A conversão como ponto de partida da vocação

O ponto de partida para qualquer vocação é a conversão, testemunha missionário.

Tomo como ponto de partida, da minha experiência vocacional, o meu encontro pessoal com Jesus. Apesar de entender que desde o ventre de minha mãe ele já me conduzia, me vocacionava, me preparava… Esse encontro se deu em uma confissão que me levou a viver de modo diferente. Por isso, acredito que o ponto de partida para qualquer vocação é a conversão.

Quando busquei o padre, para confessar meus pecados, não esperava que aquilo teria uma força de transformação tão grande em minha vida. Eu namorava e estudava para adentrar na faculdade de medicina, fazia pela terceira vez o cursinho pré-vestibular. Porém, ao me encontrar com Jesus e receber toda a sua misericórdia fui tomado de uma sede, um desejo ardente por Deus, pelo amor que havia recebido ali. Esses sentimentos me fizeram participar de tudo o que conhecia: missas, grupos de oração, trabalhos voluntários e etc. Queria de algum modo retribuir e atualizar a experiência vivida através de uma oferta de mim.

 

Foto: Arquivo Pessoal – Rafael Vitto

O caminho vocacional

Nesse momento peculiar, Deus foi colocando as pessoas certas para me apontarem o caminho. Isso foi fundamental, o auxílio de pessoas maduras na fé. Por meio dessas pessoas fui me engajando na casa de missão da Canção Nova, em Cuiabá, como acólito. Lá eu fui participando das missas, dos momentos oracionais e dos trabalhos próprios da missão. Certo dia, um dos meus amigos, que contribuía e me orientava na caminhada, me convidou para fazer o “Redão”, que é o primeiro encontro vocacional. Ele me dizia: “ meu amigo, eu olho para você e só vejo a Canção Nova”.

Diante da sede que havia dentro de mim, me lancei nessa experiência de descoberta do que era a Canção Nova e do que Deus queria para mim. Não Havia nenhuma certeza ali, nem mesmo um chamado extraordinário, simplesmente um desejo de me descobrir e um coração dócil as moções e vontades de Deus para mim.

No vocacional, que é uma experiência de no mínimo dois anos, fui me descobrindo e crescendo na vida de oração. Fui, também, descobrindo o que era a comunidade através da convivência com os membros e da vida cotidiana da missão. De modo particular, me aproximei muito do Padre Bruno, que foi me conduzindo e orientando em meio aos meus questionamentos e dúvidas sobre o carisma. Ele como sacerdote e membro foi fundamental para a descoberta do carisma em mim, não como um ideal mas como um apontador daquilo que também se tornaria meu modo de vida e missão.

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A busca pela vontade de Deus

Em meio a essas realidades me descobri Canção Nova, principalmente na oração e na experiência de escrever minha história de vida. Escrevendo, fui notando como Deus me conduzia ao carisma, como aquele modo de vida dizia de mim e da educação que meus pais me deram. Vi Deus me preparando para ser um Canção Nova.

Veja bem, no início não foi nada fácil, me sentia muito pequeno e confuso. Não me preocupava em ser do carisma, mas simplesmente saber o que Deus queria de mim. As dificuldades vieram por parte dos meus amigos e familiares que se espantaram e me rejeitaram. “ Você não é o Rafael que conhecemos”, era o que eu ouvia. Entretanto a maior dificuldade era comigo mesmo, afinal, eu não sabia rezar o terço, não tinha práticas de adoração, missa diária não tinha o costume, jejum então nem se fala. Trazia em mim muitas marcas de um passado pecaminoso que pesava e me fazia sentir indigno. Contudo, Deus foi me moldando e conquistando, derrubando os medos e me empurrando para a sua vontade. Eu só rezava e dizia: “ Eis-me aqui, tenho sede de ti”.

 

Rafael Vitto

Comunidade Canção Nova

 

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