O oásis além de ser um local no deserto onde se encontra água, é onde os viajantes descansam e recuperam o fôlego.
“Desde Auschwitz nós sabemos do que o ser humano é capaz. E desde Hiroshima nós sabemos o que está em jogo”, e agora nós vamos se entregar aos fatos ou vamos lutar pela nossa sobrevivência?
O oásis além de ser um local no deserto onde se encontra água, é onde os viajantes descansam e recuperam o fôlego, pois, em meio ao ambiente hostil ou sequência de situações desagradáveis, é preciso encontrar algo que proporcione prazer, “também o humor constitui uma arma da alma na luta por sua preservação”.
Há em nós uma necessidade de ocupação constante, estamos num mundo em que o valor produtivo é o que mais conta, logo, a monotonia soa como ociosidade diante do ritmo frenético em que vivemos, o fato de parar e ter a oportunidade de olhar um pouco para si, de certo modo assusta.
É preciso tornar notória a condição atual como um convite a ver além das aparências, ampliando nossa capacidade de dar sentido ao que vivemos, imaginando o que pode haver além deste limitado horizonte que nos cerca.
Viktor Frankl em seu livro em busca de sentido, conta que, “no campo de concentração, encontrei certa vez dois homens que se queixavam de que não esperavam mais nada da vida; eu porém, tentei deixar claro para eles que não se tinha o direito de perguntar o que espero de minha vida, mas, ao contrário, quem ou o que espera por mim – um homem, uma obra, uma pessoa ou uma coisa?”, e pessoalmente, o que nos espera após esta quarentena?
É preciso fundamentar todos os dias a nossa resposta acerca destas perguntas acima.
Neste tempo é preciso cautela, pois a vivência do desespero pode dar vazão à ansiedade e ao medo, alimentando a consciência acerca do fato vivido com uma proporção além do real correspondido, “o desespero é o sofrimento sem propósito”. Portanto, como questão de sobrevivência é necessário expandir nosso olhar, e traçar metas para além deste tempo de crise, “as ruínas são frequentemente, as que abrem as janelas para ver o sol”.
O ser humano tem em si a capacidade de aprimorar seu existir, “uma das principais características da existência humana está na capacidade de se elevar acima das condições biológicas, psicológicas e sociológicas, de crescer para além delas”.
Em suma, este tempo exige de nós um esforço ainda maior para encontrarmos em nossa vivência formas de lidar com as exigências próprias deste período, porém, se não estivéssemos vivendo-o, esta descoberta não seria possível.
Em estado de calamidade o ser torna-se capaz de dar o devido valor para singelos detalhes que constituem o seu viver, como tomar um café com quem se ama, abraçar quem lhe apraz, ou caminhar e estar em um lugar que traduz seu existir.
Muito mais que alimentar a ansiedade e os medos, é preciso alimentar sonhos e esperança, a chance da parada ao olhar para si que alimenta o recomeço no mais íntimo da alma.
Vivemos em um tempo líquido, onde “as grandes narrativas e histórias particulares de vida, perdem espaço para uma sucessão de eventos, não conectados entre si necessariamente, e a vida passa a ser uma mera sucessão de presentes, instantes experimentados com intensidade variadas” (BAUMAN, 2007). Qual será nossa postura após este tempo em que vivemos? Quais serão nossas prioridades?
Por fim, o oásis nesta quarentena, pode ser a simples oportunidade de redespertar para a vida, para tudo que foi vivido até aqui, de como se quer viver o tempo presente, e então, construir e alimentar em si a “determinada decisão” de como se quer caminhar para o futuro a partir daqui.
Rafaela Rodrigues Comunidade Canção Nova
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