Quaresma é tempo de encontro

Quaresma é tempo de encontro com Deus, com o outro e comigo mesmo”

Vamos começar nossa reflexão desmistificando a quaresma no que diz do tempo propriamente e da forma de viver essa etapa do nosso ser cristão. Acredito que nossa primeira dúvida é quando começa e quando termina esse tempo litúrgico? Depois tem as formas de vivê-lo, pois os mais antigos muitas vezes por falta de instrução (catequese) acabam vivendo o tempo quaresmal de maneiras pesadas e equivocadas.

Para responder sua pergunta sobre o início e fim da quaresma recordo os dois dias que a Igreja pede para que façamos jejum total: a Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira Santa, porém esses dias não determinam o início e o fim do tempo quaresmal, atenção aqui, pois estamos falando de duas situações, tempo quaresmal e quaresma que por sua vez começa no primeiro Domingo da quaresma e vai até o Domingo de Ramos correspondendo assim aos quarenta dias. Os dias que seguem apesar de esta dentro do “tempo quaresmal” não fazem parte da quaresma. A Semana Santa que começa no Domingo de Ramos e vai até o Domingo de Páscoa não é mais quaresma apesar de fazer parte do “tempo” litúrgico. Lembre-se que quaresma vem de quarenta e antecede a Semana Maior.

Dentro desse caminho santificador temos três pilares que nos dão o suporte necessário para viver bem esse tempo: Jejum quaresmal, Obras de misericórdia e a Oração íntima e filial. Sem esses três pilares o tempo quaresmal deixa de produzir o efeito necessário em nossa vida.

Antes de meditar sobre os três pilares observemos o que corresponde cada atitude nossa para esse tempo: a abstinência, o jejum e a penitência. A abstinência significa distanciar-se de alguma coisa, seja ela boa ou ruim, porém me afasta de Deus e da sua vontade; penitência significa deixar alguma coisa mesmo sabendo que posso me aproximar, faço um sacrifício; jejum significa aproximar-se de alguma coisa, sabendo que é bom e eu posso pegar, porém repasso para outros que precisam mais do que eu. Com certeza agora viveremos e aproveitaremos tudo o que esse tempo nos oferece. E já vamos começar bem entendendo que a quaresma não é tempo de penitência e abstinência, pois podemos nos penitenciar e nos abster de algo em qualquer tempo, no entanto, o jejum como já sabemos é permitir que outros usufruam daquilo que estou deixando de comer. Como seria o mundo se eu e você ao final da quaresma repassasse o fruto do nosso jejum para aqueles que são obrigados a fazer jejum por não ter!

Abster-se, fazer jejum e penitenciar-se inclina-nos a detestar o pecado, repará-lo dignamente e a evitá-lo no futuro, pois somente praticando o amor é que saberei o quanto vale amar. O amor enquanto teoria é lindo! Porém, sabemos que a caridade (amor) é um constante sair de si em direção ao outro, isso exige e por vezes doe como a cruz que Jesus carregou até o fim. “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos” Jo 15, 13.

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Quaresma

Quaresma é tempo de encontro e traz em si o sentido espiritual que me faz encontrar-se comigo mesmo e com as minhas paixões desordenadas conduzindo-me também ao sentido social, o encontro com o próximo, que me dá oportunidade de não só levar o alimento para quem precisa mais de ser o alimento que ele precisa e também ao sentido filial onde me encontro com Deus. Viver um pilar somente é assumir uma vida manca sem aproveitar o tempo propício para o encontro.

Na prática nosso tempo de encontro dar-se na:

Penitência que nasce de quatro motivos principais: Primeiro é o dever de justiça para com Deus, a quem devemos honra e glória de tudo o que Lhe negamos pelos nossos pecados, pois Deus não precisa da minha penitência mais eu sim preciso me penitenciar para ser mais de Deus; segundo é da nossa incorporação com Cristo, no qual inocente expiou os nosso pecados, nós culpados devemos nos associar a ele com generosidade e verdadeiro sentido de reparação; terceiro é o dever de caridade para conosco que devemos esforçarmos para dirigir para o bem as nossas inclinações que tentam nos arrastar para o mal; quarto é o dever da caridade para com o nosso próximo que sofreu o mal exemplo dos nosso pecados os quais lhes impediram de receber em maior escala os benefício espirituais da comunhão dos santos, pois o meu pecado que por mais escondido que seja atinge toda a Igreja (Rom. 12, 5). Proporcionando o encontro comigo mesmo.

Obras de misericórdia é tempo de multiplicar as boas obras diminuindo o tempo que tenho para fazer o mal a mim mesmo e aos outros e aqui sabemos bem o que fazer e como fazer. Tempo de encontro com o próximo.

Oração íntima e filial, encontro com Deus que nos conduz a um gozo espiritual. Quanto tempo faz que não sentimos um gozo espiritual? Pois a quaresma é esse tempo propício que nos conduz ao encontro contínuo com o meu Senhor por muitos meio, a instrução própria do tempo (documentos da Igreja, leituras acéticas), filmes e leituras sobre a paixão entre outros.

Que Deus nos cumule das graças necessárias para bem viver esse tempo e assim inauguremos um novo amanhã.

Veja também: A fé que vence as tentações.

                          Um viver agradável a Deus

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