Em tempos de penitência e jejum de carne, muita gente parte para os peixes. Como se isso fosse sacrifício né? E alguns partem para espécies valiosas, como o atum. Aliás isso me fez lembrar do tempo em que era repórter no Espírito Santo. Lembro que fiz uma reportagem inesquecível com os maiores pescadores de atum do Brasil. Os caras passam pelo menos dez dias em alto mar, em águas profundas e voltam com seus barcos abarrotados do valioso peixe. A reportagem que fiz foi durante o verão de 2000, quando passei um mês inteiro no litoral sul capixaba. Lá pude conhecer essas feras do mar que levam uma vida difícil, mas parecem ser muito felizes. Os pescadores de atum da praia de Itaipava são verdadeiros guerreiros. Depois de todo o desgaste em alto mar, eles chegam a costa capixaba e atracam seus barcos. O detalhe é que os peixes precisam ser descarregados um a um. Um vai e vem de pescadores que tiram os atuns dos barcos e levam nas costas para os frigoríficos. O pior ainda não contei. Os “peixeinhos” pesam em média CEM quilos. Isso mesmo, 100kg. Veja nessa foto que o pescador já não é tão jovem assim, mas nem por isso perdeu a vitalidade e força para carregar o atum nas costas. Por muitos caminhos por onde andei, sempre encontrei boas histórias para contar e sempre soube que o Senhor estava a me conduzir. Sei que cada um vive o seu sacrifício diário, imposto pelo trabalho que escolheu. Em cada ofício tenhamos a certeza de que por mais pesado que seja o fardo, ou o “peixe”, o Senhor sempre nos ajuda a carregar. Não perca o foco da Quaresma, não perca o sentido desse tempo tão rico que a igreja nos propõe.
Deus abençoe!
Wallace Andrade
Comunidade Canção Nova
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