Filme sobre o martirio dos Monges na Argélia ganha Cannes

Que maravilha quando o Festival tem coragem de premiar um filme com este cunho em pleno tempo de perseguição à Igreja…Quando Deus quer!!!!
Nasser
Testamento do padre Christian de Chergé

Este extrato do testamento do Padre Christian de Chergé, prior do mosteiro de Tibhrine, tem duas partes: a primeira foi escrita em Argel, no dia 1º de dezembro de 1993, e a outra em Tibhrine, no dia 1º de janeiro de 1994. Este documento foi confiado ao La Croix pouco depois da tragédia e publicado no dia 29 de maio de 1996.

A presente versão foi publicada no jornal La Croix, 18-05-2010. A tradução é do Cepat.

“Se algum dia me acontecesse – e isso poderia acontecer hoje – ser vítima do terrorismo que parece querer abarcar agora todos os estrangeiros que vivem na Argélia, eu gostaria que a minha comunidade, a minha Igreja, a minha família, se lembrassem de que a minha vida estava ENTREGUE a Deus e a este país. Que eles soubessem que o Único Mestre de toda a vida não me abandonaria nesta brutal partida. (…)

“Como posso ser digno dessa oferenda? Eu desejaria, ao chegar esse momento da morte, ter um instante de lucidez tal, que me permitisse pedir o perdão de Deus e o dos meus irmãos os homens, e perdoar eu, ao mesmo tempo, de todo o coração, aos que me tiverem ferido.”

“Eu não desejo este tipo de morte. Parece-me importante dizer isso. Não vejo, de fato, como poderia me alegrar com o fato de que esse povo que amo seja indiscriminadamente acusado por meu assassinato. É muito caro para chamar isto de, talvez, a ‘graça do martírio’ atribuí-la a um argelino, seja ele quem for, especialmente se ele diz que agiu em fidelidade ao que ele acredita seja o Islã. Eu sei do desprezo que foi empilhado sobre os argelinos indiscriminadamente. Conheço também as caricaturas do Islã promovidas por alguns muçulmanos. É muito fácil ter a consciência tranquila, identificando essa forma religiosa com os integrismos de seus extremistas.

A Argélia e o Islã, para mim são outra coisa, são um corpo e uma alma. Disse isto com frequência suficiente, creio eu, no pleno conhecimento de que eu recebi, encontrando lá tantas vezes esse fio condutor do Evangelho aprendido no colo da minha mãe, minha primeira Igreja, precisamente na Argélia, e, agora, no respeito aos crentes muçulmanos. (…)

Por essa minha vida perdida, totalmente minha e totalmente dele, dou graças a Deus que parece tê-la querido inteiramente para a alegria, apesar de tudo. Neste ‘obrigado’, em que tudo está dito, agora, da minha vida, eu certamente incluo os amigos de ontem e de hoje, e vocês, meus amigos daqui, do lado da minha mãe e do lado do meu pai, de minhas irmãs e meus irmãos e dos seus, o cêntuplo dado como foi prometido! E a ti também, meu amigo do último instante, que não sabias o que estavas fazendo. Sim, também para ti eu quero esse ‘obrigado’, e este ‘A-Deus’ cara a cara. E que possamos nos encontrar, ladrões felizes, no Paraíso, se for do agrado de Deus, o Pai de nós dois.

Amém! Im Jallah!”.