A propósito de João Baptista, lemos em São Lucas: «Será grande diante do Senhor, e reconduzirá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus, e irá à frente, diante do Senhor, com o espírito e a força de Elias, a fim de proporcionar ao Senhor um povo com boas disposições» (1,15-17). A Quem proporcionou ele então um povo, e diante de que Senhor foi grande? Diante d’Aquele que disse que João era «mais que um profeta», e que disse ainda que, de «entre os nascidos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Baptista» (Mt 11,9.11). Porque João preparava um povo, ao anunciar antecipadamente aos companheiros de servidão a vinda do Senhor e ao pregar-lhes a penitência, para que, quando o Senhor viesse, todos estivessem em condições de receber o perdão, a fim de voltarem para junto d’Aquele para Quem, pelos pecados que cometeram, se tinham tornado estrangeiros. […]Sim, «na sua misericórdia», Deus visita-nos «como sol nascente; para iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte e dirigir os nossos passos no caminho da luz» (Lc 1, 78-79). Foi nestes termos que Zacarias, liberto do mutismo que tinha atraído na sua incredulidade, e cheio do Espírito novo, passou a bendizer a Deus de uma maneira nova. Porque a partir de então tudo era novo, porque o Verbo, por um processo novo, acabara de cumprir o desígnio da Sua vinda na carne, para que o homem, que se tinha afastado de Deus, fosse por Ele reintegrado na amizade de Deus. É por isso que este homem ensinava a honrar a Deus de uma maneira nova.
Comentário ao Evangelho de S. Lucas 1,57-66 feito por :
Santo Ireneu de Lyon (c.130 – c. 208), bispo, teólogo e mártir