“Ela me ensinou a continuar confiando”, testemunha missionária.
Nasci em uma família simples, sem grande prática religiosa. Posso mesmo dizer sem nenhuma prática, pois à parte uma avó, muito religiosa, não tenho grandes lembranças de vivência cristã. Mas que avó! Que mulher mariana, filha de Maria, participante da Legião de Maria. Não tinha como ir para casa dela – e quase todos os fins de semana eu ia para lá, devido ao alcoolismo de meu pai – e não rezar o terço, não escutar a missa pela rádio e não rezar todas as noites de mãos juntas ao pé da cama. Aprendi desde pequena a me confiar à Virgem Maria pelo exemplo e insistência da minha avó, minha primeira catequista, minha primeira evangelizadora.
Muito bom ver a nascente da nossa fé, e mesmo passando por outros caminhos e chegando de volta à casa de Deus, percebo a mão da Mãe de Jesus e minha, que nunca esteve longe, muito discreta, muito amorosa, mas sempre perto. Nessa redescoberta da fé, a Virgem Maria começou a ocupar cada vez mais espaço em minha oração, e digo a mim mesma que, se Maria é tão importante, é porque ela nos devolve nossa dignidade como homens e mulheres, nos coloca no caminho de confiança. Vamos dar uma volta no livro do Gênesis, onde Deus, no Jardim do Éden, diz ao homem que ele pode comer todos os frutos do jardim, exceto o da árvore do conhecimento do bem e do mal.
O lugar da Virgem Maria na minha vida de fé
Tudo é dado, mas a serpente sussurra no ouvido de Eva que Deus recusa ao homem o direito de ser feliz. Ele coloca dúvidas no coração do homem sobre a bondade de Deus. Ao contrário de Eva, Maria está mergulhada na confiança. Quando o anjo lhe disse: “Alegra-te, Maria cheia de graça, o Senhor está contigo, você dará à luz um filho”, ela pergunta: “Como isso será feito?”. Mas ela não tira sua confiança em Deus. É por isso que a Igreja a chama de Nova Eva! Sim, ela é a mulher que Deus sempre sonhou! Aprendo com ela a entrar no caminho, pois ela foi a primeira que seguiu os passos do seu Filho. Ela me ensinou a continuar confiando.
O lugar da Virgem Maria na minha vida de fé se aprofundou ao longo do tempo e em certas provas da vida. Sempre senti sua presença discreta a me pegar pela mão. Grávida pela primeira vez, passei 8 meses deitada, sem poder fazer grande coisa. Em tudo dependia do meu marido e dos meus irmãos de comunidade. Que situação difícil! Eu me sentia incapaz de gerar aquela criança, pensava que Deus iria me tirar aquele dom, pois Ele era mau, e guardava para si toda felicidade.
Maria é quem nos leva ao seu Filho.
Relembrando essa parte da minha história, percebo o eco da primeira tentação e sinto um calafrio: essa raiva do Diabo, que sempre coloca em xeque a figura de Deus e o projeto de amor dele para nós. Durante a gravidez, eu não conseguia rezar nada além da passagem da Anunciação e o Santo Terço. Eu vivia uma grande mistura de alegria e medo, alegria de poder gerar um filho e medo de perdê-lo, as com a presença amorosa da Virgem Maria fui aprendendo que Deus é fiel às suas promessas. Ela me ensinou a continuar confiando.
Esse mistério da Anunciação acompanha minha vida, minha forma de rezar e evangelizar, pois o coração da fé cristã é que Deus sonha em tornar-se vida de nossa vida, dizia Santo Agostinho, “Amor meu grande amor… Faz-me preso ao Teu amor! Ó vida verdadeira vive em mim.” Ele sonha que cada pessoa humana possa recebê-lo e abrir-se à Sua presença. E a Virgem Maria só quer nos dar Jesus. Maria é quem nos leva ao seu Filho. É ela quem nos ensina a fé mais adequada. Não tive medo de acolhê-la na minha vida, e com ela, as graças que como mãe ele me trouxe.
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Com ela me preparo para acolher seu Filho que virá
Ela me fez redescobrir que é possível confiar em Deus, contar com ele, dar-lhe carta branca, porque sei que ele sabe o que é bom para mim e que não ficarei desapontada. A alegria que Deus nos oferece é paradoxal, porque passa pela Paixão, segue um caminho pascal. Mas no coração do sofrimento, pelo qual todos passamos, Deus está lá. “Alegrai-vos, o Senhor está contigo”. Não foi essa a mensagem do anjo? Hoje concretamente não passo um dia sem convidá-la a estar comigo, a me ajudar no seguimento de Jesus, a ser fiel a Deus, a ser esposa, mãe, missionária.
Percebo que ela está sempre perto, passando na minha frente, me instruindo. Não é mágico, não é sobrenatural, é simples e cotidiano. Sei que ela me quer muito bem e eu a ela! Por isso posso confiar, posso cultivar uma relação filial, sem medo, pois ela não me tirará de Jesus ao contrário “Todo de Jesus, pelas mãos de Maria”, quero proclamar com São João Paulo II, no qual dia 18 de maio festejamos 100 anos de nascimento, TOTUS TUUS, todo teu Maria, toda tua minha mãe, toda tua para se possível em ti, viver esse nascimento novo.
Na Canção Nova, nesses quase 25 anos, vou aprendendo a ser filha de Maria, serva do Cristo, e só posso dizer que faço parte da geração que a proclama bem aventurada! E como ela trouxe o Cristo da primeira vez, ela o trará na Sua vinda derradeira , e com ela me preparo para acolher seu Filho que virá. Maranatha Senhor Jesus!