A JMJ e a visita de Francisco

JMJ Rio 2013!

Queridos irmãos e irmãs!

Nos dias passados no Rio de Janeiro, durante a Jornada Mundial da Juventude, tivemos a grande alegria da presença de mais de três milhões de jovens de várias nações, e de modo especial, a presença cativante, iluminadora e muito humilde do Papa Francisco. A JMJ foi um acontecimento de oração, de meditação, de comunhão, de encontro e, sobretudo de catequese, de evangelização da juventude. O Brasil foi palco de uma experiência de paz, de harmonia, de fraternidade e de esperança envolvendo a juventude e todos os que participaram desta Jornada Mundial. Pontos altos da Jornada foram a Via sacra, a vigília e a Celebração Eucarística com o Envio, anunciando a data e a cidade da próxima Jornada, que será em 2016, em Cracóvia, Polônia.

Um tom todo especial se deveu a presença do Papa Francisco. Desde o primeiro dia no Rio de Janeiro, o Papa transmitiu alegria e contentamento por estar em nosso meio. Seus gestos surpreenderam a muitos. Claro que seus ensinamentos não são novidade para a Igreja. Mas, a insistência na humildade, no despojamento e na liberdade interior nunca será demais, principalmente na sociedade em que vivemos marcadas pelo consumismo, pela aparência e pelas tantas prisões que nos fazem cativos da angústia e da depressão.

Toda a Igreja é chamada a ser pobre, isto é, a viver despojada de todo poder humano, ser testemunha de simplicidade, porque ela não é autor referencial. Papa Francisco insiste em afirmar que a absoluta referência da Igreja é sempre Cristo, mediador entre nós e o Pai. Por isso, a Igreja deve ser pobre, despojada e nunca segura de si mesma. Sua segurança é sempre Deus, está sempre no Espírito que a conduz e anima. Somente assim, ele será mais próximo do povo, dos pobres, dos aflitos, dos que choram, dos que são perseguidos. A presença de Francisco entre nós recordou que o tempo da graça que nós vivemos desde o Concílio Vaticano II, tempo de anúncio de um poder que é serviço, proclamação da misericórdia invés do bastão da disciplina ou da condenação, da censura, do afastamento do outro, este tempo nunca deve acabar. Impressionou muito a todos a abertura do Papa para abraçar e beijar as crianças, os idosos, os portadores de deficiência, as pessoas que lutam contra a dependência química. Eis o rosto da Igreja: afável, transparente e cativante. “Nunca tenham medo da ternura de Deus”. “Nunca deixem que a esperança seja roubada de vocês”. São palavras que animam, trazem coragem e que renovam.

Para toda a Igreja, Papa Francisco é um exemplo de coerência. Ele vive o que proclama. É uma chamada de atenção a todos nós. Sem precisar condenar ninguém, Francisco faz o apelo à conversão pastoral, à conversão das estruturas e aponta o que é fundamental: apresentar a face amorosa do nosso Deus, ser um instrumento para que as pessoas encontrem Deus e vivam por Ele. Por isso, nada de desânimo, de pessimismo. Todos, bispo, presbíteros, diáconos e leigos, devemos ser alegres, viver no contentamento porque Deus está conosco, somos seus filhos e sua ternura abraça toda criatura.

Dom Jaime Vieira Rocha- Arcebispo Metropolitano de Natal – RN