Uma pequena partilha da missão deste fim de semana – visita pastoral as Aldeias de Mutche e Khokwe em Moçambique.
Neste fim de semana fui conhecer e fazer missão em algumas de nossas comunidades mais distantes da paróquia a quase 100 km da nossa sede.
Sai de carro – um carango bem velho e emprestado – no sábado por volta das 5h30 da manhã e segui para pegar no meio do caminho o animador – Sr. Paulo Viagem – que me acompanharia pelas aldeias. Encontrei-o e seguimos viagem.
Chegamos à margem do Rio Nkondezi no povoado de Samoa por volta das 7h30 da manhã. Deixamos o carro na casa de um catequista da aldeia e atravessamos o rio de canoa.
E do outro lado esperaríamos a motocicleta que nos buscaria as 7h30, mas que só apareceu pelas 10h da manhã. Mas, coitado do jovem que veio da Comunidade de Mutche a duas horas e meia de distância.
Subimos os três na motoca e seguimos viagem. As estradas muito ruins, alguns lugares muita areia e outros lugares com muitas pedras soltas, atravessar riachos e um forte calor. Mas tudo vale pela missão…
Por volta de 12h30 – duas horas e meia de viagem – chegamos a Aldeia de Mutche, já numa parte de montanhas muito bonita e completamente isolada. O povo já estava a esperar. Recebeu-nos com muito canto, com muita alegria, com muito amor, só por isso já valeria todo sacrifício da viagem. Este povo estava a mais de um ano sem Missa, mas nunca deixaram de rezar e celebrar a Palavra aos Domingos.
Ali me apresentei aquele povo, pois não me conheciam – tudo traduzido pelo animador, pois só se fala chewa na aldeia. Depois preparamos o povo para receber o sacramento do Batismo. Tomamos “banho” – não tem banheiros, são pequenos cercados de palha -, almoçamos a Xima e celebramos com o povo em sua simples capela de palha, galhos e bambu. Experiência inesquecível.
Um detalhe interessante desta comunidade é que as crianças tem muito medo do homem branco. Eu já tinha tido a experiência em outros lugares daqui, mas nesta comunidade era fora do normal. Muitas delas talvez nunca tinha tido esse contato com o branco. Como também as pessoas daqui de Moçambique tem o costume de fazer medo às crianças falando que o mzungo – homem branco – vai levá-los embora para fazer mal.
Celebramos a Santa Missa com muita alegria até quase anoitecer. Como a chuva estava chegando pelas montanhas, despedimo-nos do nosso povo e tivemos que descer rapidamente para outra comunidade a uma hora e trinta de distância.
No próximo post continuamos a testemunhar nossa aventura missionária… Chegaremos a aldeia de Khokwe!
Mais que cantar é viver a música: “Leva-me onde os homens necessitem tua Palavra. Necessitem de força de viver…”
Forte abraço
Deus vos abençoe
Padre Ademir Costa –
Missionário da Canção Nova/Moçambique
Na há melhor experiência de Deus do que esta proximidade do povo que acredita e está sedento de sua Palavra. O papa nos disse aqui em Maputo: “A proximidade cansa! E como é bonito ver um missionário cansado por estar próximo do seu povo.” Parabéns grande missionário em ação. Estes são os santos da Igreja de hoje. Deus lhe abençoe nesta sua faina evangelizadora.