A vocação faz parte da vida de todo ser humano.
Hoje em dia pensar em vocação é um tema adormecido ou esquecido para muitas pessoas ou simplesmente coisa de vestibular e profissão. Isso acontece porque trazemos a tendência de olhar mais para fora do que para dentro de nós e a vocação é algo escondido no profundo do nosso ser, diz respeito a nossa própria existência.
A vocação está em cada um, como um mistério a ser decifrado. Cada pessoa precisa decifrar o mistério contido em si mesma daquilo que ela é no coração de Deus e aí descobrir a sua vocação, o seu chamado essencial de ser e agir, que é único e irrepetível.
Alguns acham que vocação é algo restrito para quem tem um chamado especial, como para ser padre ou religioso. Isso é um engano, pois a vocação faz parte da vida de todo homem. Cada pessoa foi criada por Deus com uma vocação específica. Cada ser humano traz em si, na sua essência mais profunda, um chamado que dá sentido a sua existência, um chamado a ser de determinado modo e de realizar algo, isso é vocação. A vocação é um chamado à liberdade.
Deus quer fazer de cada filho seu uma obra de arte e obra de arte é coisa única. A partir do momento que você descobre a sua vocação, dentro deste chamado específico encontrará um chamado mais profundo que revela algo de muito pessoal sobre como você deve ser e agir na sua própria vocação.
Encontrar a vocação é descobrir para que viemos ao mundo, para que Deus nos criou, se descobrirmos isso, descobriremos o sentido do nosso existir e o caminho da nossa mais plena realização.
Para descobrir a própria vocação é preciso trilhar um caminho de discernimento. É preciso entender que vocação não se dá por acaso na vida de alguém e também não é uma escolha aleatória que se faz diante de várias alternativas, mas está escrita no coração de cada pessoa desde o momento no qual Deus a criou.
A descoberta da vocação é um trabalho de construção de si mesmo, da sua própria identidade. Um trabalho que exige atenção, escuta, paciência, docilidade para acolher a palavra de Deus, sensibilidade e também a ajuda de um orientador ou diretor espiritual.
O chamado é entendido a partir de uma “experiência pessoal com Deus”. Nessa experiência Ele revela o seu projeto para nós, assim como fez com Moisés (cf Ex 3; 4) e Pedro (Jo 21,15-19). Para atender a esse chamado é preciso tirar as sandálias, ou seja, se despir dos próprios medos, incertezas, preconceitos, inseguranças e também da vontade de querer controlar e conduzir a própria vida por si mesmo. É preciso despir-se da lógica humana para entender as coisas de Deus pela sabedoria do Espírito.
Diante de um chamado é natural ter dúvidas, medo das conseqüências e tentar esquivar-se. Moisés também passou por isso. É a força da experiência de Deus que dá coragem para vencer o medo e responder ao chamado. Pedro também teve medo das conseqüências de seguir Jesus e por isso O negou três vezes (Jo 18,17. 25-26), mas depois da experiência do olhar de Jesus entendeu o Seu amor e, então, deu sua resposta assumindo sua vocação (Jo 21, 15-19).
A vocação autêntica nasce no terreno da gratidão, pois a vocação é uma resposta, não é uma iniciativa da pessoa. A vocação verdadeira deve levar a pessoa a reconhecer todo bem que recebeu – bens dados por Deus e também benefícios recebidos por tantas mediações humanas que são utilizadas por Deus – e chegar a consciência de que (em qualquer caso ou situação da sua vida, por pior que tenha sido) esse bem é sempre muito maior que tudo aquilo de negativo que faz parte da sua própria história.
E você? Tem coragem de encarar essa linda aventura?
Priscila Estrada
Responsável pelo Vocacional da CN em Natal
E-mail: vocacionalnatal@cancaonova.com