O Reino de Deus é o valor supremo para o qual todo cristão caminha.

“O Reino dos Céus é como um tesouro escondido num campo. Alguém o encontra, deixa-o lá bem escondido e, cheio de alegria, vai vender todos os bens e compra aquele campo. O Reino dos Céus é também como um negociante que procura pérolas preciosas. Ao encontrar uma de grande valor, ele vai, vende todos os bens e compra aquela pérola” (Mt 13, 44-46)

O Senhor nos quer profundamente maduros na afetividade e também na sexualidade.

O jovem que não é maduro na sua afetividade e na sua sexualidade não conseguirá ter um relacionamento com Deus, viverá apenas na superficialidade: inclusive jovens que desejam se consagrar a Deus na vida religiosa, sacerdotal ou numa vida em comunidade, também precisam fazer um caminho na busca de sua cura.

Se não agirmos com muita cautela e não formos profundamente curados na nossa afetividade, poderá ocorrer uma série de problemas que envolverá também a vida de outras pessoas.

O Senhor precisa de homens e mulheres equilibrados e curados na sua afetividade. Não me refiro apenas aos jovens, mas às pessoas de todas as idades. Toda pessoa precisa ser curada para que possa dar frutos e para que os frutos permaneçam. Sabemos que para São Paulo não foi fácil conquistar a sua carreira de homem de Deus. É por isso que ele nos exorta:

“Eu vos digo, pois, e vos conjuro no Senhor, que não vos comporteis mais como se comportam os pagãos, por sua mentalidade fútil” (Ef 4,17)

Na comunidade de Éfeso o povo já prestava culto a Deus. Essa mesma comunidade começou a dar alguns problemas. Paulo nos exorta a retomarem uma vida casta. Foi preciso brigar com a comunidade para que reagissem e novamente retomassem a caminho.

“Eles têm a inteligência obscurecida e são alheios à vida de Deus, por causa da ignorância produzida neles pela dureza de seus corações. Com sua consciência embotada, entregaram-se à devassidão, praticando avidamente toda sorte de impureza. Sede, pois, imitadores de Deus como filhos queridos. Viver no mor, como Cristo também nos amou e se entregou a Deus por nós como oferenda e sacrifício de suave odor. A imoralidade sexual e qualquer espécie de impureza ou cobiça nem sequer sejam mencionadas entre vós, como convém a santos. Nada de palavrões ou conversas tolas, nem de piadas de mau gosto: são coisas inconvenientes; entregai-vos, antes, à ação de graças” (Ef 4,18-19.5,1-4)

Não podemos nos comportar dessa forma, com essa mentalidade, com esse tipo de comportamento. É preciso correr para alcançar a cura e sermos homens e mulheres maduros afetiva e sexualmente.

Se Paulo estava exortando aquela comunidade é porque ela já praticava tais coisas. Ele não queria que a sua comunidade caísse nesse pecado, e alertava  cada um deles a respeito do seu comportamento.

Nunca seremos totalmente curados sem o auxílio de Deus e sem a ajuda do Espirito Santo. Não conseguiremos ser homens sexualmente maduros.

O grande alvo do inimigo é a nossa afetividade; ele quer transformar a humanidade em pessoas descontroladas nessa área, fazendo-nos viver as carências nos nossos sentimentos e afetos, não podendo ter um relacionamento profundo com ninguém.

Precisamos construir um caminho para que a graça de Deus aconteça; especialmente aqueles que estão a serviço de Deus precisam estar atentos. Sabemos que o inimigo tenta, isto é inegável. Somos tentados, mas nem tudo provém da tentação; muitas vezes contribuímos com as nossas fragilidades e infelizmente, com a nossa imaturidade, acabamos inocentes úteis.

Busquei muito a cura da minha afetividade em todo o meu tempo de seminário. O meu maior receio era me tornar um sacerdote e não ter recebido a cura nessa área.

Dizia comigo mesmo: “Como posso aconselhar um penitente se eu cometo os mesmos pecados?…”

Dei o primeiro passo em busca da cura dos seus pensamentos e atitudes. Confessando os meus pecados, o padre me absolveu, tirando todo o peso que estava sobre mim por medo de pecar contra a castidade.

Durante os cincos anos em que vivi no seminário salesiano, tive oportunidade de ser acompanhado por psicólogos, inclusive pelo padre Guedes, que é um excelente psicólogo. Pude compreender melhor e conhecer tudo que envolvia a minha afetividade e sexualidade e dar passos seguros e concretos nos meus relacionamentos. Uma das coisas que mais me chamou a atenção naquele tempo foi voltar ao meu passado e poder encontrar raízes das sequelas vividas nesta área e,  uma vez encontradas, toquei na minha verdade e Deus pôde curá-las.

Graças a Deus não vivi experiências profundas na minha sexualidade, porém o que deixaram marcas que precisavam ser atingidas pela luz do Espirito Santo; principalmente no que diz respeito à masturbação, precisei  ter mais cautela.

“Que o pecado não reine mais em vosso corpo mortal, levando-vos a obedecer às suas paixões. Não ofereçais mais vossos membros ao pecado como armas de injustiça. Pelo contrário, oferecei-vos a Deus como pessoas que passaram de morte à vida, e ponde vossos membros a serviço de Deus, como armas da justiça. De fato, o pecado não vos dominará, visto que não estais sob a Lei, mas sob a graça” (Rm 6,12-14).

Quero também destacar uma experiência maravilhosa vivida na Comunidade Canção Nova. Por meio das nossas regras de vida – Partilha e Transparência – obtive um grande crescimento. Não foi fácil. Lembro-me de que, por meio do exercício de escrever a história de salvação pessoal e partilhar a minha verdade para os irmãos e irmãs, experimentei a minha maior libertação.

Veja: você também pode fazer este exercício, escrevendo a sua história. Não será facil, como não foi para mim, mas se você não tem com quem partilhar a sua história, o seu sagrado, que é a sua intimidade, partilhe com Jesus Sacramentado.

Como estou hoje?

Posso dizer que estou bem, não parei o meu processo de cura e crescimento nesta área. A masturbação, que anos atrás foi meu maior problema, hoje já a superei.

Assim como acontece comigo, determine-se e busque auxilio, e a sua vida espiritual com Deus crescerá em qualidade.

Na Comunidade Canção Nova, faz parte do nosso carisma uma regra de vida muito importante: homens e mulheres vivendo juntos em sadia convivência.

O que é sadia Convivência?

É viver com naturalidade e sinceridade os nossos relacionamentos. O termo “sadia” é antônimo de doente.

Hoje vivemos numa sociedade doente, marcada pela pornografia, pela malicia nos relacionamentos, pelas brincadeiras inconvenientes, e tudo conduz para o sensual. A Palavra de Deus nos diz: “Não vos conformeis com este mundo” (Rm12,2).

No viver de forma sadia, tudo isso precisa ser eliminado.

“A imoralidade sexual e qualquer espécie de impureza ou cobiça nem sequer sejam mencionadas entre vós, como convém a santos. Nada de palavrões ou conversas tolas, nem piadas de mau gosto: são coisas inconvenientes; entregai-vos, antes, à ação de graças. Pois, ficai bem certos: nenhum libertino ou impuro ou ganancioso – que é idolatra – tem herança no reino de Cristo e de Deus” (Ef 5,3-5).

Tenho a graça de relacionar-me bem com minhas irmãs e irmãos de comunidade. Tem sido  para mim um motivo de realização pessoal, pois eu era uma pessoa tímida, introvertida, mas a nossa sadia convivência me curou também no meu temperamento e na minha forma de lidar com as pessoas.

Hoje aconselho muitos jovens e também luto com eles na busca da cura dos seus afetos. Uma coisa está ligada à outra, não podendo, portanto separar o afetivo do sexual, sabendo que em Deus buscamos o equilíbrio.

A comunidade nos ajuda a buscar a santidade, ela nos impulsiona a sermos santos. Se você busca  propósitos, ressurge  no coração o desejo de corresponder, buscando uma vida integra e equilibrada.

O Senhor  quer ajudar você, mas ajude o Senhor.

“Filho, pecastes? Não tornes a fazê-lo; e suplica pelas faltas passadas, para que te sejam perdoadas. Foge dos pecados como de uma cobra: se deles te aproximares, te morderão” (Eclo 21,1-2)

Há pessoas que, com boa intenção de ajudar o outro, começam a se aproximar sem conhecer as suas fragilidades; o resultado, no entanto, pode ser desastroso, porque em vez de ajudar acabam provocando sentimentos que prejudicam a vida do outro. É maravilhoso percebermos esta preocupação de São Pedro:

“Vociferando discursos pomposos e vazios, aliciam nas paixões carnais e na libertinagem aqueles que há pouco escaparam dos que vivem no erro. Prometem-lhes a liberdade, enquanto eles mesmos continuam escravos da corrupção. Pois cada um é escravo de quem o domina” (2Pd 2,18-19).

Dom Bosco dizia que para salvar os jovens ele iria até as ultimas consequências, mas era preciso ser prudente.

Há confusão quando não há maturidade.

Temos um modelo na nossa comunidade: Padre Jonas Abib, que atingiu a maturidade na sexualidade. Assim como Paulo diz as comunidades: “Sede meus imitadores”, o meu fundador também diz: “Sejam meus imitadores, meus filhos”.

Mas é preciso construir um caminho de luta, de sacrifício, de esforço, dedicação e zelo.

Porém, se você busca a castidade mas não consegue se desvencilhar dos filmes pornográficos e das seções de piadas, como ser curado?

A Igreja nos ensina que o diabo não entra na nossa vontade, ele apenas age de acordo com as sensações, os impulsos; ele percebe que houve uma brecha naquele determinado lugar e entra.

Dentro de você precisa haver  uma disposição interior para que possa fechar todas as brechas.

Somente conseguiremos ser homens e mulheres profundamente curados na nossa afetividade e sexualidade pelo poder do Espirito Santo. A cada dia peçamos esta graça para que sejamos homens curados plenos do amor de Deus.

Vinde Espirito Santo, enchei os corações dos Vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso Amor. Enviai Vosso Espirito e tudo será criado e renovareis a face da Terra.

Oremos: Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espirito Santo, fazei  que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espirito e gozemos sempre  de sua consolação. Por Cristo, Senhor nosso. Amém.

Agora, reza comigo:

Pai Santo, Pai justo, me coloco na tua presença apresentando toda a minha humanidade.

Quero primeiramente agradecer-Te, porque sou “gente” e pelo batismo Tu me fizestes filho. Obrigado, Senhor!

Quero bendizer-te pela minha afetividade, que hoje reconheço como dom. Sim, eu sou templo do Espirito Santo.

E olhando para aquilo que sou, só posso “engrandecer-Te pela maravilha que sou”. Sou obra-prima em Tuas mãos.

Quero agradecer-Te até pelas dificuldades vividas na minha afetividade, que agora podem ser transformadas pelo poder do Teu Espirito Santo. Sim, hoje posso dizer como São Paulo: “Onde abundou o pecado, neste momento superabunda à graça”.

Quero também agradecer-te pela minha sexualidade, que hoje compreendo que é um instrumento de benção. Sim, agradeço, porque sou perfeito. Quero a partir de agora canalizar tudo o que sou para o louvor de Tua glória.

Reconheço diante de ti que a minha afetividade e sexualidade são presentes Teus em minha vida.

Obrigado, Senhor!

Com minha benção!
Padre Edimilson Lopes – Missionário da Comunidade Canção Nova.

(Retirado do Livro: A Cura da nossa Afetividade e Sexualidade – Comunidade Canção Nova)