“Uma vez ouvi de um padre amigo que evangelizar fora da pátria é uma vocação específica e, de fato, constato olhando para a minha vida que se trata mesmo de um dado, uma vocação”, testemunha de uma missionária da Canção Nova em Portugal
Lembro-me de algumas experiências que eu tinha quando era criança. Morávamos a beira-mar e eu constantemente olhava o horizonte e ficava a me perguntar como seria estar do outro lado… Depois, na adolescência, os sonhos de viajar, de conhecer o mundo, lugares, costumes, culturas… Essas coisas, na época, pareciam ser apenas uma ilusão de menina, um sonho de criança, mas a verdade, é que já aí eu estava a conhecer algo que faz mesmo parte do que sou e do meu chamado.
Quando me percebi vocacionada à vida missionária no ano de 1996, eu compreendi que haveria de “sair”; primeiro da minha casa, do ninho e depois, para onde Deus me enviasse; e eu intuía que Deus me enviaria para longe, engraçado; este sentimento sempre me acompanhou, eu tinha a sensação de que andaria pelo mundo.
Quando ingressei na Comunidade Canção Nova no ano de 2000, iniciei um longo período de formação que se dá até hoje: – aprender a ser missionária. Sim, aprender! É um aprendizado constante, porque cada lugar exige do missionário uma resposta nova e diferente que vai de encontro a realidade daquele povo, da sua maneira de estar no Mundo e de ser Igreja…. Fiquei nove anos em Cachoeira Paulista e, muito embora nutrisse no meu coração este anseio de viver a minha vocação de missionária nesta dimensão AD GENTES, eu compreendia ao mesmo tempo que estes anos eram precisos para o que haveria de vir.
Enviada pelo mundo
No ano de 2009 saí do Brasil a caminho da França, com uma mala de 23 quilos, sozinha, sem falar francês; apenas me apoiando no inglês que naquela época era um pouco mais precário do que é hoje. Foi uma verdadeira aventura! Consegui! Lembro-me até hoje desse dia, deixei no aeroporto em São Paulo a minha família e o meu namorado que hoje é meu marido. Estávamos a namorar há um mês quando recebi a notícia da compra da passagem. Era um misto de tudo, de muitos sentimentos, era um pouco de tristeza, mas ao mesmo tempo de muita expectativa diante do novo.
Vivi dois anos na França e de lá fui em missão para outros países, Inglaterra, Irlanda, Espanha, Itália… Foram dois anos intensos. Um mergulhar na vida comunitária que se me apresentava de forma “nova” e intensa. Éramos tão poucos, era tudo intenso e isso fez-me crescer muito.
Foi mergulhar em uma cultura diferente e muitíssimo diferente da minha, a começar pela língua. Foi uma experiência fantástica aprender outro idioma, costumes, cultura, a fazer-se um com um povo de outra nação e que, naquele momento, se tornava o meu povo. Estar pelo mundo significa isso, estar aberto a acolher o diferente e fazer-se um.
Dois anos depois fui transferida para Portugal e cá estou há 12 anos. Já estou há mais tempo fora do meu país como missionária do que dentro dele… Hoje sou casada, o meu marido também é missionário e temos um filho de 7 anos, o Estêvão!
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Em terras portuguesas
Estando em Portugal e andar pelo mundo continua, daqui também já fui para outros lugares em missão. Hoje, depois de 10 anos na missão de Fátima, estamos em Évora há dois anos a fazer a experiência de imersão do Carisma Canção Nova.
Esta é outra experiência que me marca na vocação: abraçar o novo e me fazer um com um povo. Esta disposição que vem de um chamado específico é também um ponto de partida na educação do Estêvão, meu filho, já percebemos também nele uma abertura e boa capacidade de adaptação.
Sou brasileira de nascença mas a realidade é que este dom que há em minha vocação, esta disponibilidade que é um traço do meu chamado, faz com que eu responda sempre que me perguntam a minha nacionalidade: Eu sou uma missionária brasileira mas gosto de pensar que sou cidadã do Mundo.
Deus abençoe!
Debora Rosa Ribeiro Lira Azadinho, brasileira, nasceu no dia 5 de Março, em Santos, SP. É membro da Comunidade Canção Nova, desde 2000 no modo de compromisso do Núcleo. Atualmente, está na missão de Évora – Portugal
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