Quando acontece um grande evento em nossa sociedade, pergunta-se sempre qual será o legado. Isto não é coisa apenas deste momento. Conversando com pessoas que acompanharam o grande evento acontecido em 1955, o Congresso Eucarístico Internacional do Rio de Janeiro, elas lembram da fala de Dom Helder, que, pensando no que poderia ser deixado de legado para a cidade do Rio, teve a sublime ideia de criar um organismo que pudesse ser o apoio para tantos abandonados de nossa cidade. Levou a eles a esperança num futuro melhor. Nasceu o conhecido Banco da Providência, que há 50 anos vem sendo lugar de atendimento para os mais pobres de nossa cidade. Num trabalho extraordinário de acolhimento e promoção humana, tem dado, ao longo de todos estes anos, oportunidade de formação para o mundo do trabalho e geração de renda a uma multidão de pessoas.
E, breve, daqui a pouco mais de um ano, teremos outro evento de enormes proporções, como já se viu onde ele aconteceu em anos anteriores. Falo da Jornada Mundial da Juventude, que onde ela tem sido realizada congrega milhões de jovens. E qual será o legado?
Hoje em dia, uma praga ataca o coração de nossa juventude, colocando-a em situação de risco permanente. O mundo das drogas que a envolve diretamente no consumo e no tráfico. E por meio dela a todos os que convivem em seus diversos ambientes: as famílias dos dependentes químicos, bem como outros estudantes, professores, catequistas, profissionais da área de educação e saúde.
No Brasil, em 2005, o número de consumidores chegou a 2,6% da população. A estimativa é que mais de 1,2 milhão de pessoas sejam usuárias de crack no país. A média de idade do início do uso é de 13 anos (Ministério da Saúde, 2010/2011- www.portal.saude.gov.br).
A partir desta realidade, a Jornada Mundial da Juventude quer deixar um legado social que abrangerá três dimensões. Primeiro, um trabalho de prevenção atuando em todos os ambientes; segundo, uma rede de entidades, envolvendo as organizações da sociedade civil, que possa ser facilmente acessada como apoio aos que se envolvem no uso de drogas e seus familiares; e, terceiro, o fortalecimento e/ou criação de centros que possam acolher aqueles que precisarem de imediato atendimento.
São tantas as famílias e jovens que precisam de socorro e não sabem a quem recorrer. Segundo o Documento de Aparecida, “o problema da droga é como mancha de óleo que invade tudo. Não reconhece fronteiras, nem geográficas, nem humanas. Ataca igualmente países ricos e pobres, crianças, jovens, adultos e idosos, homens e mulheres. A Igreja não pode permanecer indiferente diante desse flagelo que está destruindo a humanidade, especialmente as novas gerações” (DA nº 422). Precisamos ser para eles, jovens e familiares, farol da esperança. Este será o nosso desafio e o nosso legado.
Cônego Manuel Manangão
Diretor Executivo do Setor Legado Social da JMJ RIO2013
Fonte e Foto: Site JMJ Rio2013