Amados e amadas,
Lendo o recém-lançado livro do Pe Mário Coelho, “ Sexualidade: o que os jovens pensam”, logo pensei em partilhar aqui no blog com vocês jovens na idade e/ou no espírito. A proposta do livro é apresentar os ensinamentos da ética sexual católica aos jovens, mostrando que é possível viver a sexualidade de forma bonita, feliz, serena e sem ferir a sua fé. A minha proposta é que neste espaço, na medida do possível, apresentaremos capítulos ou parte deles para trocarmos idéias com filhos e filhas, pais e mães. Estamos combinados? Então, vamos ao texto que encontra-se na Parte I, com o tema“ o que é sexualidade?”…
Fraternalmente,
Karla
Sexualidade conforme a Palavra de Deus
Pe. Mário Marcelo Coelho, SCJ
Os ensinamentos da Igreja sobre a moral sexual católica baseiam-se em uma compreensão da natureza humana, aliados a elementos originários da Palavra de Deus. Por isso, a Igreja tem uma compreensão especifica do modo de ser da pessoa, com seus anseios de realização e de felicidade.
A teologia moral, consciente de sua responsabilidade, está preocupada com a apresentação de uma visão antropológica da sexualidade que possa ser base sólida para uma moral realmente humana e humanizadora, capaz de promover a realização pessoal.
A sexualidade humana é um tema presente desde o início dos tempos, constando tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento. De todas as palavras, tem fundamental importância o texto bíblico sobre a criação, em que encontramos a origem do homem e da mulher (Gn 1-2), relato que mais tarde é confirmado na pregação de Jesus sobre o divórcio (Mc 10,6-7).
“Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o criou. Homem e mulher ele os criou” (Gn 1,27). A humanidade então é constituída de homens (varões) e mulheres. Desde o primeiro instante, o gênero sexual se faz presente como um elemento constitutivo e diferenciador.
Seguindo ainda os relatos da criação, temos a seguinte narração: “E Deus os abençoou e lhes disse: `Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a`” (Gn 1,28s); e ainda: “E o Senhor Deus disse: `Não é bom que o homem esteja só. Vou fazer-lhe uma auxiliar que lhe corresponda`”. Decisão que o faz criar a mulher, a companheira do homem: “Desta vez sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne! (Gn 2,18-24). Assim sendo, percebe-se aqui a fundamentação antropológica para uma moral sexual. “Uma só carne” é a expressão de uma unidade indissolúvel, a verdadeira e mais profunda comunhão entre marido e mulher.
Desde o início, a sexualidade faz parte do mundo natural humano e era vista positivamente. Mas conforme relatado no Gênesis, com a entrada do pecado no mundo, quando homem e mulher pecam no Paraíso, a sexualidade passa a agregar conseqüências negativas originadas do ato cometido – dores do parto, domínio do homem sobre a mulher, desentendimento entre os casais, irmão que mata irmão, entre outros.
A partir daquele momento, a mulher passou a ser atraída pelo homem, mas ao mesmo tempo foi dominada por ele (Gn 3,16). Também dali em diante a mulher receberia a benção da maternidade, porem conseqüentemente, daria à luz com dores. Ambos os sofrimentos demonstram um modo ambivalente de amar e de gerar a vida.
Em muitas passagens do Antigo Testamento, a sexualidade traz uma marca negativa e está ligada com o pecado, como é o caso do adultério de Davi com Betsabéia, mulher de Urias (2Sm 11-12).
No Evangelho, podemos destacar como referencia do tema sexualidade a passagem da discussão de Jesus com os fariseus a propósito do divorcio (cf Mc 10,2-12; Mt 19,3-12). Perante a alusão à lei de Moisés, Jesus cita o texto da criação, do livro do Gênesis, confirmando aquela passagem (Gn 1, 27;5,2;2,24)) como referencial para a compreensão do matrimônio e da sexualidade, acrescendo ao seu discurso ênfases próprias: “Deus os fez homem e mulher. Por isso, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois formarão uma só carne; assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu o homem não separe! (Mc 10,6-9). Jesus cita “Deus os fez homem e mulher”, apresentando a sexualidade homem mulher como obra de Deus.
O apóstolo Paulo se refere ao amor entre esposo e esposa como um mistério de entrega mútua e de comunhão. Portanto, no cristianismo, essa união tem o mesmo significado da entrega de Cristo à Igreja; é a participação no dom da comunhão (Ef 5,25-32). Por isso o matrimônio tem na Igreja a dignidade de sacramento. A sexualidade deixou de ser entendida como realidade em si mesma e recuperou o seu devido sentido, recebendo ainda maior dignidade, porque foi integrada no conjunto das expressões do amor conjugal.
Ainda no Novo Testamento, Paulo, na primeira carta aos Coríntios (1Cor 6,13c-15a.17-20), proclama que nosso corpo é templo do Espírito Santo. Os versículos deste texto giram em torno do tema da imoralidade, que faz o apóstolo chamar a prostituição de idolatria, pois é a entrega de um membro do corpo de Cristo a um senhor estranho que o escraviza. Desse modo, Paulo revela que a prostituição não é uma necessidade física (como muitos acreditavam), e sim uma pratica que transformaria o outro em objeto. O apóstolo argumenta que a imoralidade não é uma necessidade física tal como o ato de comer e outras, uma vez que com a morte, o estomago e os alimentos serão destruídos por Deus, ao passo que o corpo será ressuscitado e glorioso pelo poder de Deus (1Cor 6,13b-14).
Para Paulo, a imoralidade atinge tanto o corpo físico (a pessoa) quanto o corpo social (a comunidade), de modo que se um dos seus membros é infiel, de certa forma toda a comunidade está se prostituindo e aderindo à idolatria. Em 1Cor 6,18-20, ele tira as conclusões dessa delicada questão: o cristão é membro do corpo de Cristo e templo do Espírito Santo. Os que se unem ao Senhor formam com Ele um só espírito. E é por meio do corpo assim entendido e resgata.
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