O Cineasta e os atores são convertidos pelo filme ganhador de Cannes, sobre Monges

Ser um monge, viver a vida monástica, ser chamado e dizer Sim, Senhor tu sabes que eu te Amo!!!! Todo o sentido da vida está nas mãos do Senhor e a Palavra de Deus nos inspira dia após dia a caminhar nos caminhos que nos leva ao Pai!!!Jesus!!!!
Nasser
O espírito de Tibhirine soprou sobre nós’, diz cineasta francês O objetivo pretendido pelo cineasta Xavier Beauvois foi fazer o filme com o rigor que a vida monástica lhe inspirava.

A entrevista é de Jean-Claude Raspiengeas e está publicada no jornal francês La Croix, 18-05-2010. A tradução é do Cepat.

Eis a entrevista.

Em que momento da sua vida se impôs a necessidade de rodar este filme sobre os monges de Tibhirine?

Eu estou ficando velho. Eu refleti sobre o sentido da vida. Este projeto veio no momento certo. Eu reuni muitos documentos sobre eles. Procurei descobrir quem eles eram. Descobrindo, eu fui seduzido, fiquei apaixonado por eles. Toda a equipe, depois – atores, técnicos –, experimentou este sentimento.

Eu me senti habitado por eles e eu senti prazer. Eu tive a impressão, em alguns momentos, de que eles me falavam. Eu me encontrei com o irmão Jean-Pierre [um dos dois sobreviventes], um homem santo. Eu vi a bondade nos seus olhos. Tantas coisas que saíram deste homem… Contemplar seu sorriso me encorajou a entrar nesta aventura, para propagar a sua mensagem.

Você diz que ficou apaixonado por eles?

Eles tiveram essa coragem. Ter uma arma kalashnikov apontada para a cabeça. Ficar lá, não vacilar na sua vontade de testemunhar, de permanecer com e entre esta população, tão próximos de seus vizinhos, do outro. Para mim, eles são aventureiros, artistas do amor, contemplativos e intelectuais. E este dom de si: é isto que mais falta hoje.

Você pode ser padre, monge, e se interessar pelo Islã, se apaixonar por esta outra religião. Falamos tanto e tantas vezes o que está errado. Fiquei feliz por filmar uma convivência feliz entre os monges cristãos e a população muçulmana.

O Festival de Cannes age como um alto-falante para ouvir a palavra desses irmãos. Meu trabalho é de captar a luz com uma máquina e, em seguida, com uma outra para espalhá-la por todo o mundo. Espero que onde estiverem agora, estejam orgulhosos de nós.

Da sua permanência no mosteiro de Tamie, em Savoy, para preparar o filme, você diz ter extraído os princípios morais para a sua montagem. Quais?

Sem complicações com a câmera. Nada de andar durante as missas, durante a elevação ou quando os monges mostram o corpo de Cristo. Dar lugar de destaque às suas canções, aos Salmos. Não fazer imagens, mas planos.

Adotar o mesmo rigor da sua vida monástica. Eu sempre pensei nas famílias. Eles ainda não viram o filme. Eu quero muito que o vejam. Estou mais preocupado com as reações deles do que com a crítica.

Como você sentiu a presença desses irmãos nas filmagens no Marrocos?

Vou dar um exemplo. Fiz um molde de suas cabeças cortadas para o final. Quanto mais o tempo passava, mais sentia que os monges me diziam: faça um bom filme, mas pense também nas nossas famílias.

E então um dia, quando nos aproximávamos do dia da filmagem, a neve, inesperada, imprevisível, caiu durante quarenta e oito horas. Como se eles me dessem a resposta para o problema que me colocavam. Terminei o filme com esse dom vindo do céu que respeita a sua integridade, sem atentar contra a dor de seus familiares.

O tempo das filmagens foram os dois meses mais bonitos da minha vida. Um perpétuo estado de graça. Tudo era simples, límpido, fácil, óbvio, estranho e bonito. Sim, o espírito de Tibhirine soprou sobre nós. Ele existe. Espero que toque o festival e faça bem a todos. Dentro de dois dias, será o 14º aniversário de sua morte. Domingo, dia de Pentecostes, vai coincidir com o achado do testamento do Irmão Christian

Em que a mensagem dele o transformou pessoalmente?

Falemos e tudo será melhor. Estendamos a mão. Fiquei tocado por essa mensagem e o exemplo de suas vidas. Não vejo mais o mundo da mesma maneira. Estou mais sereno. Antes, eu pensava que não poderíamos mudar nada. Os irmãos de Tibhirine me ensinaram que sempre podemos.