O Anticristo, o Final dos Tempos e os sermões proféticos do Cardeal Newman.
Talvez alguns ainda não saibam ou se esqueceram, porém é bom relembrar que o Cardeal Newman foi canonizado no ano de 2019, mais precisamente no dia 13 de Outubro. Seu nome completo é John Henry Newman.
Foi elogiado e exaltado por diversos Papas pela sua ortodoxia quanto a doutrina católica. De uma capacidade teológica ímpar, defendeu a Fé Católica de diversos ataques contra seu magistério, principalmente dos pensamentos protestantes!
Uma importante contribuição foi quanto a defesa da Inafabilidade Papal, e assim ele ensina de forma magistral:
“A infalibilidade da Igreja é como uma medida adotada pela misericórdia do Criador para preservar a [verdadeira] religião no mundo e para refrear aquela liberdade de pensamento que, evidentemente, em si mesma, é um dos nossos maiores dons naturais, mas que urge salvar dos seus próprios excessos suicidas”
O Cardeal Newman também nos iluminou diante de 4 discursos que proferiu, onde expôs questões como a realidade do Anticristo e sobre os finais dos tempos.
* Primeiro sermão: “Tempos do Anticristo”
Neste primeiro sermão, o cardeal começa descrevendo os sinais do segundo advento de Cristo. Ele diz que haverá “uma terrível apostasia e a manifestação do homem do pecado, o filho da perdição, ou seja, como é comumente chamado, o Anticristo.
Nosso Salvador parece acrescentar que esse sinal o precederá imediatamente, ou que Sua vinda a seguirá de perto; porque depois de falar de ´falsos profetas` e de ´falsos cristos`, ´fazendo sinais e prodígios`, ´abundância de iniquidade` e ´amor esfriando`, e coisas do tipo, acrescenta: ´Quando virdes todas estas coisas, sabei que está perto, às portas”.
São Paulo, no capítulo 2 da segunda carta aos Tessalonicenses, explica que há um poder restritivo que impede que o “Adversário” seja revelado, mas que se manifestará no devido tempo.
O Cardeal Newman, assim como tantos outros santos, afirmou que o Anticristo se trata de uma pessoa:
“Diz-se que virá uma apostasia, e o Homem do Pecado será revelado. Em outras palavras, o Homem do Pecado nasce de uma apostasia, ou pelo menos chega ao poder através de uma apostasia, ou é precedido por uma apostasia, ou não o seria se não fosse por uma apostasia. Assim diz o texto inspirado: agora observe, como a explicação da Providência, como se vê na história, notavelmente comentou esta predição“.
Newman ainda levanta a questão do relativismo religioso como um ponto a ser percebido:
“Não há uma opinião reconhecida e crescente de que uma nação não tem nada a ver com a religião; e que isso é um assunto meramente da consciência de cada um? Certamente soa como o relativismo de nossos dias.
Não há um movimento vigoroso e unido em todos os países para derrubar a Igreja de Cristo do poder e do lugar? Não há um esforço febril e sempre atarefado para se livrar da necessidade da religião nos negócios públicos? Uma tentativa de educar sem religião? Uma tentativa de substituir a religião completamente?“.
Cardeal Newman nos alerta para não cairmos nos enganos de Satanás:
“Crês que ele é tão desajeitado em seu ofício para te pedir aberta e claramente que te unas a ele em sua guerra contra a Verdade? Não, ele está oferecendo-te uma isca, para te tentares. Te promete liberdade civil; te promete igualdade; te promete comércio e riqueza; te promete um perdão de impostos; te promete reforma… te promete iluminação, te oferece conhecimento, ciência, filosofia, ampliação da mente. Zomba dos tempos passados; zomba de toda instituição que os venera”.
* Segundo sermão: “A religião do Anticristo”
No seguinte sermão, o cardeal Newman afirma que tanto São João como São Paulo descrevem o inimigo como caracterizado pelo mesmo pecado: negação à Deus (1 Jo 2, 22-23) e estabelecer-se a si mesmo como um deus.
Também diz que, tanto Irineu como Hipólito interpretam o número da besta como a palavra ´latinus`, ou o rei latino, e cita que o veem como o chefe do Império Romano restaurado.
Embora todas as expectativas detalhadas até agora possam ser corretas ou incorretas, diz o cardeal Newman, ainda é muito útil falar sobre essas coisas à luz do que estava acontecendo nos seus dias e, obviamente, têm piorado enormemente.
Suas palavras se adaptam aos dias de hoje: “No estado atual das coisas, quando se supõe que o grande objetivo da educação é desfazer-se das coisas sobrenaturais, quando se nos pede rir e zombar de acreditar em tudo o que não vemos, e que avaliem cada declaração com a pedra de toque da experiência, devo pensar que esta visão do Anticristo, como um poder sobrenatural por vir, é um grande lucro providencial, já que um contrapeso às más tendências da época”.
* Terceiro sermão: “A cidade do Anticristo”
No terceiro sermão, o cardeal Newman analisa o que nas profecias se cumpriu e o que ainda falta cumprir-se. Ele mostra como o Império Romano se dissolveu, mas é difícil dizer se se foi totalmente, porque ainda poderia existir “em um estado mutilado e decaído… se assim for, algum dia deve reviver”.
Com riqueza de detalhes, além de referências bíblicas, o cardeal Newman mostra como o Império Romano foi muito punido através da espada bíblica, da fome e das pragas, mas ainda não foi totalmente demolido, apesar de todas as pragas, a devastação dos bárbaros e a divisão em outras nações.
Por que ainda não?, pergunta o cardeal. E responde: porque a “Igreja habitava em Roma, e enquanto seus filhos sofriam na cidade pagã pelos bárbaros, voltaram a ser a vida e o sal dessa cidade onde sofreram… Que maravilhosa regra da providência de Deus aqui se manifesta! A Igreja santifica, mas sofre com o mundo, partilhando os seus sofrimentos, mas aliviando-os”.
O cardeal também afirma que a Roma pagã pode ser figura de alguma outra grande cidade, ou talvez de um mundo orgulhoso e enganador, ou de todas as grandes cidades do mundo juntas, com seu governante de “espírito avarento, luxuoso, auto-suficiente e irreligioso”.
* Quarto sermão: “A perseguição do Anticristo”
No sermão final, o cardeal Newman olha para as Escrituras para nos lembrar das bem-aventuranças:
“Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus”, dando a entender que a Igreja começa e provavelmente terminará em perseguição.
“Ele a reconhece como sua, a emoldurou, e a pedirá de volta, como uma Igreja perseguida, que leva Sua cruz”, diz o cardeal Newman ao recordar Mateus 24, 21, 2 Tessalonicenses 2, 9-11 e Apocalipse 13, 13-14, dizendo que será bom para os cristãos, porque os dias se encurtarão.
“Talvez não seja uma perseguição de sangue e morte, mas unicamente de arte e sutileza, não de milagres, mas de maravilhas naturais e poderes de habilidade humana, aquisições humanas nas mãos do diabo. Satanás pode adotar as armas de engano mais alarmantes, pode esconder-se, pode tentar nos seduzir em pequenas coisas, e assim mover os cristãos, não todos de uma vez, mas pouco a pouco, de sua verdadeira posição”, continuou.
Depois disse: “Sabemos que ele obrou muito dessa maneira ao longo dos últimos séculos. Sua política é dividir-nos e dividir-nos, para desalojar-nos gradualmente da nossa Rocha. E se vai haver uma perseguição, talvez seja, então, quando todos estivermos em toda parte da cristandade tão divididos e tão reduzidos, tão cheios de cisma, tão perto da heresia. Quando nos tivermos lançado sobre o mundo e dependermos dele para nossa proteção, e tivermos renunciado a nossa independência e nossa força, então ele pode explodir sobre nós com fúria, até onde Deus o permita”.
“Então, de repente, o Império Romano [que parece arder de várias maneiras em algum lugar] pode ser quebrado, e o Anticristo aparece como um perseguidor, e as nações bárbaras ao redor irrompem. Mas todas estas coisas estão na mão de Deus e no conhecimento de Deus, e as deixemos ali”, acrescentou.
“É nosso dever, como o Senhor nos mostra no Pai Nosso, orar: Venha o Vosso Reino. Faça-se na terra como no céu”, conclui o cardeal Newman.
Deus abençoe você!
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