Quando alguém diz namoro cristão ou namoro santo, automaticamente, pensamos na castidade. E com toda certeza, namorar santamente envolve, sim, a pureza.
Muitas correntes e ideologias nos instigam, principalmente a juventude, a nos deixarmos levar pelos impulsos da sexualidade, alegando o uso da liberdade pelo indivíduo e uma revolta contra a suposta privação que a Igreja prega. Na verdade, o discurso cristão ensina que a castidade abranda nossos impulsos e, assim, colocamos racionalidade em nossos atos, aliando sentimento, equilíbrio e inteligência a cada gesto; tendo vista que esses impulsos nos levam a ver a outra pessoa como objeto de consumo, diferentemente do que é o verdadeiro amor.
A castidade encaminha a nossa vocação ao amor para o amor ágape, que é capaz de dar de si sem esperar nada em troca, pois, diferentemente do que pensamos, é desse tipo de disposição interior que o nosso melhor vem à tona e nos torna felizes. “Serás feliz porque eles não têm com que te retribuir” (Lc 14, 14).
Viver a pureza é um processo de aprendizado e domínio de si, por meio do qual a pessoa vai experienciando aos poucos que amar requer sacrifícios; talvez, por isso mesmo, seja o maior desafio convencer as pessoas a viverem santamente o namoro. No entanto, é a única forma de dar um sentido maior a tudo que fazemos, por isso é o que mais vale a pena.
Contudo, um namoro cristão não é só castidade; vai além disso! Existem também outras dimensões. E visto que só Deus é santo, temos que colocar Cristo em meio ao relacionamento para termos um namoro cristão, um namoro santo. E de que forma fazemos isso? Seguindo todos os desígnios que Jesus Cristo nos ensinou sobre santidade, e praticá-los no namoro.
Dentre os principais estão:
Respeito mútuo: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22, 39).
Diferenças sempre existirão nos gostos e preferências, contudo, o casal deve encontrar compatibilidade em seus sonhos, projetos, anseios de vida, caráter, índole e personalidade. E nessa busca por se acertarem, vez ou outra, falta aos dois paciência, preocupação com o processo do outro, atos para preservar a dignidade do outro e até educação e boas maneiras.
O natural de um namoro, que levou ao casamento ou não, seria que as duas pessoas pudessem dizer sobre si mesmas: “Sou alguém melhor. Me descobri, me conheci um pouco mais”; “Não tenho raiva!”; “Não fui usado(a), não me senti enganado(a)!”.
Em seu namoro, você deixa livre, anima, ajuda e acredita em seu par? Ou lança palavras duras quando algo não sai como sua expectativa? Você está construindo ou destruindo seu(a) amado(a)?
Saber perdoar! (cf. Mt 18, 22). Não adianta perdoar, mas ficar lembrando as culpas passadas a todo momento. Jesus nos mandou perdoar setenta vezes sete.
Zelo pelo compromisso. “Quem é fiel no pouco o será também no muito” (Lc 16, 10).
Não se deixe levar por amizades coloridas ou conversas impróprias. A tentação à infidelidade começa a nos envolver a partir de coisas pequenas como “conversas desnecessárias”. E é um grande engano pensar que, quando casado(a), será fiel se não o for agora.
Mesmo namorando nunca deixe de ser amigo(a). “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos” (Jo 15, 13).
Dialogue muito! Aliás, o ideal seria que, antes de começar um namoro, o casal cultivasse uma amizade para depois namorar. Nisso você já verá traços de identificação ou não.
Concluindo: namoro santo é a única forma de vivermos plenamente nossa afetividade e a vocação de, um dia, ser companheiro(a) de alguém especial.
Sandro Arquejada
Missionário da Canção Nova e autor do Livro “As Cinco Fases do Namoro”