Ascenção de Jesus: esperança e confiança

A Ascenção de Jesus nos trás esperança.


Queridos irmãos e irmãs!

Quarenta dias depois da Páscoa da Ressurreição celebramos a Ascenção do Senhor. Jesus subiu aos céus, à direita de Deus. É um mistério para nossa compreensão o sentido da Ascenção. Jesus passou um tempo com os discípulos, foi visto, tocado, realizou curas, milagres, ensinou, rezou, foi traído, entregue injustamente para ser condenado à morte, morreu de forma violenta. Os acontecimentos da vida de Jesus Cristo colocam para nós o realismo de sua Encarnação: Ele viveu entre nós. Ele, Palavra eterna do Pai, se fez carne e habitou entre nós (cf. Jo 1,14). Nunca podemos esquecer que a humanidade de Jesus é para nós o sacramento de Deus, e que nos ensina tanto o amor de Deus pela sua criatura, como também nos incita ao nosso amor por todas as suas criaturas. Que Jesus seja homem isto nos revela algo fundamental sobre o homem (cf. GS 22). Como Jesus viveu é revelador de como Deus quer que o homem viva. Este ensinamento do Concílio Vaticano II de que no mistério do Verbo encarnado encontra luz o mistério do homem, torna-se para nós o fundamento, o sentido e a meta de todo o nosso humanismo.

Devemos cuidar da pessoa humana, pois o Filho de Deus tornou-se Homem. Deus se torna homem, o Criador se une à criatura humana numa união que se se pode afirmar que são inconfundíveis, são também inseparáveis: em Jesus, a Pessoa divina do Filho de Deus se une a e assume a natureza humana. Não é o homem que se torna Deus, mas Deus que se torna homem. Mas, esta união é para sempre (cf. Concílio de Calcedônia, ano 451). Jesus é para sempre o Filho de Deus que se fez homem. Esta nossa fé é o alicerce indestrutível da nossa consideração por todo o ser humano. Não esquecendo jamais, Jesus é o modelo para todo ser humano. Deus, ao enviar o seu Filho ao mundo, não só salva o mundo de algo, mas salva para algo (cf. Jo 3,16).

E ainda, a Ascenção de Jesus à direita de Deus significa que Ele nos espera para que participemos de sua glória. Ela faz com que tenhamos a convicção de fé de que a carne humana que o Filho de Deus assume e leva para junto de Deus é a carne de todos nós. Jesus é o Filho de Maria, homem como nós, exceto no que diz respeito ao pecado (cf. Gl 4,4; Hb 4,15). Por isso, Ascenção quer dizer esperança. Cristo sobe aos céus para de junto do Pai esperar por todos nós. O caminho que vai dessa esperança até a consumação é o caminho da fé e do amor, caminho que só pode ser vivido no Espírito de Cristo, o Espírito Santo.

Nós vivemos da relação de Jesus glorificado e sentado à direita de Deus com o Pai. E isto nos faz todos seus seguidores, continuadores no mundo de sua missão. Mas, ao mesmo tempo, já estamos representados na vida divina, por aquele que assumiu a nossa condição humana. Celebrar a Ascenção significa um ato de confiança. Não está em nós mesmos à vitória, o sucesso, a plenitude da missão. Está nele, Cristo crucificado e ressuscitado, Homem das dores, habituado ao sofrimento, Homem cujo nome é salvação e paz para todos os que creem e esperança para a criatura, feita à sua imagem e semelhança.

Dom Jaime Vieira Rocha

Arcebispo Metropolitano de Natal-RN