele é e do que faz nessa obra. Ele está, comigo e com Luzia, no coração da Canção Nova. O carisma e a missão nele têm peso!

Não sei definir com palavras toda a sua função. Apenas sei que ele me complementa num campo muito importante e imprescindível. Ocupa um lugar e desempenha uma função que é só dele.

Penso que defino bem dizendo que ele é outro companheiro na missão.

O fato de, mais tarde, Eto e Luzia terem se casado e, mais ainda, o de providencialmente morarmos na mesma casa apontam novamente para esta característica do dom e da missão que Deus nos confiou: homens e mulheres, solteiros e casados, padres e leigos, vivendo juntos, em sadia convivência. É um poderoso sinal de Deus para a Igreja e para o mundo.

Texto extraído do livro “Canção Nova, uma obra de Deus”, do Mons. Jonas Abib. Para adiquirir visite a Livraria do Davi em Natal. Rua Açú, 335 – Prédio da Rádio Rural, ao lado da Catedral Metropolitana de Natal.


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