Lançamento do livro

SEMEANDO DONS COLHENDO VOCAÇÕES -NOVO LIVRO DR NASSER

LEIA O PRIMEIRO CAPÍTULO …

Capítulo I: Ser ou não ser?

Desde cedo ouvia as pessoas dizerem: “Pois é, filho, aprenda um ofício que possa lhe ser útil em tempos difíceis”. Ou ainda: “Estude para ser alguém”. Mas algo me intrigava: “O que é ‘ser alguém’? Será que nasci sem identidade?”. Tolos questionamentos que são comuns nos dias de hoje. As pessoas interrogam, mas não discutem; impõem idéias feitas e rejeitam o diálogo.
O diálogo é per se a característica do Homo sapiens. Dialogar significa abrir-se às idéias e explorá-las como um grande desbravador. É aprofundar-se naquilo que o outro me oferece; adicionar experiências de crescimento; avaliar posições e situações; e poder concordar ou discordar, com argumentos concisos, de alguma opinião.
O diálogo aproxima as pessoas. Isso pode ser confirmado quando , a partir de uma simples conversa, tornamo-nos grande amigo e admirador de pessoas que rejeitávamos. A Bíblia, o Próprio Verbo Divino, preparado para o homem no Antigo Testamento e revelado na Encarnação de Jesus Cristo, mostra-nos o carinho todo especial de um Deus que sempre se comunicou conosco para que pudéssemos saber quem somos. Por meio deste diálogo, melhoramos a cada dia como seres humanos. Quem tem um bom relacionamento com Deus, relaciona-se bem com as pessoas.
Desse modo, o primeiro passo para buscar um Dom e saber qual rumo seguir é ter intimidade com Deus. Saber falar e saber ouvir Dele. Em seguida, identificar o meio em que nos encontramos e as máscaras que usamos para enfrentar o mundo, com o objetivo claro de nos defender.
Quando olhamos para nós mesmo e aprofundamos este olhar, a fim de sermos verdadeiros em tudo, vamos nos descobrindo e, assim, conhecendo nossas fraquezas. Por isso, basta pedir sempre a graça, como ensina São Paulo em 2Cor 12-10: “Quando sou fraco é que sou forte, pois Ele vem em socorro das minhas fraquezas”. Sem as máscaras, somos verdadeiramente nós. Já não precisamos mais defender o que desconhecemos.
É muito bom, neste tempo, ter um diretor espiritual, um amigo que conheça bem as coisas do mundo e as de Deus para nos aprofundar no caminho. Um bom diretor estabelece um diálogo pausado, meditado, muitas vezes faz uso do silêncio, saindo um pouco do cenário conturbado que muitas vezes nos encontramos para avaliar os fatos. Um bom diretor conduz com muita sabedoria, guia, direciona, sem travar a autonomia do outro, somente interferindo quando há risco do “dirigido” sair dos trilhos.

Conhecer para Ser

Vamos explorar, neste item, o autoconhecimento. Ao conhecemo-nos, ganhamos uma verdadeira dimensão de para onde ir e qual direção seguir. Dessa forma, descobrimos qual é o nosso verdadeiro lugar neste mundo.
Estudos de diversas áreas das ciências podem nos ajudar nesta auto-avaliação. No autoconhecimento, o indivíduo penetra em seu ser e separa tudo o que é “ser” do “não ser”. A efetivação desta distinção deixa claro os limites entre dois elementos que não se misturam, como, porexemplo, a água e o óleo.
Neste momento, enfatiza-se a importância de seguir para o deserto e fugir de toda agitação e apelos do mundo para caminhar em direção ao seu “eu”. Os grandes profetas, e o próprio Jesus, nos ensinavam a buscar o deserto. São Paulo viveu oito anos de deserto em sua cidade antes de ir para Antioquia e iniciar seu apostolado.
Durante esta caminhada nos depararemos com tudo o que está estragado, deformado, corrompido em nós; desejos e desequilíbrios. Tais situações nos impedem de prosseguir, pois desencadeiam certos vícios, que sempre foram alimentados por nossas paixões, algocomo uma compulsão alimentar, que pode levá-lo ao desespero. a partir do momento que você oferece, durante o caminho, um jejum bem consciente. O jejum é uma arma poderosa para ser usada nesta caminhada.
Inúmeras outras formas de emoções e paixões associadas a vontades fracas nos mostram onde estávamos presos e acorrentados. É a descoberta de tudo aquilo que nos impede de prosseguir, de sermos nós mesmos, de sermos autênticos.
Que aqui seja bem pontuado: o homem precisa ser livre! Para ser livre, é preciso apresentar-se sem máscaras para si mesmo e diante de Deus, pois é assim que Ele nos vê. Deus sabe quem somos.
Portanto, para saber quem somos, precisamos nos ver como Deus vê. Santa Terezinha do Menino Jesus, ensina-nos uma grande lição com uma perfeita e pequena frase: “Eu sou aquilo que Deus pensa de mim”.
Este esclarecimento nos levará concretamente, a enfrentar o deserto e encarar nossas fraquezas, viscitudes, mazelas, compulsões, desejos estragados, mentiras, erros, culpa, auto-acusações, sentimentos de inferioridades, arrogâncias, prepotências, feridas, dores, maldades, mágoas, ressentimentos, remorsos, traumas, falta de convicção para terminar relacionamentos estragados, medos, pânicos, fobias, iniqüidades, impiedades, vergonhas, vaidades, apegos, egoísmo, soberba, cobiça, carência, sensualidade, promiscuidades, contaminações por elementos ilícitos ou coisas espirituais, concupiscências, amarguras, corrupção, crimes e distanciamento das coisas de Deus por vergonha dos meus erros. Entregaremos tudo isso nas mãos de um Deus vivo que cuida de nós e nos lava, purifica ediz para não desistirmos em momento algum, que devemos continuar a caminhar sem olhar para trás, pois Ele nos despe de toda podridão que nos sepultava. Ele nos chama pelo nome.
É claro que tudo o que está sendo arrancado de nós estava muito aderido, intimamente ligado a muitas partes do nosso corpo, do nosso psíquico e da nossa alma, e dói muito retirar a casca do machucado. Mas ,após a dor, vem o bálsamo, o nardo do Oriente. Assim como quando Maria lavou Jesus por inteiro, agora somos lavados e purificados, os pesos ficam para trás e as correntes caem, até o momento da última casca cair. Desfalecendo no cansaço e na dor, colocamo-nos diante da nossa cruz, tomamos-a e seguimos em frente. Já não há mais nada que nos retenha, pois o nosso melhor está de volta!
Agora sim podemos lançar um olhar com olhos curados para o nosso interior. Vamos reconhecer e assumir as nossas qualidades, habilidades, dons que foram plantados desde cedo na nossa vida.

O Meio

Sem um caminho de autoconhecimento, o indivíduo, muitas vezes, se espelha em casa. É natural que as pessoas, de maneira geral, optem pela escolha profissional dos pais, e, caso não obtenham sucesso, mudem o rumo. Mas, uma vez se conhecendo e observando com maturidade seus dons e potencialidade, a vocação para a qual é natural seguir já não é decidida pelo lógico, pela razão, mas pelo coração. É um desejo em forma de inspiração: inspiramos algo que nos lança em direção ao nosso futuro. Tudo isso pode parecer poético, mas é um sentimento verdadeiro e não ilusório. É uma pré-concepção de quem sabe o que realmente quer e vislumbra um futuro em Deus, que é o caminho dos vitoriosos. O avesso seria a busca da fama, da glória dos homens e fazer de uma identidade psíquica a sua fonte inspiradora. É o que percebemos, de forma corriqueira, no mundo de hoje.
Muitas pessoas se consideram tão importantes que saem perguntando: “Você sabe com quem está falando?”. A resposta para tal indagação deveria ser: “Quem você ‘pensa’ que é?”. Assim, remeteríamos o argüidor ao contexto do que estamos dissertando, ou seja, “ser ou não ser”. Evidentemente, isso lhe seria absorvido como um agente químico corrosivo, ou, como se diz popularmente, “desceria goela abaixo”. É isso mesmo. Apesar de na hora haver um certo embate, quando os ânimos estiverem menos exaltados, certamente o interrogador gastará muito tempo em conflito, refletindo sobre: “Quem eu penso que sou?”, “Quem eu sou?”.
Aqui, vale a pena expressar algumas palavras para as famílias. Às vezes, a falta de busca do autoconhecimento pode ser fruto da falta de exemplo em casa, falta de referencial de equilíbrio, indispensável para a convivência sadia de uma família, que dialoga, que guarda valores e princípios.
Quando ocorre uma indisposição para o autoconhecimento, possivelmente os valores – honestidade, ética, perdão, reconciliação, caridade, verdade, desprendimento, ousadia sadia, compaixão, fraternidade, amor, bondade, solidariedade, auxílio aos necessitados, partilha, temperança, equilíbrio e fortaleza – se perderam dentro de casa, pois as famílias foram sendo desagregadas. Em outros tempos, a hora das refeições era o melhor momento para reunir a família. Apesar deste momento ser restrito ao jantar, realizava-se um jantar de profunda comunhão. Todos tinham seus lugares na mesa. Os pais primeiramente ouviam os filhos e somente após a apresentação das angústias e conquistas deles pronunciavam suas palavras de sabedoria. Era o momento em que se partilhava valores e a profusão de sonhos se realizava antes mesmo de se tornarem reais.
O grande mal, que é plantado no coração das crianças e as torna vítimas de falsos heróis, de mensagens erosivas dos meios de comunicação, sem um acompanhamento dos pais, forma tantas carapaças nos jovens, que cada vez mais seu verdadeiro ser é escondido, o que os torna o que os outros dizem que elessão. Então, ou estão do lado da timidez e só vêem o negativo de si, ou a ignoram suas fraquezas e lideram seus colegas,, exigindo confetes e aplausos de todos. Todos esses jovens precisam de formação, precisam ansiar, buscar o seu melhor, romper com suas inseguranças e medos, e não se conformarem com o que está a sua volta. A família deve ser a primeira a levantar esta bandeira de resgate ao menor sinal de problemas de relacionamento dos filhos. Atualmente, os pais e mães se desdobram tanto para oferecer aos filhos os bens materiais que não tiveram e trabalham tão intensamente que mal têm tempo para dar atenção aos filhos, para ouvi-los, para compartilhar suas dúvidas, seus medos, suas incoerências. Comprovou-se que a falta de atenção provoca nas crianças timidez excessiva, medo, insegurança e irritabilidade. Para suprimir essas carências, os jovens viciam-se precocemente em programas televisivos, videogames, computadores e tudo o mais que possa “preencher vazios”.
Pais atentos acompanham os filhos, ensinam-os a fazer escolhas, a buscar algo mais do que o superficial, e, se possuem uma convivência sadia com eles , notam a carência estampada em seu rosto, aproximam-se e mostram como é preciso perder para aprender a ganhar. Ao final da conversa, , por meio de um sorriso e um olhar, dizem “Eu te amo meu filho… Eu sei quem você é e vou ajudar você a se conhecer”. Pais que amam sabem que duas coisas são fundamentais para os seus filhos: fé e estudo. O resto nasce das boas sementes.

Não podemos nos esquecer que o homem é, por natureza, um ser inquieto. Para se formar, busca seu melhor, a fim de se aperfeiçoar cada vez mais. As crianças, quando são “deixadas” e se tornam solitárias, certamente recolhem a sua capacidade inspiradora e deixam de saborear os sonhos, a criatividade, as fábulas, que perdem o encanto. Muitas vezes, agem como adultos tristes que não vêem o mundo com uma pureza de crianças que são.
A geração atual já deu seu grito de alerta. Cabe aos educadores instigar o repensar, o “reexistir”, o readquirir da dúvida, para que se reaprenda a dizer “Eu não sei, mas posso apreender se você me ensinar”.
O grande perigo do mundo, hoje em dia, é o excesso de informações, que gera, uma cultura de superficialismo, ou seja, os jovens não se não buscam o amadurecimento afetivo e o autoconhecimento. Assim, tornam-se uma geração de jovens que não sabem se dominar, não sabem contemplar um movimento da natureza, não exercitam mais a arte do deduzir, do surpreender com algo bom, novo e belo.
O excesso de informações, mas sem um conhecimento verdadeiro e um senso de valores, gerou um mundo de depressão, angústia,solidão, que denomina as coisas erradas de modernidade, criandoum imenso vazio que caminha para a morte. Mas como não se angustiar diante de tantas notícias ruins com as quais nos deparamos dia após dia?
Assim como o artista precisa de inspiração para criar, a criança e o jovem precisa do ar nos pulmões, do sopro vindo do Criador para fazer as coisas serem mais belas e não expirar para a morte, para o desmatamento de toda a mata virgem perfeitamente harmonizada que existe dentro de cada um de nós. Diga-me o que ouves, o que vês, o que falas, o que sonhas, o que crias e eu te direi quem és tu!
É preciso resgatar em nossas crianças o caminho para alcançar a verdadeira vocação, o instrumento colocado por Deus em nosso coração que nos levará à realização do nosso objetivo aqui, na passagem por este mundo. Antes de tudo, porém, precisamos entender que o objetivo principal da nossa vida é servir a Deus. Assim, nossa vocação é servi-lo, seja qual for o estado civil que Ele nos quer, ou a profissão que exerceremos. Enfim, que tudo seja realizado com o objetivo de edificar, a cada minuto, o meu próximo, caminhando sempre dentro da ética e da capacitação que nos seja exigida.
Escolas diferenciadas estimulam seus alunos em todas as áreas do conhecimento e da criatividade para que eles se identifiquem com o seu Dom. Falarei mais adiante sobre isso com mais profundidade.
Por outro lado, a maioria das instituições educacionais estimulam apenas o retorno financeiro das profissões, as leis de mercado, a informação rápida. O resultado disso é um contínuo estado de estresse: a pessoa “estará por fora” se não tiver seu celular tocando a cada cinco minutos, se sua caixa de correio eletrônico não estiver descarregando mensagens minuto a minuto, se não estiver em sintonia com todas as notícias via Internet.
Nunca se tratou tanto de doenças afetivas, medo, pânico, depressão, ansiedade, descontrole episódico, dores de cabeça, vertigem, fibromialgia, doenças intestinais de fundo psíquico e histeria como nos últimos anos. As indústrias farmacêuticas nunca lucraram tanto com medicamentos psicotrópicos.

Pelo meu grito de alerta tocarei seu coração. Feche bem os seus olhos, feche bem os seus pensamentos, abra somente o seu coração, pois falarei com a força do vento que arrancará você do chão, e as minhas palavras farão muito sentido, pois serão acolhidas no seu interior, sem os vícios do mundo moderno.
“A Felicidade está na entrega do seu talento ao serviço de todo aquele que dele necessitar”.