No mundo antigo, mas precisamente no Império Romano, entre o primeiro e segundo século quando um casal tinha uma criança, era obrigado a apresentar a um especialista em analisar algum tipo de defeito importante. Caso fosse defeituoso por alguma razão era abandonado até a morte, e isso significava que aquele homem era bom, pois seguia o politicamente correto.

Naquela sociedade você tinha que tomar conta de você e não dos outros. Outra coisa daquela época foi uma praga que tomou Roma, e se você tinha alguém com a praga em sua casa, para ser de acordo com a sociedade você deveria tirar a pessoa da sua casa e abandonar em uma praça para morrer e mais de 5mil pessoas morriam por dia naquele lugar. E você seria muito bem reconhecido como alguém bom, que fazia as coisas de acordo com a sociedade e tomar conta de si mesmo era a regra e você vivia na regra.

            Tomando para o hoje, o que realmente importa nos dias de hoje é como medimos o que fazemos. É na verdade o que pensamos que nos leva a fazer as coisas. Discípulo de Jesus não é ser boa pessoa. O desafio do discípulo de Jesus, não basta ser bonzinho, mas ser diferente. Ser Cristão é se parecer com Jesus. Vendo você, estarão vendo Jesus. Para isso temos que fazer algo a mais, e faremos nas próximas semanas sobre esta formação.

            Para começar, temos que iniciar vendo as coisas como Jesus e pensando como Jesus, então as coisas sairão como verdadeiro discipulado. As leituras deste tempo nos ajudarão a saber como Jesus se parece. Começamos por São Paulo aos Filipenses Capítulo 2, onde São Paulo descreve Jesus, como Ele se parece. Não há nada melhor do que o outro interessa e não o que eu me interesso, o importante é se colocar no local do outro, por isso é ser bom, é se colocar no lugar do outro. Do jeito que nós pensamos no mundo é a exata maneira como nos colocamos, nos posicionando no mundo. Ter a mesma perspectiva, mesma visão que Jesus tinha e tem.

            O mundo pensa de uma forma muito diferente de nós. Quando estamos por exemplo em uma Universidade onde temos a chance de morar no campus o exemplo do que vemos hoje se aplica perfeitamente. Como diz o Papa Francisco, vivemos a prisão da auto- referência. Não basta nestes ambientes de estudo apenas estudar para ser muito especialista naquilo, porque isso não é o suficiente. No mundo destes relacionamentos, anônimo e autônomo é viver a parte de tudo, nisso o Papa diz impaciência auto referencial. Perguntamos a todos a nossa volta: – Como eu estou indo, ou eu estou indo bem? E tudo vai ser referenciando neste narcisismo que por sua vez através deste caminho, faz você ir se tornando Desconhecido e Mal-amado.

            A grande pergunta é: – Como eu deveria cuidar dos outros? Quando você está dirigindo, se for como Jesus, pare de reclamar, pense que todo mundo tem um lugar para onde estão indo. Nossa pressa faz de nós anticristãos, pressionando, gritando, buzinando, mas a verdade que está em cada carro não temos a menor ideia do que estará acontecendo, da verdadeira história. É como olhar para cada um ao nosso redor e através dos olhos está uma grande história. Olhar para si mesmo, com um olhar narcisista não nos ajudará nada. Pois Jesus morreu por cada um que está em nossa volta. Deus se humilhou para morrer por cada um de nós. Jesus te olha, te fala e te revela que você na sua morte de Cruz o faz maior que Ele. Deus acredita que nós somos importantes por isso um Discípulo de Jesus, não elimina os outros quando estão doentes, mas cuida deles. Discípulo de Jesus, consegue, como ocorreu neste Furacão recente, que pessoas que acabavam de ser resgatados, assim que se recuperaram, voltaram para ajudar a todos os que estavam necessitando. Discípulo de Jesus se preocupa em como poder ajudar outra pessoa. Quando visitamos orfanatos, acolhemos os desvalidos, cuidamos de indigentes, estamos sendo Jesus para eles, mas as vezes é mais fácil fazer isso do que cuidar dos nossos mais preciosos, em nossa própria casa. Discípulo sabe que cada pessoa neste mundo merece nosso respeito, nossa reverência e nosso acolhimento. A mensagem de um Discípulo ao outro é convencê-lo de que se houver alguma necessidade você estará ali para ajudá-lo, sem condições.

            Uma pessoa por pior que seja para nós, que tenha encolerizado conosco, merece nosso cuidado. Muitos de nós, ao invés de falar com a pessoa que nos causa problema fala com todo mundo menos com a pessoa do problema. Ou ainda porque você se desapontou com aquela pessoa já exclui ela da sua vida. Isso é ser hipócrita e não Cristão.

            Discípulo de Jesus também compartilha sua fé. Muitas pessoas têm este comportamento ridículo do respeito humano e daí não dizem o que Jesus fez em suas vidas. Não importa se a pessoa vai gostar ou não, porque o Espirito Santo poderá estar agindo no coração daquele ateu e você é o caminho. Caminho era o nome da nossa Religião assim que Jesus Ressuscitou. Não podemos esquecer esta Palavra de poder e convencimento. Mas muitos preferem ser legais, não invadir o outro, não se mostrar, ser politicamente correto. Há uma história de um famoso artista americano do humor ( BJ), que era assumidamente Ateu, e que um dia foi visitado após um show em seus aposentos por  um homem bem vestido, educado, que se aproximou dele e  lhe deu uma Bíblia, com uma mensagem na capa e lhe disse que acolhesse o presente. Também disse que Jesus tinha mudado a vida dele. E para sua surpresa o artista se virou e disse: – Eu respeito pessoas que mostram sua fé. Que falam de Jesus! Não importa a quem.  Quanto você tem que  odiar uma pessoa para não dizer a ela que Jesus é o Caminho! E também não é só odiar, mas ignorar, pois o avesso do Amor é a Indiferença. E aquele evangelizador saiu daquele lugar recebendo uma aula de Teologia de um Ateu!

            Deixe no dia de hoje de ser anônimo e autônomo e passe a se incomodar com os outros no sentido de estar a disposição para as necessidades dos outros, pois é do ser humano querer ser amado e querer ser aceito. Com Jesus, as duas coisas estão garantidas.

            Portanto enquanto acharmos que somos nós que fazemos as coisas, não vamos a lugar algum, mas se somos dóceis aos sopros de Espirito Santo, podemos ser melhores Cristãos e Ser Cristão é ser Jesus para os outros.

 

Oremos: Senhor, dá-me o dom da Ousadia neste dia, retira de mim todo o sentimento de autonomia e anonimato. Me faça ir ao encontro, como o Papa Francisco nos convoca, a Teologia do encontro. Que Maria aquela que foi ao Encontro de Isabel nos ensine cada vez a acolher a todos que Jesus através do Espirito Santo nos direciona aos que neste momento necessita da nossa presença e da nossa atitude! Amém!

Bons amigos que nasceram pela Fé.

 

Livro dos Actos dos Apóstolos 11,19-26.

Naqueles dias, os irmãos os que se tinham dispersado, devido à perseguição desencadeada por causa de Estêvão, adiantaram-se até à Fenícia, Chipre e Antioquia, mas não anunciavam a palavra senão aos judeus.
Houve, porém, alguns deles, homens de Chipre e Cirene que, chegando a Antioquia, falaram também aos gregos, anunciando-lhes a Boa-Nova do Senhor Jesus.
A mão do Senhor estava com eles e grande foi o número dos que abraçaram a fé e se converteram ao Senhor.
A notícia chegou aos ouvidos da igreja de Jerusalém, e mandaram Barnabé a Antioquia.
Assim que ele chegou e viu a graça concedida por Deus, regozijou-se com isso e exortou-os a todos a que se conservassem unidos ao Senhor, de coração firme;
ele era um homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé. Assim, uma grande multidão aderiu ao Senhor.
Então, Barnabé foi a Tarso procurar Saulo.
Encontrou-o e levou-o para Antioquia. Durante um ano inteiro, mantiveram-se juntos nesta igreja e ensinaram muita gente. Foi em Antioquia que, pela primeira vez, os discípulos começaram a ser tratados pelo nome de «cristãos.»

 

 

 

 

Fazia pouco tempo que Jesus havia me escolhido para servir-lo, numa experiência inusitada em minha vida. Jamais imaginei que um dia passaria pelo processo de uma verdadeira conversão. Experimentei o batismo do Espírito, experiência indescritível pela Mística, pela maravilhosa tomada de todo um ser na efusão do Espírito Santo de Deus, o mesmo que veio sobre Jesus no Rio Jordão. O mesmo que Ele diria ao final de seu tempo aqui com os apóstolos, que iria para o Pai, e derramaria sobre nós o seu Santo Espírito, e nos passaríamos a entender todas as coisas. E esta experiência se deu em um Grupo de Oração, na Comunidade Bom Pastor, comunidade esta que o Guido caminharia tão perto a tantos anos, pelo caminho que sua mãe havia escolhido para ela, ser um membro da Comunidade Bom Pastor. Através do testemunho, da fidelidade e exemplo de sua mãe,seu filho seria também um escolhido para o Messe do Senhor. Mas a minha experiência era bem mais recente. Quando quem ministrava o momento de efusão do Espírito Santo, proclamou que Jesus estava caminhando no meio de nós, que se aproximava de nós, que nos envolvia, eu pude sentir a própria Mão de Jesus ( a Destra ), tocar minha cabeça com carinho, fisicamente presenciei o Senhor tocar em mim como tocou em tantos sofredores. Como quem é envolvido pelas mãos do Pai, como quem é embalado pelo colo da Mãe assim eu pude cair na mãos de Deus, como o salmo 30-6. Deste dia em diante, eu descobri e depois aprenderia com o Guido que nas horas de sofrimento, ou nas horas de glória e jubilo respondei sempre com salmos, pois é a própria linguagem que vai direto ao coração do Pai. O Guido sabia os 150 salmos de cor, mas não porque havia decorado, mas por Amor, ele Guardou a Palavra em seu coração.

Após este dia tudo na minha vida passou a mudar, e em breve tempo eu já estava me envolvendo com muitas coisas de Deus, livros, músicas, orações, exercícios de espiritualidade, aprofundamentos, retiros, partilha da Palavra em casa primeiro, depois com um Diretor Espiritual no Mosteiro de São Bento ( Dom Felipe). Eu passava a ouvir a Rádio Catedral o tempo todo, e estava por dentro de tudo o que estava acontecendo no Rio. Neste tempo o programa nas Ondas da Canção, conduzido pela Comunidade Canção Nova, rezando o Terço da Misericórdia e dando inúmeras dicas de vivências foram se tornando para mim necessidade fisiológica, como beber, comer, dormir. Quando eu tinha chance estava lá acompanhando de perto. Conheci nesta época a Toca de Assis que me ajudou muito, os filhos da Toca, fundada pelo Padre Roberto Letieri, eram jovens do Brasil inteiro que viviam o franciscanismo primitivo, cuidavam dos sofredores de rua doentes, ali entrava minha profissão. Ao mesmo tempo que minha alma ansiava em conhecer a Canção Nova, o que veio acontecer aqui no Rio, na casa de MISSÃO que tinham junto a Igreja de Santana. Rádio, Televisão, grupos de oração. Conheci de uma forma bem mística. Eu fui ao Hospital no centro, estava muito angustiado, tudo dentro de mim estava mudando. Foi então que a sessão foi cancelada, em seguida peguei o carro e fui em direção a Avenida Presidente Vargas, ao passar pela Igreja de Santana, Santuário Eucarístico e antiga casa de Missão da Canção Nova, neste momento ouvi um voz no meu interior que dizia entre neste Santuário. Parei o carro em frente e quando fui entrar encontrei uma pessoa que sorriu e me acolheu, era a responsável pela Missão no Rio de Janeiro, Mônica, que deixou que eu colocasse tudo para fora o que estava se passando comigo. Ela e mais seus irmãos de Missão oraram por mim,  e me convidou para mandar uma carta para a Canção Nova, para o Eto que dirigia e dirige ainda esta obra de Deus. Ela me deu o email dele e fui para casa. Dias depois liguei para ela pois havia mandado uns vinte emails e náo obtive resposta, alguns voltavam, nem imagina quem não queria que isto acontecia. Mas bastou um email chegar lá para tudo começar.  No domingo seguinte estaria num chá da Toca quando ouvi pela primeira vez o nome do Guido e as história de São Pio de Pietrelcina ou melhor São Padre Pio. Deus me uniu muito forte a Canção Nova, acolhendo na minha casa os fundadores, Eto, Luzia e Cia. Nesta época Guido fazia discernimento em Cachoeira Paulista e Queluz para seu chamado no seminário e queria discernir se deveria ir ou não ser formado pela Canção Nova. Padre Jonas na época, disse que não. Daí ele tinha voltado para o Rio, mas todos da Comunidade o conhecia e falavam muito dele. Bem, uns três meses depois , ao atender e operar uma consagrada da Canção Nova aqui no Rio de Janeiro de Escoliose, fomos eu e o Padre Jonas orar por ela no leito hospitalar. No meio da oração o Padre virou-se para mim e disse: – Nasser, o Senhor me pede para fazer isto!    E derramando o óleo Bento sobre as minhas mãos, repetia que o que havia acontecido com Davi quando foi ungido por Samuel e também não entendeu nada, somente depois que as coisa foram acontecendo, ou seja, nascia ali minha vida apostólica como médico de homens e de almas, pelo Ministério de Cura.

Caminhava com a Toca de Assis, em suas casas de acolhimento, levando material para curativar os sofredores de rua, limpando as feridas do corpo e da alma. Quando eles precisavam de internação, falavam com o Dr Guido, que na minha imaginação para ser uma pessoa mais velha, solteiro convicto, um homem piedoso que se dedicava a Santa Casa de Misericórdia e atender os sofredores de rua na Casa das Irmãs de Madre Teresa de Calcutá na Lapa.

Várias pessoas vinham comentar comigo, que o Guido dirigia um Grupo Padre Pio de Oração com os doentes da Santa Casa e isto havia trazido de volta as atividades na Capela da Santa Casa que estava às traças quando tudo isto começou, e com o Guido e seu grupo voltaram as Missas, as Orações e mais momentos de espiritualidade.

Numa de minhas muitas viagens a Canção Nova, ouvi de minha irmã de Comunidade Dra. Rízzia que eu deveria muito conhecer o Guido, quando partilhávamos o que o Senhor estava fazendo através de mim nos meus atendimentos, quando orava pelos enfermos e os milagres começaram a aparecer.

Mas foi num telefone, quando eu ainda dirigia o Instituto de Neurologia e Sono da UNESA que recebi um telefonema da Srta. Flávia Lobo, então repórter da TV Canção Nova que disse que eu deveria conhecer o Guido, na verdade ela tinha falado tanto de mim para ele que ele queria se encontrar comigo. Meia hora depois tocava o telefone e era eu e o Guido marcando nosso primeiro encontro. E como tudo na fé, ele me convidava para estar com eles na Missa no Domingo seguinte na Capela da Santa Casa, seria presidida pelo Cardeal Dom Eusébio Sheid, e que ele havia sonhado tanto, e acreditava que após aquela Missa as coisas iriam melhorar na Santa Casa com o seu grupo e tudo mais. Foi assim que partilhamos nossas experiências e muita emoção foi marcada no nosso primeiro encontro. Fui com a minha esposa Leticia, meu filho Théo e minha filha Beatriz que nesta Missa recebeu três bênçãos especiais do Dom Eusébio, o qual sou médico até hoje. Ele abençoou a mim e ao Guido, e depois da Missa partiu. Ficamos para o grupo de oração. Combinamos então que ele iria em minha casa para jantar e partilharmos, rezarmos e ouvir o que Deus queria desta união.

Dr. Nasser e Guido