Toda pessoa tem uma vocação, isto é, um chamado de Deus para se realizar e ser feliz, no conjunto dos viventes. E não uma vocação qualquer, mas vocação ao amor e à santidade. Deus não chama uns para a perfeição e outros para a mediocridade. O que Deus faz a sempre perfeito. Assim é que, por diferentes caminhos, ou diferentes estados de vida (casado, solteiro, consagrado ou sacerdote), todos são chamados à santidade e à plenitude da caridade.
Para quem tem fé, o matrimônio também é vocação: um chamado de Deus ao dom de si no amor recíproco e aberto à vida. Quem não tem fé, não tem como sentir-se chamado – pois desconhece o Interlocutor divino que o chama – nem tem a quem responder. Mas, na fé, sentimo-nos chamados por Deus a um caminho e a uma plenitude que só ele pode dar.
“Não é bom para o homem ficar só”, disse Deus, nem é bom para a mulher (Gn 2,18-25). “Façamos o homem nossa imagem e semelhança” – e os fez homem e mulher; em seguida os abençoou (Gn 1,26-28). O casal humano nasce dessa bênção original. E nasce com a vocação de formar uma comunhão de vida no amor, seja para amparo mútuo, seja para sobrevivência da espécie humana.
A serviço desse amor mútuo do casal está o sacramento do matrimônio. O amor do homem à sua esposa, e o amor da mulher ao seu marido deveriam ser tais que pudessem lembrar o amor imenso e gratuito que Deus oferece a cada pessoa e a humanidade inteira. Sobretudo deveria lembrar o amor de Cristo por sua Igreja. Igreja que tem sua dimensão doméstica em cada lar: a Igreja doméstica.
O casal humano torna-se o berço da vida e da família. E esta constitui a célula fundamental da sociedade. Deus confia ao casal o cuidado desse milagre que se chama Vida – a vida indefesa e nascente de cada pessoa. Nesse clima de amor e cuidado, a pessoa pode nascer, crescer, firmar-se.
2 – APROFUNDANDO O ASSUNTO
“Não é bom que o homem esteja sozinho. Vou fazer para ele uma companheira que lhe seja semelhante” (Gn 2,18). E o homem exultou feliz reconhecendo-se nela: “Está é osso dos meus ossos e carne da minha carne” (Gn 2,23), Sob a luz deste texto, tente perceber como esta vocação vem acontecendo hoje na convivência entre homens e mulheres. Imagine como Deus se sente olhando para essa paisagem humana? Tente perceber também como é que você se sente diante de presente que Deus põe em sua vida através do sexo oposto.
Na linguagem de Francisco de Assis chama a atenção sua maneira respeitosa, positiva é nobre como se refere à mulher. Chega a comparar-se com uma mulher humilde que Deus assume como esposa fecunda (2Cel 16).