Que responderás ao soberano juiz, tu que vestes as tuas paredes e não vestes o teu semelhante? Tu que enfeitas os teus cavalos e não tens um único olhar para o teu irmão que está na miséria? […] Tu que escondes o teu ouro e não vens em auxílio do oprimido? […]
Diz-me, o que é que te pertence? De quem recebeste tudo aquilo que acumulas ao longo desta vida? […] Não saíste nu do ventre da tua mãe? E não voltas à terra igualmente nu? (Jb 1, 21) De quem recebeste os teus bens presentes? Se responderes «do acaso», és um ímpio que se recusa a conhecer o seu criador e a agradecer ao seu benfeitor. Se concordares que foi de Deus, diz-me por que razão os recebeste.
Será Deus injusto ao repartir desigualmente os bens necessários à vida? Porque vives tu na abundância e aquele na miséria? Não será unicamente para que um dia recebas a recompensa pela tua bondade e gestão desinteressada, enquanto o pobre obterá a coroa prometida à paciência? […] Ao esfomeado pertence o pão que tu guardas; ao homem despido o manto que tens nos teus cofres. […] Deste modo, cometes tantas injustiças quantas as pessoas que poderias ajudar.
Quinta-feira da 2ª da Quaresma : Lc 16,19-31
Comentário ao Evangelho do dia feito por
São Basílio (c. 330-379), monge e bispo de Cesareia na Capadócia, Doutor da Igreja
Homilia 6 contra a riqueza; PG 31, 275-278