Sexta-Feira Santa – A Paixão de Cristo

Sexta-Feira Santa – A Paixão de Cristo

Contemplemos Jesus em sua agonia, Jesus abandonado. Nem mesmo aqueles que caminharam com Ele, aqueles que em vez de servos, Jesus chamava de amigos, nem mesmo eles, aos quais Jesus havia acabado dizer na Santa Ceia que daria a vida por eles. Nem mesmo eles foram capazes de permanecer com Jesus, de sustentá-Lo, consolá-Lo na Sua agonia.

Mas ainda assim, Jesus não desistiu deles, não desistiu e não desiste de nós. Mesmo com medo, mesmo sentindo-se abandonado, declara a Deus que aceitava fazer a vontade Dele. Por amor ao Pai, por amor a cada um de nós. Ele não quer nos perder, Ele nos amou e ama.

Fiquemos com Jesus, unidos a Ele para que desta maneira continuemos a Sua missão, vivendo Nele, de acordo com a vontade Dele, vigilantes nas nossas atitudes, naquilo que irá agradá-Lo, na vida de oração e de intimidade com Ele que nos sustentará a viver o que Ele nos pede para assim anunciarmos a Sua salvação à humanidade.

Jesus é beijado por Judas. Eis o sinal da traição, combinado para saberem quem deveria ser o Cristo que deveria ser preso.

Quanta frieza, dureza de coração, incredulidade, ambição e cegueira de Judas.

Quantas vezes, com nossas atitudes, agimos com Judas e traímos Jesus, não vivendo de acordo com Seus ensinamentos, mas segundo os nossos desejos próprios, sem fé nas nossas dificuldades, sem amor algum a Ele?

Quanto desespero de Pedro na tentativa de livrar Jesus das mãos dos soldados. Pobre Pedro que não compreendeu que a Lei de Cristo não é do “Olho por olho, dente por dente”, mas é a Lei do Amor e da Misericórdia.

Jesus mostra isto a ele, a todos que ali estavam e também a cada um de nós, quando em meio a toda a violência que sofria restitui a orelha do servo do sumo sacerdote.

Quantas vezes praticamos o mal por sede de justiça, não perdoamos, mas condenamos aqueles que nos perseguem, que são injustos conosco, não agimos com o mesmo amor e misericórdia que Jesus nos ensinou, com que age para conosco nas nossas fraquezas e nos pede para viver com os outros?

Jesus é insultado, caluniado, zombado por Caifás, pelos escribas e anciãos do povo e permanece no silêncio, sem defender-se nas acusações, mas responde ao ser perguntado se era Filho de Deus e diante de tais perguntas, Ele não se cala, mas responde assumindo aquilo que Ele é, quando então é espancado pelos que ali estavam. Mas Jesus não teve medo de assumir que é Filho de Deus. Não teve medo das consequências. Não buscou defender-se, mas assumiu que Deus é Seu Pai, que veio de Deus.

Pedro nega Jesus. Logo Pedro que não queria que Jesus sofresse, que disse que daria a vida por Ele, que se achava indigno de ter seus pés lavados por Jesus e que tentou salvar Jesus quando estava sendo levado pelos soldados.

Somos como Pedro quando gritamos ao mundo que amamos a Cristo, que seguimos e servimos a Ele, mas nas provas da vida, nas contrariedades que surgem, nos desesperamos. Somos como ele, quando diante dos prazeres que o mundo nos oferece, optamos por vivê-los em vez de viver de maneira santa e agradável a Deus.

Mais uma vez Jesus diante de Pilatos, não responde as acusações que Lhe fazem, nas responde as perguntas sobre o que Ele é, ou seja, Jesus não nega o que é, não nega a Deus, não nega a Si mesmo.

E nós muitas vezes, diante do mundo, damos mil desculpas, mil justificativas e não assumimos que somos Filhos de Deus, não vivemos do modo que devemos viver por medo das críticas, das cobranças, da zombaria e das dúvidas dos homens.

Jesus é lançado à sorte, pois é o povo que escolhe quem deve ser solto. Conquistado pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos, o povo escolhe a Barrabás e não a Cristo.

Quantos de nós, em vez de seguirmos a Cristo, seguimos o que o mundo com as suas seduções nos oferece, escolhemos não amar a Cristo com a nossa vida, mas ofendê-Lo numa vida de pecado que só nos afasta Dele e nos faz perder a salvação que Ele nos deu?

Pilatos lava as mãos diante da escolha do povo.

Reflitamos sobre isto, pois nos igualamos a Pilatos quando diante daquilo que ouvimos contra Cristo, contra a Igreja de Cristo, nos calamos. Quando deixamos de viver o que é certo, por receio do que as pessoas poderão dizer ou fazer a nós. Quando não cremos em Cristo. Quando não temos amor a Ele.

Contemplemos agora Jesus que é flagelado e não é uma flagelação qualquer, mas Jesus tem sua carne dilacerada, arrancada do corpo pelos instrumentos que utilizavam. Seu sangue santo foi derramado naquele lugar e aspergido sobre os que Nele batiam e zombavam Dele.

Jesus se deixa apanhar, se faz forte e permanece firme diante de tamanha tortura, pois está decidido a não nos perder, está decidido a nos salvar, nos quer no Paraíso criado para nós. Nos quer lá com Ele, com o Pai e com o Espírito Santo.

Jesus é coroado com uma coroa de espinhos que colocam em Sua cabeça e que perfuram profundamente.

E ainda batiam em sua cabeça com uma vara, fazendo com que esses espinhos perfurassem mais ainda a sua cabeça.

Deus podia ter cessado tudo ali. Mas não, Deus mesmo sustentava Jesus e pelo sofrimento Dele nos ama, nos salva.

Colocam a Cruz sobre os ombros de Jesus. Segue o Nosso Senhor, até o Monte Calvário, carregando Sua Cruz. No percurso, Jesus é zombado, é cuspido, chicoteado, cai por três vezes, mas se levanta e segue carregando Sua Cruz.

Deus não abandona Seu Filho. Jesus é consolado por Verônica, pelas mulheres de Jerusalém, por Sua Mãe e por Cirineu que Lhe ajuda a carregar a Cruz.

Quem nós queremos ser para Jesus? Os que zombam Dele, que Lhe maltratam ou aqueles que querem consolá-Lo com uma vida de santidade e de fidelidade a Ele? Quem nós já somos para Jesus?

Crucificado ainda é desacreditado e escarnecido, mas perdoa um dos ladrões crucificados com Ele, prometendo-lhe que estaria com Ele naquele dia mesmo no Paraíso. Pede ao Pai que perdoasse aqueles que ali escarneciam e duvidavam Dele.

Jesus tem com Ele, Sua Mãe, João e Maria Madalena, que permaneceram com Ele, a todo tempo, aos pés da Cruz, confiando Nele, confiando em Deus e nas promessas Dele.

De que modo queremos ficar? Queremos ficar aos pés da Cruz zombando, duvidando de Cristo, escarnecendo Dele? Pois é isso o que fazemos quando vivemos nesse calvário que é o mundo, vivendo de maneira contrária ao que Ele nos pede. Ou queremos, como Maria, Mãe de Jesus, João e Maria Madalena, permanecermos com Ele, crendo Nele e vivendo aquilo que Ele deseja de nós?

Jesus tem sede, tem sede de nós, de nossas vidas, de que nós vivamos com Ele.

Como estamos saciando a sede de Jesus? Saciamos com uma vida santa ou damos a Ele o fel amargo de uma vida mergulhada no pecado.

Jesus entrega Seu Espírito ao Pai e morrendo na Cruz, tem Seu peito traspassado por uma lança e de Seu coração jorra sangue e água. Já não tendo mais sangue, jorra água, ou seja, Jesus se dá todo, se dá por inteiro e livremente por amos a nós.

Não tenhamos medo de nos achegar a Ele, pois tudo foi por amor e Ele só pede de nós, arrependimento, confiança Nele, mudança de vida.

Ele espera por nós, Ele nos chama à conversão, Ele nos deseja, nos quer junto Dele. Se Ele sofreu tudo isso por nós, não é o nosso pecado que nos impedirá de nos achegarmos a Ele, pois à medida que Dele nos aproximarmos reconhecendo nossos pecados como aquele bom ladrão, pedirmos perdão a Ele e permanecermos Nele, Ele mesmo nos ajudará a viver conforme a Sua vontade e teremos a salvação que já foi alcançada para nós.

É um amor grande demais e que até nos constrange, difícil de compreender e de explicar. Isto só será possível a partir de uma experiência com Ele, mas para experimentar, é preciso se aproximar sem medo, buscar conhecê-Lo, buscar intimidade, amizade com Ele e, a partir de então, será possível compreender que ninguém nos ama como Ele e, verdadeiramente crer Nele e viver com Ele, como Ele tanto desejou e deseja que vivamos.

Fonte:

Evangelho de Mateus 26, 36-75. 27, 1-56