Deus usa um judeu para salvar o rei. Deus faz o ímpio honrar o justo. Assim, podemos perceber que Deus não precisa bradar para mostrar o seu agir. Ele apenas age, e agindo Ele quem impedirá? (Isaías 43.13)
Comecei este capítulo com a passagem de Isaías, para dizer que Deus faz o que Ele quer e a hora que Ele quer, agindo Deus, ninguém pode impedir, diante disso Ele usa de pessoas para os seus propósitos. Precisamos crer que Deus tem planos eternos para cada um de nós, e não nos desampara, nem desamparará. Ele promete e cumpri seus propósitos de levar a bom termo tudo o que Ele mesmo planejou. Ester foi feita rainha para aquele propósito, o de salvar o povo de Deus. Ela não estava ali para “ser feliz”, ou ser um exemplo que os mais simples podem também vencer na vida, ou mudar de posição social, ou tão pouco adquirir status . Não. Deus tinha um propósito especial para aquela jovem mulher judia, pobre e órfã, assim também, tem um propósito singular para a minha e a sua vida.
Para poder realizar a intervenção, Ester precisou agir com fé, sabedoria e coragem. A jovem mulher judia teve que deixar de lado, o medo, a insegurança e teve que dar um passo na fé por amor a Deus e ao seu povo, arriscando assim a sua própria vida. Depois de súplicas, orações e jejum é chegado o dia de se apresentar ao Rei, sem ser chamada. A Lei real, era muito clara ao afirmar que uma pessoa não poderia entrar na presença do Rei sem ser solicitada a sua presença, chegando a ser decretado a morte da pessoa que entrasse na presença do rei sem ser convidada ao menos que o rei levantasse o cetro em favor daquela pessoa.
Podemos imaginar a cena, segundo o que está escrito na bíblia. Ester se aproximando pouco a pouco do trono, possivelmente com o coração muito acelerado, mãos geladas e corpo trêmulo, mas confiante no Senhor, tendo em vista que se vivemos é para a glória do Senhor e se morremos também é para a glória D’Ele. Naquele momento, podemos imaginar o silêncio que pairou sobre a grandiosa corte real do Palácio Persa em Susã, um silêncio tão profundo que Ester podia ouvir sua respiração e seu caminhar.
A imponência da corte real, a beleza das colunas e o deslumbrante teto esculpido feito de cedros importados do distante Líbano, chamava a atenção, principalmente por olhar a soberania da realeza e a sua pequenez quanto serva de Deus. Com o coração firmado em Deus e consciente da missão, ela concentrou toda a sua atenção no rei, o homem que tinha a vida e a morte dela e do seu povo em suas mãos. Por um outro lado, enquanto Ester aproximava-se, o rei a observava atentamente e um misto de sentimentos penetrava o seu interior, tendo ele levantado os seus olhos e vendo-a num primeiro momento, diz a palavra, que ele pensou em matá-la, falando em bom tom ameaçador: “Quem ousou entrar na presença real sem ter sido convocado?”.
Diante dessa frase, Ester estremeceu e desmaiou, neste momento o Deus dos judeus, o Senhor de toda a criação, mudou o contexto e o rei ao olhá-la com calma para Ester, seu coração se alegrou ao ver resplandecer tanta beleza de corpo e alma, a mansidão pairou no coração do rei que estendeu o cetro de ouro que o tinha em mãos. Foi um gesto simples, mas significou a vida de Ester, pois indicava que o rei a tinha perdoado pela violação que ela havia acabado de cometer: entrar na presença do rei sem ter sido convocada.
Ao chegar perto do trono, Ester estendeu a mão e tocou a ponta do cetro, cheia de gratidão e alívio, em seguida desmaiou novamente, o rei envolvido por tanta compaixão, lhe pergunta o que ela quer e mesmo que fosse a metade do seu reino ele o daria. Naquele momento, não é relatado no livro, mas aconteceu uma outra intervenção divina, o Senhor concedeu a Ester a graça da Sabedoria, pois aquele não era o momento de fazer o seu pedido e diante disso ela fala ao rei: Senhor, se for possível, do agrado do rei, peço-te que venhas hoje e Amã contigo, para o banquete que preparei, e diz a palavra, que imediatamente o rei determinou que Amã fosse chamado para que se cumprisse o desejo da rainha Ester. Esse detalhe de ser amigo do tempo se faz muito presente no livro de Ester. O fato é que Ester não deveria contar tudo ao rei na frente de sua corte, pois tal realidade poderia aparentar uma humilhação para rei, diante da sua corte e ainda dar tempo ao seu conselheiro Amã de questionar as acusações dela contra ele. A atitude de Ester, foi de uma mulher sábia e prudente, em resumo ela foi amiga do tempo, como somos todos nós convidados a sermos amigos do tempo e viver os conselhos de Eclesiásticos: “Para tudo há um tempo determinado, . . . tempo para ficar quieto e tempo para falar.” (Ecl. 3, 1- 7). Ester foi uma mulher sábia que sabia da importância de escolher com cuidado o “tempo para falar”, isso é prudência. E você, você se considera uma pessoa prudente?
A Prudência nada mais é do que a característica de quem se comporta de maneira a evitar os perigos ou consequências ruins. É próprio de quem é prudente, a precaução. Na pessoa prudente há sensatez; a pessoa age com paciência; ponderação e muita calma.
Quantas situações adversas poderiam ser resolvidas se de fato vivêssemos concretamente a virtude da prudência. Além da prudência, Ester escolheu muito bem as palavras ao falar com Rei, nos mostrando que devemos escolher muito bem as palavras para os nossos relacionamentos, sejam pessoais ou profissionais, já em relação ao banquete, Ester esteve atenta a todos os detalhes.
Como uma mulher prendada e bem educada, Ester preparou aquele banquete com todo o cuidado, certificando-se de que as preferências de seu marido fossem atendidas em todos os detalhes. O banquete agradou tanto ao rei Xerxes que se sentiu extremamente feliz e servido, chegando ao ponto de estar motivado e perguntar novamente a Ester, qual era o seu pedido. Mas como muita prudência e discernimento, ela sentiu que ainda não era o momento, sendo assim, ela convidou o rei e Amã para um segundo banquete, no dia seguinte.
O fato é que ela não estava enrolando, mas em oração discernindo o melhor momento para intervir pela sua vida e pela vida do seu povo. O fato é que o povo de Ester estava sob ameaça de morte por causa do decreto real, escrito a mando de Amã. Com tanta coisa em jogo, Ester precisava escolher a hora certa para falar, fazer a sua súplica por sua vida e a vida do seu povo. Portanto, ela esperou, toda espera fecunda gera frutos de salvação, criando uma nova oportunidade para mostrar a seu marido o quanto o respeitava e apreciava.
O interessante é que embora Ester estivesse aflita e ansiosa para falar, como toda e qualquer mulher estaria, ela foi paciente e esperou o momento certo. Quantas coisas poderiam ser mais simples, se eu e você esperássemos o momento certo para agir. A paciência é uma qualidade muito rara e valiosa, mas se você ainda não tem essa qualidade, peça ao Espírito Santo o dom da paciência, pois com paciência conseguimos vencer muitas batalhas, se você vive batalhas em sua vida familiar ou profissional, tenha paciência, peça a Deus a graça de ter palavras ajustadas, de agir com prudência e com paciência esperar o tempo de Deus, a hora em que cada coisa irá ocupar o seu devido lugar.
Podemos aprender muito com o exemplo de Ester, pois com certeza todos nós vemos coisas erradas que precisam ser corrigidas, mas posso te falar um segredo: existe um tempo para cada coisa. Se quisermos convencer alguém em autoridade a resolver um problema, precisamos imitar Ester e ser pacientes. Nas sagradas escrituras em (Provérbios – 25,15) diz: “Com muita paciência pode se convencer a autoridade, e a língua branda quebra até ossos.”
A paciência de Ester
Se esperarmos pacientemente o momento certo e falarmos com brandura, assim como Ester fez, podemos obter a vitória, que não é temporal (humana), mas atemporal (divina). A paciência de Ester, unida a ação e intervenção divina, preparou o caminho para uma impressionante sequência de eventos. Amã saiu do banquete todo animado, por acreditar que o rei e rainha tinham muita consideração por ele. Contudo, ao passar pelo portão do castelo, ele viu Mardoqueu, o judeu que continuava a se recusar a se inclinar a ele em respeito e homenagem por ele ser o segundo homem mais poderoso do reinado de Xerxes.
Para uma melhor compreensão é importante ressaltar que Mardoque não fazia isso por desrespeito, mas sim por causa de sua consciência e crença, pois como um bom judeu, a sua adoração e inclinação era apenas para o seu Deus. A situação mexeu tanto com Amã que ele chegou em casa falando tudo para a sua esposa, que não era uma mulher sábia e nem de bom coração, que infelizmente o incentivou a mandar construir uma enorme estaca com mais de 20 metros de altura e a pedir permissão ao rei para pendurar Mardoqueu nela. Amã ficou muito feliz com a ideia e imediatamente colocou o plano em ação. Nesse intervalo de tempo, o rei teve uma noite incomum, sem dúvida uma outra intervenção divina.
A Bíblia diz que o rei perdeu o sono e, por isso, ordenou que os registros oficiais do império fossem lidos em voz alta. A leitura incluía um relatório sobre uma trama para o assassinar. Imediatamente, ele se lembrou do fato, seus sentimentos e lembranças foram atualizadas referente ao fato, os que queriam matá-lo foram capturados e executados. Mas nada tinha sido feito para honra, aquele que tivera denunciado o fato em favor da vida do rei.
Por ironia do destino, o rei perguntou a Amã o que ele deveria fazer em favor de alguém que ele quisesse honrar, Amã por sua vez que tinha ido ao palácio para pedir a permissão de matar Mardoqueu, deu a ideia ao rei de uma homenagem cheia de pompa, a pessoa deveria vestir-se com vestes reais e o rei deveria designar um alto funcionário para acompanhá-lo num desfile por Susã no próprio cavalo do rei, aclamando-o diante de todos.
Amã deu essa sugestão, pois pensava que ele seria essa pessoa que receberia toda a honra e pompa, mas o rei confia a Amã este serviço e revela que o homem que ele quer homenagear é Mardoqueu, o homem que Amã tanto deseja matar. Imagino, Amã falando e anunciando em toda Susã a seguinte frase: É assim que são tratados aqueles que o rei deseja exaltar e ainda imagino o mais profundo furor que devia estar em seu coração neste momento.
A respeito do pedido de intervenção de Ester, a bíblia relata:
O rei e Amã foram, pois, ao banquete de Ester. No segundo dia, bebendo vinho, disse ainda o rei a Ester: “Qual é teu pedido, rainha Ester? Será atendido. Que é que desejas? Ainda que me peças metade do reino, te será concedido!”. A rainha respondeu: “Se achei graça a teus olhos, ó rei, e se ao rei lhe parecer bem, concede-me a vida – eis o meu pedido; salva meu povo – eis o meu desejo. Fomos votados eu e meu povo, ao extermínio, à morte, ao aniquilamento. Se tivéssemos sido vendidos como escravos eu me calaria, mas eis que agora o opressor não poderia compensar o prejuízo que causa ao mesmo rei”. “Quem é – replicou o rei –, e onde está quem maquina tal projeto em seu coração?” “O opressor, o inimigo – disse a rainha – é Amã – eis aí o infame!” Amã ficou aterrorizado diante do rei e da rainha. O rei, aceso em cólera, levantou-se e deixou o banquete, dirigindo-se ao jardim do palácio, ao passo que Amã permanecia ali, para implorar a Ester o perdão de sua vida, porque via bem que no espírito do rei estava decretada sua perda. Quando o rei voltou do jardim do palácio para a sala do banquete, viu Amã que se tinha deixado cair sobre o divã em que repousava Ester: “Como!” – exclamou. “Ei-lo que quer fazer violência à rainha em minha casa em meu palácio!” Mal tinha saído essa palavra da boca do rei, quando cobriram a face de Amã. Harbona, um dos eunucos, disse ao rei: “A forca preparada por Amã para Mardoqueu, cuja denúncia em favor do rei tinha sido tão salutar, acha-se levantada na casa de Amã, altura de cinquenta côvados”. “Que o suspendam nela!” – exclamou o rei. E suspenderam Amã na forca que tinha preparado para Mardoqueu. Isso acalmou a cólera do rei.” (ESTER 7, 1 – 10)
Vimos que Ester foi paciente e esperou a hora de Deus para apresentar seu pedido ao rei. E que a maldade se derrota sozinha, foi assim que Amã sem perceber arquitetou a sua própria destruição. Não é de se admirar que a Bíblia nos incentiva a termos “uma atitude de espera”. Não tenha dúvidas, quando esperamos por Deus, por ação e intervenção, descobrimos que suas soluções para os nossos problemas são muito melhores do que qualquer solução que nós mesmos podemos encontrar ou planejar.