A “Canção Nova é a Casa de Maria”
O nosso fundador, Monsenhor Jonas Abib, nos diz nos Nossos Documentos que a “Canção Nova é a Casa de Maria”, que “Somos a descendência de Maria. Somos a raça de Maria. Somos da sua estirpe. Pertencemos à sua linhagem. Na Canção Nova, foi Ela quem fez tudo. Ela está na origem de tudo. Constatamos Sua presença de Mãe e de Mestra sempre e em tudo. Ela é a mãe e a educadora da Canção Nova” (Nossos Documentos – nº 17).
Neste ano, a Canção Nova vive um ano Mariano. E todos os meses iremos fazer o Retiro Mensal com Maria, nossa Mestra e modelo de santidade. Num desses retiros, fomos convidados a meditar algumas palavras de São Luís Maria Grignion de Montfort, que dizia: “O que o Senhor “construiu” n’Ela quer também construir em nós. Ela, pela correspondência à graça de Deus, se torna modelo de santidade para todos. Esta graça é a mesma que cada de um de nós recebeu no batismo e é chamado a desenvolver numa vida de santidade. Por isso, olhamos para Maria como exemplo a ser seguido”.
Maria é o molde vivo de Deus
Maria é chamada por Santo Agostinho de o molde vivo de Deus, “forma Dei”. E sabe por quê? Porque, n’Ela, Deus, feito homem, foi formado de modo natural, sem que lhe falte nenhum traço da Divindade. E assim também, somente n’Ela, o homem e a mulher novos podem ser formados em Deus.
Maria é o grande molde de Deus, feito pelo Espírito Santo.
Como um escultor que pode fazer uma figura ou um retrato ao natural de duas maneiras: 1) servindo-se de seu engenho, de sua força, de sua ciência e dos instrumentos adequados para fazer essa figura de uma matéria dura e informe; 2) pode lançá-lo numa fôrma. A primeira é demorada e difícil, e sujeita a muitos acidentes: muitas vezes basta um golpe de cinzel ou de martelo mal dado para estragar toda a obra. A segunda é rápida, fácil e suave, quase sem trabalho e sem esforço, contanto que o molde seja perfeito e reproduza o original, e que a matéria de que se serve, fácil de se manipular, não resista de maneira alguma à sua mão.
Maria é o grande molde de Deus, feito pelo Espírito Santo. Não falta a este molde nenhum traço da divindade; quem quer que nele se deixe manejar, nele recebe todos os traços de Jesus Cristo, verdadeiro Deus, duma maneira suave, proporcional à fraqueza humana, sem muito trabalho e agonia; duma maneira segura, sem temor de ilusão, pois o demônio nunca teve e jamais terá acesso até Maria, santa e imaculada, sem sombra da menor mancha de pecado (Montfort, São Luís Maria Grignion de . O Segredo de Maria, n. 16-21.).
‘Eis a tua mãe!’
João, o discípulo mais jovem entre os doze que Jesus chamou para segui-Lo, no seu evangelho, narra a cena que presenciou aos pés da cruz, ao lado da Virgem Maria, a mãe de Jesus. Muitas outras mulheres estavam ali, mas a narrativa destaca o diálogo que Jesus teve com o discípulo amado (João) e a sua mãe, Maria. Diz o evangelho: “Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que Ele amava, disse à mãe: ‘Mulher, eis o teu filho!’. Depois disse ao discípulo: ‘Eis a tua mãe!’ A partir daquela hora, o discípulo a acolheu no que era seu” (Jo 19, 26-27).
João acolheu Maria entre suas próprias coisas, acolheu-a no mais íntimo contexto de sua vida
O Papa Bento XVI meditando sobre o Evangelho de São João afirma: “Essa é a última disposição, quase um ato de adoção. Ele (Jesus) é o filho único de sua mãe, a qual, depois de sua morte, ficaria sozinha no mundo. Agora, põe ao seu lado o discípulo amado, põe-o, por assim dizer, no seu lugar, como seu próprio filho, e, desde aquele momento, ele passa a cuidar dela, acolhe-a consigo”. A tradução literal deste texto é ainda mais forte: acolheu-a entre suas próprias coisas, acolheu-a no mais íntimo contexto de sua vida. Isso é, acima de tudo. (Jesus de Nazaré: contribuições para a cristologia. Obras completas, volume 6, Tomo I. Brasília: Edições CNBB, 2021, p. 572.)
A sua casa se tornou “Casa de Maria”
E o Papa continua: este gesto de Jesus foi totalmente humano, de um filho que está prestes a morrer e não deixa a sua mãe sozinha. A confia aos cuidados do discípulo que lhe foi mais próximo. Desse modo, Ele dá também ao discípulo um novo lar”. João, que deixou tudo para seguir a Jesus, agora, recebe uma nova casa. A casa de João se tornou a Casa de Maria. N’Ela ele tem um lugar.
Na figura de João aos pés da cruz, está todo discípulo que, ao levar com retidão o seu batismo, se coloca no seguimento de Cristo. Aos pés da cruz, na figura de João, estávamos todos nós. Não é um fato histórico que só fica na memória, mas é a manifestação da “última vontade de Jesus” na Cruz, que se perpetua na nossa história, na nossa vida. Também nós somos convidados a adentrar na Casa de Maria; e ali ser formados e modelados por aquela que modelou e formou o primeiro homem novo, Jesus Cristo.
Somos formados para formar
Ousadamente, o Padre Jonas afirmou que “a Canção Nova é a Casa de Maria”, diz também da nossa finalidade e da nossa missão. Nascemos para evangelizar formando homens novos para o Mundo Novo e como fomos reconhecidos: “A Comunidade Canção Nova pretende ser, na Igreja, a ‘Casa de Maria’, ou seja, Deus concedeu ao carisma Canção Nova a graça de colaborar na missão da Igreja de formar o homem novo. Por isso, cada pessoa que nos chega, seja vocacionada ou não, faz parte do povo que o Senhor nos destina a formar como homens e mulheres novas para o Mundo Novo. Ninguém passa pela Canção Nova em vão.
Todos os membros da Canção Nova, no modo de compromisso do núcleo ou do segundo elo, são discípulos da Casa de Maria e foram chamados por Deus a serem formados nesta pedagogia. O diferencial é que, ao sermos chamados, também recebemos a missão de ajudar na formação de outros.
Somos formados na oficina da vida
“Aqui somos formados permanentemente” (ND, n. 133, Estatuto Semente). “Somos formados na oficina da vida” (ND, n. 617, Canção Nova – Sua identidade e missão.), no cotidiano. Afirma o Padre Jonas: “Essa escola forma Jesus Cristo em nós. Quem realiza a formação na Canção Nova é Deus. O Espírito Santo é o principal agente da nossa formação, e Nossa Senhora é a pedagoga que faz a ação do Espírito Santo acontecer em nós (ND, n. 1624, Deixe-se formar por Deus.)
“Somos formados na oficina da vida.”
Tudo o que nos acontece na comunidade, seja por meio da dor ou da alegria, nos forma para alcançarmos a estatura de Cristo, o Homem Perfeito. “Nada está fora do olhar e do controle de Deus” (ND, n. 1628, Deixe-se formar por Deus.), por isso, precisamos nos submeter às “formações de Deus” na nossa vida, crendo que pela sua Divina Providência nada será perdido quando submetido à formação da Casa de Maria. Nesta casa, que é a Canção Nova, somos formados por Deus na pedagogia de Nossa Senhora. O discípulo é formado na escola de Maria dentro de casa e não fora dela.
As dificuldades não podem nos paralisar
Foi o “sim” de quem quer comprometer-se e arriscar, de quem quer apostar tudo, sem ter outra garantia para além da certeza de saber que é portadora duma promessa. Pergunto a cada um de vós: Sentes-te portador duma promessa? Que promessa trago no meu coração, devendo dar-lhe continuidade? Maria teria, sem dúvida, uma missão difícil, mas as dificuldades não eram motivo para dizer “não”. (Christus Vivit – nº 44)
Você já parou para refletir quantos desafios e dificuldades viveu a Mãe de Jesus? Estava com tudo “pronto” para o casamento com José e concebeu pelo Espírito Santo (Lc 1,26-38), quando teve de viajar grávida para o recenseamento a mando do Imperador, sem encontrar lugar para hospedar-se com José, deu à luz a seu Filho numa estrebaria (Lc 2,1-7). Fugiu para o Egito para salvar o Menino Deus das garras de Herodes (Mt 2:13-23). Viveu a angústia de “perder-se” do Filho em Jerusalém (Lc 2,41-52). Seguiu o Cristo em todos os momentos de sua vida pública, seja auxiliando no primeiro milagre nas bodas de Caná (Jo 2,1-12), seja como exemplo dos discípulos de Jesus: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 8,21).
Tudo que Ela vivia, meditava em seu coração. Ela guardava todos os eventos da sua história, mas não para remoer ou encontrar culpados. Maria meditava tudo em seu coração para extrair a Vontade de Deus, a pedagogia de Deus, em cada fato. Ela também foi formada ao longo da sua vida, em cada acontecimento.
Meu irmão, minha irmã, quais as pedagogias de Deus na sua história? Como Deus tem te formado neste tempo?
Que a Virgem Auxiliadora te conduza neste caminho de formação. Seja dócil à Sua condução amorosa de Mãe e Mestra.
Virgem Auxiliadora dos Cristãos, rogai por nós!