Vendo que o dia se punha, os apóstolos do Redentor apressaram-se a ir ao Seu encontro, exclamando:
«Mestre, a hora já é avançada, e toda esta gente está consumida pelo jejum ; ora, este sítio é deserto, como sabes. Manda-os embora antes que chegue a noite, para que possam ir às aldeias comprar pão. Pois esta gente não é capaz de jejuar como nós, a quem Tu deste a força porque és o pão celeste da imortalidade.
Tu és, por natureza, o grande Salvador do mundo, e a todos ensinaste o conhecimento; alimentando o povo com palavras de verdade, guiaste os homens para o caminho da salvação, dando-lhes a conhecer a justiça. Eles alimentaram espiritualmente a alma, mas agora precisam de cuidar do corpo. […] Manda-os embora, pois estamos muito preocupados. […] Ensinaste os Teus discípulos e apóstolos a ter compaixão por todos, porque Tu és o pão celeste da imortalidade […].»
Cristo ouviu estas palavras, e respondeu:
«Enganais-vos, não sabendo que Eu sou o Criador do mundo. Mas Eu velo pelo mundo; sei muito bem do que esta gente precisa, vejo que estão no deserto e que o sol já se pôs, mas fui Eu Quem fixou o ciclo do sol. Sei o que é a exaustão desta gente e sei o que vou fazer por ela. Eu próprio serei remédio para esta fome, porque sou o pão celeste da imortalidade […].
Estais a pensar: «Quem alimentará esta multidão no deserto?» Pois bem, sabei claramente quem Eu sou, amigos: fui Eu Quem alimentou Israel no deserto e Quem lhe deu pão vindo do céu. Num lugar árido, fiz que da rocha jorrasse água, e ainda lhes providenciei codornizes em abundância, porque Eu sou o pão celeste da imortalidade […].»
Do mesmo modo, multiplica também em todos nós, ó Salvador, as tuas imensas misericórdias e, tal como saciaste a multidão no deserto com a Tua sabedoria e a alimentaste com a Tua força, sacia-nos a todos de justiça, tornando-nos firmes na fé, Senhor. Alimenta-nos, ó Deus compassivo; dá-nos a Tua graça e o perdão pelos nossos erros […], pois Tu és o Cristo único, o Misericordioso, pão celeste da imortalidade.
Segunda-feira, 03 de agosto de 2009
Comentário ao Evangelho de Mt 14,13-21 feito por
São Romano, o Melodista (? – c. 560), compositor de hinos
Hino 24, «A multiplicação dos pães » (a partir da trad. SC 114, pp. 117ss.)