Reflexão

Quanto tempo temos?

Vivemos situações difíceis, crises, somos feridos e ferimos, porém, não podemos parar nessas situações, pois não sabemos quanto tempo temos.

Era para ser uma segunda-feira normal. Ao acordar, pedi o Espírito Santo e perguntei para Deus qual palavra teria para o meu dia. A palavra foi 1 Pedro 3,13-15: “Se fordes zelosos com o bem, quem vos poderá fazer mal? E até sereis felizes, se padecerdes alguma coisa por causa da justiça! Portanto, não temas suas ameaças e não vos turbeis.” Ao ler essa passagem, entreguei meu dia a Ele e tive a certeza de que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus.

Imagem ilustrativa/canva.com

Fui para o trabalho e, no meio da manhã, em uma reunião, recebo a mensagem do falecimento de minha tia. No mundo hodierno, as pessoas não telefonam para noticiar sobre alguém, elas mandam mensagens. O meu coração ficou pequenino, e era eu quem daria a notícia a minha mãe, pois foi a irmã dela que faleceu. Na hora, passou-me um filme de todos os momentos que vivi com ela, e sua voz ressoou nos meus ouvidos. Lentamente, organizei minhas coisas, desliguei o computador e saí. Ao chegar em casa, contei para minha mãe, para o meu pai e meus irmãos, e fomos para o velório.

Deparei-me com aquele corpo que trazia marcas de uma vida, de sofrimentos e alegrias. Fiquei pensando em tudo o que ela passou, naquilo que tinha vivido e guardado nas profundezas do seu interior, e somente ela e Deus sabiam. Olhei para a minha mãe, que estava triste, chorosa, e pensei: quanto tempo ela tem? Só tenho o hoje para amá-la. Olhei para o meu pai e pensei a mesma coisa.

O amor ágape

Essa experiência, que não foi a primeira nem será a última, mas que foi única, fez-me escrever este texto. Frente à morte, tirei um bem maior: a certeza de que não sabemos quanto tempo temos, mas que temos o dia de hoje para atravessar a vida do outro do melhor modo: amando. Não falo aqui de um amor humano, falho, mas de um amor ágape, verdadeiro. Um amor que não enxerga os defeitos, mas cria memórias com o outro. Se os seus pais, seu filho, seu cônjuge morrerem hoje, como você os amou? Quais memórias criaram?

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A vida não é fácil. Nós vivemos situações, crises, somos feridos e ferimos, porém, não podemos parar nessas situações, pois não sabemos quanto tempo temos. Esse amor ágape é o que nos leva a caminhar em santidade, a perdoar, a buscar ajuda quando não sabemos mais o que fazer. É esse amor que nos cura, liberta, desprende das coisas terrenas e até de nós mesmos. Talvez, ao deparar-se com este texto, você pense: “Eu tenho muitos sofrimentos, muitas dores, não me sinto amada”. Afirmo: a cura vem pelo amor. E eu o provoco: o que você gostaria de deixar de legado ou construir com alguém que, em algum momento o deixará? Como você o amou? Qual afeto deixaria se fosse você que morresse? Na travessia da vida, na experiência da morte, qual sentimento permeará seu ser: de ter amado ou o remorso de poder ter amado, mas não o fez? Pense nisso! Não sabemos quanto tempo temos.

Marcia Cristina Gonçalves Scarazzatto
Comunidade Canção Nova

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